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População, pobreza e meio ambiente

21 de Dezembro de 2022, por Instituto Rio Santo Antônio

Adriano Valério Resende

 

Conforme informações da Organização das Nações Unidas - ONU, no dia 15 de novembro de 2022 a população mundial chegou aos 8 bilhões de habitantes. O crescimento populacional ainda não se estabilizou, o que é um problema socioambiental, visto que quanto mais habitantes no planeta, maior é a demanda por recursos naturais.

Até o início do século XIX, o aumento da população foi lento, pois, apesar de uma uma alta taxa de natalidade, a mortalidade também era alta, o que contribuía para, naturalmente, equilibrar a população. O desequilíbrio aconteceu com a diminuição da mortalidade, isso devido a vários fatores: urbanização, medidas de saneamento básico nas cidades, surgimento de procedimentos para garantir saúde e segurança aos trabalhadores, invenção das vacinas, descoberta da penicilina, entre outros.

Para se ter uma ideia, a humanidade demorou séculos para chegar à casa de um bilhão de habitantes, o que aconteceu por volta de 1802. Após 125 anos, em 1927, chegou-se a 2 bilhões. Em 1960, 33 anos depois, atingiu-se 3 bilhões. E assim foi: 4 bilhões em 1974, 5 bilhões em 1985, 6 bilhões em 1999, 7 bilhões em 2011 e 8 bilhões agora em novembro. As previsões apontam para 9 bilhões em 2037 e 10 bilhões em 2057.

Cabe destacar que os países desenvolvidos estabilizaram o seu crescimento demográfico ao longo do século XX. Atualmente, algumas nações europeias e o Japão estão enfrentando a situação invertida, o crescimento negativo (morrem mais pessoas do que nascem), além do envelhecimento da população. Os países da América Latina, no geral, estão em processo de estabilização demográfica. A Ásia e a África estão em franco crescimento demográfico. A primeira deve se estabilizar por volta de 2050. Mas, abriga os dois países mais populosos do planeta, China e Índia, que juntos possuem mais de 1/3 da população mundial. Para a África, não há previsão de estabilização do crescimento populacional e é justamente o continente mais pobre.

Sobre o Brasil, o decréscimo da natalidade se tornou progressivo a partir dos anos 2000. A taxa de fecundidade (número médio de filhos por mulher) brasileira está em torno de 1,7. Sabendo-se que a taxa de reposição da população, considerada pela ONU, é de 2,1. O Brasil é o sétimo país mais populoso e estamos perto de ter 215 milhões de habitantes.

Dentre as teorias demográficas, uma nos chama atenção por relacionar crescimento demográfico e meio ambiente: o ecomalthusianismo. Essa teoria afirma que o elevado crescimento populacional demanda cada vez mais a retirada de recursos naturais, especialmente de áreas de grande biodiversidade e que precisam ser preservadas, como, por exemplo, a Amazônia. Assim, afirma-se que há um desequilíbrio entre o aumento da população e a disponibilidade de recursos naturais. Fala-se ainda da questão da resiliência da natureza, ou seja, sua capacidade de resistir e de se recuperar frente às crescentes intervenções humanas.

É bom lembrar que estamos num mundo capitalista e consumista. Tomemos como base dois países, Estados Unidos e China. O primeiro é atualmente o cabeça do capitalismo, responsável por 15% do consumo de bens no planeta, apesar de ter 6% da população mundial (337 milhões de pessoas). A China está prestes a se tornar a maior economia do mundo e em 2012 se tornou um país urbano (a maior parte da população está nas cidades). Ao se urbanizar, o poder de consumo aumenta. Se pensarmos que o país é o mais populoso do mundo, com 1,42 bilhões de pessoas, o que acontecerá com o planeta se os chineses atingirem o padrão de consumo médio de um estadunidense?

Ainda temos aqueles que defendem o desenvolvimento sustentável como solução, cujos pilares são: crescimento econômico, preservação ambiental e justiça social. Porém, a relação entre crescimento demográfico e desenvolvimento sustentável é complexa, visto que pobreza, degradação ambiental e aumento da população caminham juntos.

Por fim, diante da quantidade de habitantes do planeta e da perspectiva de aumento populacional em áreas pobres, precisamos repensar duas premissas do capitalismo: consumo exagerado e desigualdade social. Visto que alguns estudos já apontam que o planeta está chegando ao limite da resiliência.

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