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Coronavírus: menos poluentes na atmosfera

26 de Marco de 2020, por Instituto Rio Santo Antônio

João Victor Rodrigues Alves Silva*

Adriano Valério Resende**

Nos últimos meses, a humanidade tem enfrentado novamente uma grave crise. A questão agora é epidemiológica, com reflexos severos na economia, na rotina das pessoas e também no meio ambiente. Ela teve origem na China, em dezembro de 2019, e é provocada por uma doença, a “Covid-19”, popularmente conhecida como coronavírus. O “SARS-CoV-2”, agente causador da doença, já se espalhou por praticamente todos os países, configurando assim uma pandemia, já declarado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) desde o dia 10 de março de 2020.

Já tivemos exemplos na história de outras pandemias causadas por vírus: Gripe Russa (1889-1990), Gripe Espanhola (1918-1919), Gripe Asiática (1957-1958), Gripe de Hong Kong (1968-1969), Gripe Aviária (1997-2004) e Gripe Suína (2009-2010). O coronavírus está sendo comparado à Gripe Espanhola, que matou algo próximo a 100 milhões de pessoas no mundo todo. Na época, no Brasil, até o presidente eleito Rodrigues Alves faleceu por causa da moléstia.

Os impactos na economia e na vida das pessoas já estão sendo devastadores, no entanto, do outro lado da moeda, sob o ponto de vista ambiental, a pandemia tem sido positiva. A crise diminuiu o consumo de recursos naturais e a emissão de gases poluentes na atmosfera de nosso planeta. Isso tudo porque uma série de atividades extrativas e industriais foi suspensa ou teve sua produtividade diminuída. Dentre as principais atividades afetadas podemos destacar o consumo de combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão mineral.

As fontes de energia, que são recursos naturais utilizados pela sociedade para produção de algum tipo de energia, podem ser classificadas em renováveis, que não se esgotarão na natureza, e não renováveis. Podemos citar como exemplo das primeiras: a hidrelétrica (energia liberada por uma queda d’água), eólica (obtida através dos ventos), solar (captada pelo aquecimento de placas específicas), biomassa (material orgânico), energia das marés (fornecida através da instalação de uma estação que aproveita a energia das correntes marítimas), carvão vegetal (originado pelo cozimento de madeiras como o eucalipto), entre outras. Algumas dessas fontes de energia são chamadas de limpas, por serem geradas praticamente sem poluição. As fontes não renováveis (como petróleo, gás natural, carvão mineral, xisto betuminoso e energia nuclear) são as mais utilizadas pelas indústrias e também as mais poluidoras. Para entendermos melhor a questão, os combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural) fornecem cerca de 80% da energia consumida no mundo. No Brasil, que é uma exceção, eles representam em torno de 45% de toda a energia consumida.

Os combustíveis fósseis são utilizados principalmente nos sistemas de transporte, na produção industrial e na geração de termeletricidade. A queima desse tipo de combustível gera gases altamente poluentes, com indesejáveis consequências para a saúde, além de acentuar o efeito estufa e causar outros sérios problemas ambientais, como as chuvas ácidas e a intensificação das ilhas de calor. Os maiores consumidores de combustíveis fósseis são justamente os países mais afetados pelo vírus: Estados Unidos, China, Japão, Índia e Europa Ocidental.

Devido à pandemia, a China, que é uma grande potência industrial junto com os Estados Unidos, diminuiu cerca de 25% de emissão de gases poluentes, desde que o coronavírus começou a se espalhar pelo país. Segundo analistas britânicos, o consumo de petróleo e de carvão no mundo já diminuiu muito, por volta de 36%, principalmente por causa da desaceleração da economia chinesa. Nesse sentido, houve redução de gases poluentes na atmosfera, principalmente monóxido e dióxido de carbono (CO2), dióxido de enxofre (SO2), dióxido de azoto (NO2), metano (CH4) e clorofluorcarbono (CFC).

Por fim, a crise tem trazido grandes impactos, tanto sanitários quanto econômicos, mas tem também diminuído a emissão de gases danosos ao nosso planeta. Ficamos com um pensamento postado nas redes sociais: “Não sei se é o melhor momento para dizer isto, mas a natureza é mágica porque ela mesma está se limpando do mal que lhe fizemos. Estamos vivendo algo histórico: o ano em que a Terra sozinha forçou o mundo a parar.”

 *Aluno do Curso Técnico de Meio Ambiente – CEFET/MG

**Professor - CEFET/MG

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