No último texto, falamos que o primeiro revestimento a ser colocado nas ruas do centro da cidade era de pedras medianas irregulares e ligeiramente arredondadas. Em meados do século XX, na gestão do doutor Costa Pinto, ocorreu a substituição desse calçamento por paralelepípedos de granito. Nos anos 70 e início dos 80, algumas ruas do entorno do centro também foram calçadas com esse tipo de pavimento. É também da década de 70, especialmente nos dois mandatos de Ocacyr Alves, a colocação de bloquetes no entorno da igreja Matriz e na parte central, o que se mantém até hoje. No presente texto, abordaremos os outros dois tipos de pavimentos existentes: as pedras miúdas e o asfalto.
Com o crescimento da cidade e a necessidade de pavimentação das ruas, na administração de Gilberto Pinto, em meados dos anos 80, a prefeitura começa a utilizar as pedras miúdas (quebradas). Essas são feitas a partir da quebra de matacões (grandes blocos de rocha) de gnaisse, a rocha mais comum no município. As principais áreas de extração eram: Picada e Viegas (estrada para Coroas), Papagaio (estrada para São Tiago) e Morro do Mané Chico (Catimbau). O processo era simples: retirava o solo ao redor dos matacões, deslocava-os e daí fazia-se a quebra dos mesmos com uso de marretas.
O principal motivo para se utilizar esse material é o baixo custo, além da facilidade de extração, transporte e assentamento. No entanto, existem alguns inconvenientes: a irregularidade das arestas dessas pedras, quando não bem assentadas, gera um calçamento não contínuo, o que provoca uma certa trepidação nos veículos, e o crescimento de vegetação rasteira nos inúmeros espaços entre as mesmas. Nesse sentido, a capina ou o uso de herbicida devem ser periódicos. As vantagens são a infiltração e o escoamento lento da água da chuva, além do fato de que as reformas não deixam modificações significativas, desde que bem executadas a compactação e a recolocação. Isso vale também para o bloquete e o paralelepípedo.
Cronologicamente, as avenidas Alfredo Penido e Ministro Gabriel Passos foram as primeiras a serem asfaltadas, serviço realizado pela empresa que construiu a rodovia LMG-839, inaugurada em 1981. Mas foi na primeira década do século XXI, no terceiro mandato de Gilberto Pinto, que o pavimento asfáltico foi incorporado à estética da cidade, sendo atualmente o mais utilizado. Desde então, vários calçamentos de paralelepípedos e de pedras miúdas foram encobertos com esse material, sendo as primeiras ruas no bairro Nova Resende e a Moreira da Rocha.
Após pouco mais de duas décadas da utilização do asfalto na cidade, podemos fazer algumas reflexões. O recobrimento das pedras miúdas foi benéfico sobre o ponto de vista da melhoria da trafegabilidade e do não crescimento de vegetação rasteira. No entanto, há necessidade de sempre se fazer reparos nos buracos que surgem, especialmente pela ação da água da chuva. Acrescenta-se ainda que os cortes e os remendos (tapa-buraco) deformam muito esse tipo de pavimento.
Infelizmente, aconteceram dois erros crassos na cidade: o asfalto foi colocado em várias ruas antes de a Copasa fazer a instalação da rede de esgoto e, após a instalação da mesma, não se recolocaram as pedras. Assim, há bases e compactações diferentes (pedras e terra) no mesmo local, o que provoca deformações visíveis e recorrentes. Acrescenta-se ainda que a camada asfáltica colocada é fina, o que contribui para diminuir a sua vida útil.
O asfalto é recomendado para vias de tráfego intenso, como rodovias e avenidas. Em Resende Costa, foi construída recentemente a Avenida Tiradentes, visando desafogar o trânsito da Alfredo Penido. O seu pavimento asfáltico está visivelmente comprometido, provavelmente por problemas estruturais na base. Para se construir em área de solo mole (solo encharcado), como é o caso, é preciso fazer corretamente as estruturas internas de drenagem. Como o asfalto é um pavimento que precisa de uma base rígida e estável, o que parece não haver no local, as deformações e as manutenções serão permanentes.
Por fim, percebemos que não há uma continuidade estética nos calçamentos da cidade. E como Resende Costa está numa região turística e o artesanato é o motor econômico da cidade, a parte estética e ambiental das ruas e passeios deveria ser levada em consideração quando da execução de obras públicas.