Você provavelmente já ouviu falar pelo menos de alguma das nascentes localizadas em nossa cidade. Se o amigo leitor tem mais de 30 anos e passou toda a infância e adolescência em Resende Costa, é provável que já tenha frequentado uma ou várias das nossas fontes urbanas. Em algumas delas, era possível banhar-se há cerca de duas décadas atrás. Havia água em quantidade e qualidade para isso. Por muito tempo, as minas forneceram água para o consumo humano, para o lazer, para a lavação de roupas. Hoje, a realidade é outra: A quantidade de água diminuiu severamente em todos os olhos d’água que brotam dentro de Resende Costa. A população perdeu o vínculo afetivo com nossas nascentes, que na maioria dos casos se tornaram verdadeiros depósitos de esgoto e lixo doméstico. O crescimento urbano desordenado e a falta de um plano de preservação das minas estão condenando nossas fontes históricas à contaminação e à extinção.
No último mês de Agosto, o IRIS visitou as principais nascentes urbanas de Resende Costa e se deparou com um cenário desolador: plásticos, pneus, esgoto, lixo eletrônico, mau cheiro, água visivelmente contaminada. Infelizmente, o pouco das matas que margeiam nossas nascentes tem servido como depósito para resíduos domésticos. A população precisa se conscientizar do malefício advindo da deposição de lixo nas matas e cursos d’água. Até porque a situação atual de nossas minas revela também o risco de proliferação de doenças, como a dengue.
Diante desse quadro, o IRIS e a Prefeitura Municipal, por meio das Secretarias Municipais de Saúde e Meio Ambiente, estão planejando para os próximos meses, uma ação conjunta para a limpeza e, possivelmente, o cercamento das nossas principais nascentes urbanas. São elas: 1) Fonte da Mina: localizada no bairro do Canela e pertencente à microbacia do Ribeirão Mosquito. Possuía grande vazão há 25 anos. Hoje padece principalmente da falta de mata ciliar, que deu lugar à pastagem. A vazão diminuiu muito e a água tornou-se imprópria para o consumo; 2) Fonte dos Cavalos: localizada no bairro São José e pertencente à microbacia do Ribeirão Mosquito. Possuía grande vazão há 25 anos. Hoje, o gado pisoteia a área de recarga da nascente, a vazão e a qualidade da água diminuíram consideravelmente; 3) Nascente da Biquinha: nasce no Centro e pertence à microbacia do Córrego do Tejuco. Ali, é difícil distinguir “curso de água” de “esgoto”. A água está visivelmente poluída e há também grande deposição de lixo. 4) Fonte da Ilha e Mina do Salomão: nascem no bairro Jardim e pertencem à micro bacia do Córrego do Tejuco. De todos os locais visitados, é o que possui maior vazão de água, mas constatada com muito lixo e esgoto doméstico. É um local de risco à saúde pública. 5) Fonte João de Deus e Fonte Joaquim Noé: localizadas no Centro, dentro da Capoeira Nossa Senhora da Penha. Área de preservação ambiental, essas fontes de água estão relativamente preservadas. Pertencem à microbacia do Ribeirão do Pinhão. Existe mata ciliar considerável e pouca intervenção humana no local. Há pouca incidência de resíduos sólidos, provavelmente, advindos de enxurradas em períodos de chuva. A presença do lixo vai aumentando na medida em que nos aproximamos das áreas de ocupação humana. Seriam necessárias ações para conter o acúmulo de lixo nestes locais. 6) Nascente do Córrego Mosquito: localizada no fundo do Bairro Varginha, a fonte faz parte da microbacia do Ribeirão do Mosquito. Embora haja pouca vazão de água, a área está preservada. Possui mata ciliar, cercamento e não há lixo. Existem alguns acessos que permitem a entrada de animais.
A ação planejada pelo IRIS e pela Prefeitura Municipal visa, inicialmente, à limpeza das nascentes, retirando os resíduos sólidos ali depositados. Além disso, o projeto pretende realizar o cercamento dos olhos d’água, para evitar o pisoteio por animais. Paralelamente, será desenvolvida uma ação de conscientização, com panfletagem nos arredores das minas, solicitando aos moradores do entorno que ajudem na preservação das águas. Uma das intenções é instalar placas educativas, que identifiquem o nome do local e alertem para a necessidade de preservá-lo. Infelizmente, em alguns locais, o esgoto compromete em muito a situação das águas, o que só poderá ser minimizado a partir da implantação da rede de esgoto em nossa cidade e pelo uso de fossas impermeáveis, em substituição às fossas secas e ao despejo dos dejetos diretamente nos córregos.