Fernando Chaves
Ao longo de 2009, um grupo de jovens empreendia uma pesquisa de campo (bastante intuitiva, é verdade) ao longo do rio Santo Antônio, na zona rural resende-costense. Com a ajuda dos professores de geografia Kesller Sullivan e Hugo Nobrega (na época recém- formados) o grupo mapeou os principais afluentes do Santo Antônio e registrou, por meio de fotografias, a grande ocorrência de erosão na calha do rio. Nessas andanças pelo curso do Santo Antônio, não raramente, ouvia-se (e ouve-se) dos moradores mais antigos relatos sobre a diminuição do nível da água ou sobre o afundamento do leito do rio. Essas expedições culminariam na fundação do IRIS (Associação Instituto Rio Santo Antônio) no dia 27 de dezembro de 2009, quando foi aprovado o estatuto da entidade e eleita a primeira diretoria.
Nesses primeiros anos de existência, o IRIS procuroupromover ações em diversas áreas. Com um estatuto bastante amplo, prevendo atuação nos campos ambiental e cultural, o IRIS refletia uma visão ao mesmo tempo holística e idealista dos seus jovens fundadores. Apesar de seu caráter generalista, o estatuto aprovado garantiu a existência jurídica da entidade, permitindo a celebração de convênios entre o IRIS e o poder público municipal.
Mesmo que esparsas e esporádicas, o IRIS pôde realizar atividades diversas, tais como: produções cinematográficas voltadas para o registro da cultura local; edição de revista ambiental; mapeamento da bacia do rio Santo Antônio com seus principais afluentes; documentação fotográfica de áreas erosivas críticas do rio Santo Antônio; participação no comitê de bacia hidrográfica Vertentes do Rio Grande há 2 anos; manutenção de coluna ambiental no Jornal das Lajes há 18 meses; execução de ações simbólicas em defesa da revitalização das lajes; realização de oficinas infantis de percussão e blocos carnavalescos de cunho cultural; promoção de palestras sobre meio ambiente e de caminhadas ecológicas junto às escolas; manutenção (ainda que incipiente) de um site local de conteúdo ambientalista; dentre outras.
Em quatro anos, a ONG precisou se reinventar e se redescobrir. Desenvolver potencialidades e lidar com limitações. Por um lado, o grupo mostrou algum potencial no que se refere à atuação cultural, à educação ambiental e à construção de conhecimento sobre os ecossistemas locais. Por outro, precisou conviver com os limites, desafios e frustrações, trazidos, por exemplo, pelo baixo envolvimento da população ou pela difícil viabilização técnica, econômica e jurídica de projetos e intervenções ambientais, como recuperação de voçorocas, cercamento de nascentes, recuperação de mata ciliar etc.
O IRIS sempre contou com o apoio do poder público local (Câmara e Prefeitura) e também com a parceria de empresas locais. A entidade ainda encontrou aliados fortes, como o MAC, que em vários momentos somou forças junto ao IRIS para levar a cabo projetos como o Luau nas Lajes ou o mutirão simbólico de limpeza das lajes. Nessa linha, uma função importante desempenhada pelo IRIS nos últimos anos foi oferecer amparo jurídico a alguns projetos do MAC, que ainda não se constituiu legalmente como associação. Há 2 anos, o IRIS celebra convênios com o município e capta recursos para serem investidos em projetos do MAC.
Não pode ser esquecida nesse breve panorama da existência do IRIS a iniciativa do professor e membro do IRIS, Adriano Valério Resende, que veio ao encontro das propostas da entidade na construção de conhecimento acadêmico sobre o meio ambiente resende-costense. A dissertação de mestrado do professor soma muito aos trabalhos do IRIS e confirma, lamentavelmente, a degradação do Santo Antônio, como pôde ser visto em matéria da edição de novembro do Jornal das Lajes.
Na segunda-feira (23), o IRIS se reúne na Biblioteca Municipal, a partir das 19h, para eleger nova diretoria e novo conselho fiscal. Os membros eleitos irão conduzir a entidade pelos próximos 2 anos. Além da eleição, haverá apresentação da dissertação de mestrado do Prof. Adriano Valério e palestra sobre as relações entre homeopatia e meio ambiente com o terapeuta homeopata Rafael Costa, de São João del-Rei. Venha você também participar!
* Fernando Chaves é o atual presidente do IRIS, com mandato até o final de 2013