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Esgotamento sanitário em Resende Costa (parte II)

19 de Novembro de 2015, por Instituto Rio Santo Antônio

Adriano Valério de Resende

No entorno de Resende Costa as minas ou nascentes mais importantes são: Fonte dos Cavalos, Fonte da Mina, Fonte da Biquinha, Fonte da Ilha, Fonte João de Deus, Fonte da Zizica e Nascente do Córrego do Mosquito. Toda drenagem pluvial da cidade é direcionada para essas fontes, devido à própria geografia da cidade. Assim, o lixo e a sujeira que se acumulam nas ruas caem diretamente nessas nascentes ou em seu entorno imediato. E o pior: todas elas também recebem esgoto in natura (sem tratamento). Recentemente, o IRIS realizou uma limpeza nessas minas através do Projeto ReNascentes, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, mas, ainda há muito o que fazer.

Devido à já citada ausência de um significativo curso d’água que passe pela cidade, a solução para o esgoto sanitário proveniente de banheiros foi a construção de fossas negras, que nada mais são do que buracos profundos cavados no solo, revestidos ou não com tijolos, e tampados com uma laje de cimento. Ambientalmente falando, tal prática não é recomendada, uma vez que o esgoto é lançado no solo sem nenhum tipo de tratamento prévio e pode contaminar os lençóis subterrâneos. Como estão dentro da área urbana, as águas das nascentes sofrem as consequências desse processo. A água residual das pias de cozinhas e dos tanques é lançada geralmente no fundo das hortas ou direcionada para a rede pluvial. A cidade de Resende Costa, infelizmente, é uma das campeãs em Minas Gerais na utilização de fossas negras.

Essas fossas sofrem um processo de colmatação, isto é, o entupimento dos poros do solo. Assim, como há diminuição da percolação (infiltração de água no solo) elas enchem muito rápido. Diante disso, a Prefeitura mantém um serviço de limpeza (retirada do esgoto) das fossas. O chamado caminhão limpa-fossa bombeia o esgoto e o transporta até um local onde é possível lançá-lo em curso d’água. Infelizmente, o esgoto é lançado in natura nos cursos d’água do entorno da cidade. Os pontos de lançamento do esgoto se alteraram ao longo do tempo. Inclusive temos conhecimento de vários desses locais. Recentemente o IRIS foi informado que o caminhão limpa-fossa estaria jogando o esgoto no córrego Marisco, em um bueiro de drenagem pluvial. O mau cheiro foi mencionado por alguns moradores do bairro Várzea. Atualmente, parece-nos que o local de lançamento do esgoto é nas proximidades da ETE – Estação de Tratamento de Esgoto.

Sobre a infraestrutura de drenagem pluvial existente destaca-se uma questão: a rede pluvial (feita com manilhas de cimento) praticamente se tornou rede de esgoto. Isto é, grande parte da rede coletora de água da chuva é usada por muitos moradores como rede de esgoto. Tal fato é verificado em vários bairros da cidade, especialmente no centro e seu entorno. Destaca-se que as ligações “clandestinas” de esgoto na rede pluvial foram feitas com o consentimento da Prefeitura ou, no mínimo, com sua omissão na fiscalização. Como a drenagem pluvial é direcionada para as áreas mais baixas, as nascentes além de receberem a água do período chuvoso, recebem esgoto diariamente. Mencionam-se ainda casos em que os moradores reclamam do mau cheiro oriundo dos bueiros, fruto do despejo do esgoto doméstico.

Segundo informações da COPASA, cerca de 40% da rede coletora de esgoto já foi construída. O centro da cidade ainda não foi contemplado. Uma das dificuldades apontada é a existência de rochas próximas à superfície das ruas. Quanto à ETE, a previsão para inauguração é novembro, falta ainda a ligação da energia elétrica. Um fato lamentável foi a autorização precipitada da Concessionária para lançamento do esgoto na rede sem ter iniciado a operação da ETE. Assim, o esgoto está sendo lançado in natura no córrego do Tijuco, nas proximidades da ETE, e no final do bairro Nova Resende, uma vez que a elevatória ainda não está funcionando.

 

Por fim, os desafios em relação ao esgotamento sanitário em Resende Costa estão colocados. Resta saber quanto tempo mais conviveremos com os danos ambientais causados pela omissão dos entes públicos responsáveis pela execução das obras e do Ministério Público incumbido de acompanhar e fiscalizar.

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