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Greta Thunberg: uma jovem e tanto na Educação Ambiental

12 de Novembro de 2019, por Instituto Rio Santo Antônio

Lucas Matoso Alves1
Adriano Valério Resende2

 

Recentemente, uma ativista ambiental sueca de 16 anos, Greta Thunberg, ganhou protagonismo no cenário político mundial, principalmente após seu discurso proferido na Organização das Nações Unidas (ONU), que foi uma queixa em relação ao não cumprimento das obrigações sob a Convenção dos Direitos da Criança, assinada há 30 anos. A mesma acusou França, Argentina, Brasil, Alemanha e Turquia de terem conhecimento sobre os riscos que as mudanças climáticas poderão causar no futuro dos jovens e não agirem prontamente para minimizar o chamado Aquecimento Global.

Na abertura da Cúpula sobre Ação Climática, realizada em Nova York no dia 23 de setembro, Greta fez um discurso forte. Eis os trechos mais impactantes: “Eu não deveria estar aqui. Eu deveria estar na minha escola, do outro lado do oceano. E vocês vêm até nós, jovens, para pedir esperança. Como vocês ousam? Vocês roubaram meus sonhos e minha infância com suas palavras vazias.” Disse ainda: “As pessoas estão sofrendo e estão morrendo. Os nossos ecossistemas estão morrendo. Nós estamos vivenciando o começo de uma extinção em massa. E tudo o que vocês fazem é falar de dinheiro e de contos de fadas sobre um crescimento econômico eterno. Como vocês se atrevem?”

Diante da atuação da sueca Greta Thunberg, cabe uma reflexão sobre os adolescentes e o meio digital. Monbiot (2012) afirma que “com metade do tempo desperdiçado em telas, a próxima geração estará pobremente equipada para defender o mundo natural de danos”, o que nos faz pensar sobre um protagonismo que deve ser destinado à infância e à criação de uma mentalidade sustentável que dê possibilidade de desenvolvimento efetivo. Na contemporaneidade, as crianças têm passado mais tempo em frente a telas do que ao ar livre; assim, a troca de uma interação presencial pela digital acaba limitando sua sensibilidade e sua criatividade na maioria das vezes. Toda essa rotina simplista de sensações e de descobertas tem limitado a liberdade criativa de meninos e meninas na infância, limitando inclusive o sentimento de pertencimento ao que é vivo, ou seja, natural no meio ambiente.

Nesse contexto, podemos refletir ainda sobre o processo de educação ambiental na infância e na adolescência. Dessa forma, com base no olhar ecológico da educação ambiental, uma área do ensino que tem como objetivo a conscientização dos indivíduos sobre os problemas ambientais e como ajudar a combatê-los, é possível notar que a relação indivíduo-ambiente está empobrecida, principalmente nas escolas de educação infantil, onde se observa a ausência das próprias crianças no processo criativo de seu ambiente de convivência, na relação umas com as outras e também com os adultos.

Por fim, a respeito de Greta Thunberg, ela se faz uma adolescente com um senso de luta bastante proativo, principalmente em pautas ambientais. Em recente entrevista à BBC Rádio 4, ela conta que, quando tinha 11 anos de idade, sofreu uma forte depressão: “Parei de ir à escola, parei de falar, porque estava muito triste. Aquilo me deixou muito preocupada. Teve muito a ver com a crise climática e ecológica. Achava que havia algo muito errado e que nada estava sendo feito, que nada fazia sentido.” No entanto, foi com esse incômodo, de desequilíbrio da natureza por interferência antrópica, que a jovem deu início a um movimento internacional de greves de estudantes contra as mudanças climáticas, uma iniciativa que a fez ser indicada ao prêmio Nobel da Paz.

 

1 - Aluno do Curso Técnico de Meio Ambiente – CEFET/MG

2 - Professor do CEFET/MG

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