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O lixo nas áreas públicas

16 de Fevereiro de 2017, por Instituto Rio Santo Antônio

Lembro-me da primeira vez que cheguei ao Rio de Janeiro pela rodoviária. Eu nem acreditei que aquele era o Rio mostrado pela mídia e que é conhecido como Cidade Maravilhosa. Uma confusão de gente e de veículos, moradores de rua pelos cantos nas avenidas, vendedores ambulantes te parando, muita sujeira nas ruas, água podre na beira das calçadas, o cheiro forte da maresia vindo da área portuária, um córrego que virou esgoto a céu aberto. Era um lugar muito diferente da zona sul da cidade, como Ipanema e Copacabana, ou de outras cidades praianas, com suas belezas naturais e a organização rotineira para receber os turistas. Esse sim é o Rio que se mostra nas novelas e nas propagandas.

A história se repete nas proximidades da rodoviária de Belo Horizonte: lixo espalhado pelas ruas, até sendo queimado em alguns locais, drogados nas esquinas, montes de pedras que são usados como fogão, o Ribeirão Arrudas que mais parece um esgoto a céu aberto etc. Falando especificamente da questão do lixo, os garis limpam cotidianamente os logradouros públicos e até caminhões-pipa jogam água nos lugares mais sujos, mas a sujeira insiste em prevalecer. Realmente, nossa sociedade ainda não aprendeu a conviver com resíduos e sobras do nosso dia a dia.

Mas, curiosamente, a capital mineira foi construída na forma de um xadrez, avenidas e ruas retas, formando quarteirões quadrados. Algumas ruas que começam perto da rodoviária acabam na zona sul. Aí percebermos a diferença. Na parte nobre, como nos bairros Lourdes e Savassi, a história é outra. As ruas estão sempre limpas e as pessoas bem vestidas. Tempos atrás, um morador de rua montou sua barraca numa praça, no coração da Savassi. O fato virou notícia de televisão. Segundo alguns moradores, isso é um absurdo, estava atrapalhando a boa convivência do local.

Assim, percebe-se a organização das grandes cidades. Em alguns locais são permitidos certos convívios e movimentos. O centro que antes era local de residência das elites, o que ainda o é nas pequenas e médias cidades, se tornou moradia improvisada das pessoas que vivem nas ruas. Dessa forma, o poder público fecha os olhos e aceita, ou talvez seja obrigado a aceitar, práticas que desrespeitam as etiquetas da convivência social e do meio ambiente. Mas, o que nos interessa é afirmar que, certamente, a degradação socioambiental está associada à falta de informação/conhecimento e à pobreza.

Com relação ao quesito lixo, nas cidades pequenas, a situação do centro é diferente. As pracinhas geralmente são limpas e bem cuidadas. Por Minas afora, nas cidades do interior, sempre há uma pracinha como referência do centro. Nossa região é exemplo disso. No caso de Resende Costa, muitas vezes, nem percebemos que as ruas do centro e de seu entorno estão limpas. Isso é fruto do trabalho invisível, feito por funcionários da Prefeitura, que todos os dias, durante a madrugada, varrem ruas e praças. Mesmo assim, andando pela cidade, ao longo do dia, facilmente se encontra resíduos jogados pela população: bitucas de cigarro, pedaços de papéis, todos os tipos de plástico (papel de bala, restos de embalagens etc.). Certa vez, questionando um cidadão que lançou um pedaço de embalagem ao chão, a resposta que obtive foi que, se não tiver o que limpar os garis vão perder o emprego.

Recentemente, o IRIS contribuiu para a coleta do lixo gerado pelos transeuntes em nossa cidade. Confeccionamos e espalhamos pelo comércio várias lixeiras, feitas com bombonas devidamente pintadas. A Prefeitura, com verba do governo federal, também implantou várias lixeiras pela cidade. Mas isso só não basta, é preciso criar uma consciência coletiva sobre a questão socioambiental. Comportamentos básicos e simples devem ser incorporados em nossa rotina, como não danificar as plantas dos jardins; evitar cortar caminho pela grama; não agredir animais que foram abandonados ou estão transitando; colocar o lixo em lixeiras. Ou será que você joga papel ou resto de comida pelos cantos de sua casa?

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