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Esgotamento sanitário em Resende Costa (parte I)

17 de Outubro de 2015, por Instituto Rio Santo Antônio

Adriano Valério de Resende

 

Certamente você já deve ter ouvido falar em saneamento básico, nas campanhas políticas esse tema é recorrente. Segundo a Lei Federal nº 11.445 de 2007, a chamada Lei do Saneamento Básico, esse é um conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais que envolvem: abastecimento de água potável; esgotamento sanitário; limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos (lixo); drenagem e manejo das águas pluviais urbanas (águas das chuvas). Vamos nos ater ao item esgotamento sanitário, que é constituído pela coleta, transporte, tratamento e disposição final adequada dos esgotos sanitários, desde as ligações nas residências até o seu lançamento final no meio ambiente. Esgoto sanitário é, principalmente, o despejo líquido constituído de esgotos doméstico e industrial. Assim, as águas residuárias provenientes das pias das cozinhas, dos tanques de lavagem de roupas e dos banheiros (chuveiros, pias e vasos sanitários) são o que comumente se chama esgoto doméstico.

E quem é responsável por organizar, regular, fiscalizar e prestar os serviços de saneamento básico? Esses serviços são públicos, ou seja, de responsabilidade dos três entes federados: Prefeituras, Estados e União. Destaca-se que esses serviços podem ser delegados a um terceiro, isto é, a uma empresa. Por exemplo, o abastecimento de água potável é geralmente repassado à COPASA, como em Resende Costa. Ou, no caso de São João del-Rei, a Prefeitura presta o serviço através de uma autarquia, o DAMAE – Departamento Autônomo Municipal de Água e Esgoto. Cabe ressaltar que, segundo a lei, não constitui serviço público a ação de saneamento executada por meio de soluções individuais, desde que o usuário não dependa de terceiros para operar os serviços. Em outras palavras, a captação particular de água e a geração de esgoto nas residências são de responsabilidade do morador, a menos que haja uma rede pública. Assim, a responsabilidade pela coleta e tratamento do esgoto doméstico é de quem construiu a rede, seja a Prefeitura ou a COPASA.

O problema realmente começa quando se fala em esgotamento sanitário, o “patinho feio” da história. Captar, tratar e distribuir água pura é relativamente fácil (e gera muito dinheiro), mas coletar a água residuária e voltá-la limpa para os córregos é uma tarefa difícil e cara. Ainda mais em cidades como a nossa, onde a geografia é um ponto negativo.

Todos nós sabemos que o centro de Resende Costa foi edificado em cima de uma gigantesca pedra de granito que aflora (a rocha fica visível à superfície) em três pontos, as chamada Lajes. Se olharmos pelo lado estético é maravilhoso, a cidade fica visível à longa distância, especialmente à noite, e as Lajes são potenciais turísticos invejáveis. Para distribuir água potável também é vantajoso, bombeia-se para um ponto mais alto e daí a água segue morro abaixo por gravidade até os moradores. Agora, pensando no processo de coleta e tratamento do esgoto, a situação se complica.

 

Vamos então aos pontos mais importantes. Não há curso d’água que corte a cidade, como geralmente acontece em outros lugares, e que sirva como escoamento dos esgotos sanitários. Este curso d’água seria o ponto mais baixo da cidade e em suas margens poderia ser instalada uma ETE – Estação de Tratamento de Esgoto. É fato que Resende Costa possui várias fontes (nascentes) em seu entorno. O que era uma solução para a questão da obtenção de água potável se tornou um problema com o crescimento da cidade e o aumento na geração de esgoto, isto é, essas fontes se tornaram local de lançamento de grande parte das águas residuárias geradas pelos moradores. Entendendo melhor, como o esgoto é lançado em vários pontos baixos no entorno da cidade, este tem que ser coletado e passar por estruturas chamadas de elevatórias, que são tanques que armazenam temporariamente e bombeiam o efluente para a ETE. Resende Costa precisará de cinco a sete elevatórias. Recentemente, mediante o convênio celebrado entre a COPASA e a Prefeitura, já foram construídas duas elevatórias, nos bairros Bela Vista e Nova Resende. No entanto, essas elevatórias ainda não estão em funcionamento, uma vez que dependem da finalização da ETE construída no bairro Belo Vista, à jusante da captação de água no córrego Tijuco. (continua)

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