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Onde está a Serra das Vertentes?

13 de Novembro de 2012, por Instituto Rio Santo Antônio

Adriano Valério Resende

 
Quem nunca ouviu falar que Resende Costa está na região dos Campos das Vertentes? Então, a pergunta: onde está localizada a Serra das Vertentes que empresta o nome à nossa região? Muitos de nossos conterrâneos veem todos os dias a serra ou até mesmo moram nela. Do mirante de ambas as lajes podemos ver a Serra das Vertentes despontando no horizonte ao longo da estrada para o Ribeirão, atrás do bairro Nova Brasília ou sentido Barracão/Floresta. Mais ainda, nós resende-costenses vemos todos os dias o Sol nascer por detrás da Serra das Vertentes.

Com relação ao relevo, o município está localizado num cinturão orogenético conhecido como Planalto e Serras do Atlântico Leste-Sudeste e no domínio morfoclimático dos “Mares de Morros”, segundo o geógrafo Aziz AbSaber. Das terras do município, 60% são onduladas e 20% montanhosas. Isso justifica porque nossa região está sujeita a fortes processos erosivos e a movimentos de massa (deslizamentos de terra). Esse Planaltoé regionalmente subdivido em várias serras: Serra da Galga na divisa com São Tiago e Passa Tempo, Serra do Corisco na divisa com Desterro, Serra do Florentino ou de São Miguel na divisa com Ritápolis, Serra da Cebola nas proximidades do Cajuru e a famosa Serra das Vertentes.

A Serra das Vertentes nasce em Resende Costa, a uma altitude de 1170 metros (na Matriz é 1140 metros), nas imediações do povoado do Ribeirão de Santo Antônio. Do alto da estrada, no entroncamento que desce para o povoado, a Serra das Vertentes fica nítida ao fundo, uma montanha recoberta por floresta. Vários cursos d´água brotam da serra: a oeste, as nascentes do Ribeirão de Cima; a leste, as do Ribeirão dos Paulas, que passa dentro do povoado do Curralinho dos Paulas e ao norte, as do córrego do Estaleiro (afluente do córrego da Cachoeira, que deságua no córrego do Potreiro e depois encontra com o córrego do Cajuru, na divisa com Desterro de Entre Rios, dando origem ao tão conhecido rio Pará).

Dessa história vem a justificativa para o nome da serra e da mesorregião: Vertentes. Entendendo melhor, em termos geográficos, vertente é a superfície topográfica compreendida entre o talvegue (a parte mais baixa) e a crista (parte mais alta, que geralmente é um divisor de água, ou seja, separam nascentes) do relevo. Assim, a Serra das Vertentes é uma cumeeira (um conjunto de cristas alinhadas) que corta o centro-oeste do município e de onde brotam vários cursos d’água: as nascentes dos córregos do Tijuco (que é o principal manancial de abastecimento da cidade, o outro é o ribeirão Pinhão), das Lavras, Quilombo, Barracão e Floresta (vertente oeste, afluentes do rio Santo Antônio); e córregos Gentil, Ponte Grande, do Andrade, Samambaia (vertente leste, afluentes do ribeirão dos Paulas). A Serra das Vertentes ainda preserva a maior parte da vegetação florestal nativa no município, significativos remanescentes de espécies da floresta tropical (Mata Atlântica). A partir da divisa com Resende Costa, a serra segue sentido das cidades de Lagoa Dourada (a cidade está no sopé da serra), município de Casa Grande e termina ao sul da cidade de Cristiano Otoni, onde se encontra com o início da Serra do Espinhaço nas imediações da BR-040.

Curiosamente, em Resende Costa a serra é o divisor de águas entre as bacias do rio Pará; do rio Paraopeba, que recebe as águas do ribeirão dos Paulas e do rio Santo Antônio (afluente do rio das Mortes), que se forma no encontro dos ribeirões de Cima e de Baixo. Ainda mais um detalhe, os dois primeiros rios são afluentes do São Francisco e o terceiro do rio Grande, duas importantes bacias nacionais que banham Minas Gerais. Localizando melhor, do Alto do Jacarandá, além da bela visão da cidade, principalmente à noite, tem-se a divisa natural entre as duas bacias: rio São Francisco, sentido Curralinho e rio Grande, sentido Resende Costa. Mais interessante ainda é saber que as águas do ribeirão dos Paulas vão desaguar, após passar por várias hidrelétricas, no Nordeste do Brasil, na divisa entre Alagoas e Sergipe, após cortar Bahia e Pernambuco, e as águas do córrego do Tijuco ajudarão a formar o rio Paraná, que deságua no oceano, na divisa entre Uruguai e Argentina.

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