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Como o Geoturismo pode contribuir para a conservação das lajes

09 de Julho de 2013, por Instituto Rio Santo Antônio

Parte do que restou do antigo medidor pluviométrico é apenas um dos elementos que poluem as Lajes da Matriz (Foto Emanuelle Ribeiro)

O geoturismo surgiu como um segmento turístico direcionado ao entendimento e contemplação de aspectos naturais, tais como o patrimônio geológico, geomorfológico, paleontológico etc. Diferentemente do ecoturismo, o geoturismo atribui ao turismo não só um caráter de contemplação, mas também um caráter educativo. Ele incentiva as pessoas a se interessarem por questões como a formação do planeta e a gênese das formas de relevo, por exemplo.

Resende Costa foi erguida sobre um grande bloco de granito. Em alguns locais, a rocha fica exposta, exibindo grande beleza, o que, consequentemente, aumenta o potencial turístico de nossa cidade. Essas áreas de afloramento são as famosas lajes. Na mais visitada delas, a laje de cima, é visível uma associação entre os elementos naturais e culturais da cidade. Bem ao lado do aforamento, situam-se a igreja Matriz e o prédio histórico onde funciona a Câmara Municipal. Pode-se dizer que as lajes têm um elevado valor ecológico, científico e cultural. As lajes devem ser vistas como um patrimônio com grandes potencialidades turísticas. Tais potencialidades podem ajudar, inclusive, na sua conservação, da mesma forma que a preservação do patrimônio favorece o aumento do fluxo de turistas no local. É uma via de mão dupla.

 Ações geoturísticas nas lajes poderiam ajudar a conscientizar os visitantes e os moradores da cidade sobre a importância de se conservar o local. Um número cada vez maior de turistas tem o interesse de entender melhor aquilo que visitam. Eles não querem apenas admirar a paisagem, mas também compreendê-la. Dessa forma, a promoção do geoturismo nas lajes permitiria que os visitantes não só contemplassem a paisagem, mas que adquirissem, também, um entendimento básico sobre a história do local. A visita passaria a ter caráter educativo.

Os minerais, as rochas, o relevo e as paisagens atuais são o produto e o registro da evolução do planeta ao longo do tempo. Através da percepção da complexidade e do tempo que a natureza leva para construir a paisagem que hoje é habitada, podemos convencer as pessoas da necessidade de se conservar a natureza. Permitir que o visitante não só contemple a vista das lajes, mas entenda um pouco a respeito dos processos geológicos responsáveis pela sua formação, levaria a uma maior valorização do local. Uma ação interessante seria a criação de um banner a ser instalado nas lajes, onde haveria informações descritivas da rocha, como nome, idade de formação, tipo de rocha, como ocorreu a evolução do relevo, porque Resende Costa foi construída naquele local e tantas outras informações que enriqueceriam a visita ao local. A criação deste banner, inclusive, está sendo estudada pelo IRIS.  

Convém destacar que esse banner seria apenas uma ação dentre várias outras que poderiam ser feitas com o intuito de valorizar e conservar as lajes. O local pede por limpeza constante, por melhor iluminação, pela retirada de estruturas que tiram sua beleza, como a base do pluviômetro que ali se encontrava e a tão polêmica caixa d’água. É importante, também, o esforço constante para conscientizar os visitantes do local para que não joguem lixo, não acendam fogueiras, enfim, que não tenham atitudes que depredem e tirem a beleza da rocha. Essas são algumas estratégias que podem melhorar a gestão desse patrimônio natural.  Medidas dessa natureza, aliadas a uma política consistente de turismo, podem contribuir não só para a preservação das lajes, mas também ampliar o potencial turístico da área, trazendo inúmeros benefícios à cidade.

As lajes são apenas um exemplo. O turismo rural, por exemplo, que já possui iniciativas em Resende Costa, pode ganhar fôlego com o geoturismo. Uma cidade que tem como principal distribuidor de renda o turismo, deve explorar todos os seguimentos turísticos da melhor forma possível. O geoturismo estimula práticas sustentáveis e conscientiza os turistas para que não pratiquem um turismo predatório. Resende Costa pode ganhar muito com o geoturismo. Mãos à obra! 

 

Ramon Chaves

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