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Metano: um dos vilões do efeito estufa

23 de Novembro de 2022, por Instituto Rio Santo Antônio

Júlia de Oliveira Rosa*

Adriano Valério Resende**

 

São recorrentes na mídia falas sobre as consequências do aquecimento global e também sobre a necessidade de o homem diminuir a emissão de gases que contribuem para o efeito estufa. Dentre esses gases, o metano é um dos mais agressivos. Por outro lado, o calor liberado pela sua queima gera energia que pode ser aproveitada de diversas formas. Vamos analisar melhor a questão.

Primeiramente, precisamos entender o que é o efeito estufa. Ele é um fenômeno que acontece naturalmente e é fundamental para a vida no planeta. Em outras palavras, o calor irradiado (refletido) pela superfície terrestre é retido por alguns gases presentes na atmosfera. Isso é o que mantém a Terra aquecida, evitando-se a dispersão do calor para o espaço exterior. Esse fenômeno é fundamental para o equilíbrio térmico do planeta, portanto, para a sobrevivência da biosfera. Se fizermos uma comparação cotidiana, seria como um carro exposto ao sol. Os raios solares atravessam o vidro, mas o calor não consegue sair, tornando quente o interior do veículo.

A partir da Primeira (século XVIII) e da Segunda (século XIX) Revoluções Industriais, o homem começou a utilizar intensamente os combustíveis fósseis como fonte de energia. A queima desses combustíveis (carvão mineral, gás natural e especialmente o petróleo), as queimadas e os desmatamentos contribuem para o aumento da concentração dos gases do efeito estufa (GEE) na atmosfera, provocando o aumento da temperatura. Isso é o que é chamado de efeito estufa antrópico ou aquecimento global. Portanto, o problema não está no efeito estufa, que é natural, mas na sua intensificação.

Entre as consequências do aquecimento global, estão diversos problemas socioambientais, como o derretimento das calotas polares, aumento do nível dos mares, morte de espécies, danos aos ecossistemas, aumento da proliferação de vírus e pragas.

Os principais gases estufa são: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), clorofluorcarbonetos (CFC’s), ozônio (O3) e o vapor de água (o único que não é gerado diretamente pelas atividades antrópicas). Destaca-se que o metano é responsável por 15 a 20% do efeito estufa antrópico e sua concentração na atmosfera aumentou em 151% nos últimos 150 anos. A questão é que esse gás tem um potencial de aquecimento global (GWP) maior que o dióxido de carbono, isto é, absorve cerca de 21 vezes mais radiação infravermelha. Daí ser um dos vilões do efeito estufa.

O metano é uma substância apolar, estando como primeiro membro da série dos alcanos, tem massa molar 16 g/mol e densidade em torno de 0,7 kg/m³. É ainda um gás incolor, inodoro (sem cheiro), possui pouca solubilidade em água e pode ser explosivo quando adicionado ao ar. Ele é encontrado naturalmente nos pântanos em processos nos quais há decomposição (fermentação anaeróbia) de material orgânico. Curiosamente, Alessandro Volta, quando descobriu o gás em 1778, lhe deu o nome de “gás do pântano”. As fontes antropogênicas estão ligadas principalmente a reservatórios de hidrelétricas, lavouras de arroz irrigadas por inundação, criação confinada de animais, aterros sanitários, queima de combustíveis fósseis e alguns processos industriais.

Existem maneiras de reduzir a emissão do metano, mas não é uma tarefa fácil. Algumas ações seriam: utilização de fontes de energia mais limpas, mudanças nas composições de vários tipos de produtos, alteração no método de irrigação na cultura do arroz, controle da dieta dos bovinos com a utilização de aditivos alimentares, drenagem de gases nos aterros sanitários e diminuição das queimadas.

Apesar de ser um gás potencial para o aquecimento global, o metano pode ser utilizado como combustível, sendo chamado de biogás. Assim, o gás drenado de aterros sanitários e de biodigestores (equipamento que acelera o processo de decomposição da matéria orgânica, como excretas de animais) pode gerar energia para uso doméstico e industrial.

Por fim, o gás metano é o segundo maior responsável pelo aquecimento global, atrás apenas do gás carbônico. Nesse sentido, a diminuição de sua emissão e as políticas para sua utilização como fonte de energia são fundamentais para o controle de sua concentração na atmosfera.

 

 

*Aluna do Curso Técnico de Meio Ambiente – CEFET/MG

**Professor CEFET/MG

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