Para quem cresceu com um quadro da Seleção Brasileira pentacampeã no corredor de casa, ver hoje a Seleção em campo é sempre um evento. Aquele peso histórico, a vontade de que os 11 homens ali enfileirados vistam para além do amarelo da Seleção Canarinho a camisa do seu time. Eu vivia pensando: Imagina esse jogador jogando no time pelo qual eu torço! Era um sonho. Mas tudo bem, afinal eles jogavam para um time pelo qual eu também torço, e torço muito: o Brasil. Mas, nos últimos tempos, vivo uma fase em que mais questiono do que celebro.
Não é a primeira vez que nós, torcedores brasileiros, estamos sentindo um misto de frustração e esperança, e certamente não será a última. A questão que fica é: o que está faltando para essa engrenagem voltar a funcionar como antigamente?
A última atuação da Seleção nas Eliminatórias para a Copa do Mundo foi um retrato da fase atual. Uma equipe que, apesar de tecnicamente superior em boa parte dos jogos, ainda parece carecer de algo essencial: coesão. Diniz saiu, Dorival entrou e trouxe um sopro de novidade com seu futebol totalmente flexível. Entretanto, a prática tem se mostrado uma luta entre o que se planeja e o que se entrega em campo.
Depois da derrota para o Paraguai, pensou-se em um risco real de o Brasil, pela primeira vez, ficar fora da Copa do Mundo. Além de torcer muito para que isso não aconteça, eu também acho que isso não vai acontecer. Os seis primeiros colocados garantem vaga ao final das 18 rodadas. O sétimo encara a repescagem. E esse modelo até ajuda o Brasil, pois antes eram apenas os quatro primeiros. E atualmente estamos em quinto lugar. Como ainda faltam 10 jogos para o fim das eliminatórias, é tempo de fazer o coletivo funcionar como uma orquestra bem ensaiada. Porque, por ora, essa sinfonia está bem desafinada.
O que podemos esperar da Seleção Brasileira no futuro próximo? A resposta não é simples, mas, se há algo claro, é que o caminho ainda é de ajustes e paciência. Só que com a crescente pressão e os olhos do mundo voltados para a próxima Copa, a paciência pode ser um artigo de luxo que a torcida já não tem mais. E com razão.
Com o Brasil com atuações tão aquém, sobra ainda mais “ranço” da famigerada data FIFA. Nada parece mais interromper o curso natural das competições de clubes do que essas pausas. Em setembro, em plena reta de competições decisivas nas ligas pelo mundo, os clubes veem seus principais atletas se esgotarem física e mentalmente com longas viagens e jogos que muitas vezes têm mais a ver com cumprir tabela do que com futebol competitivo. E quem paga o preço? O jogador, o clube e o espetáculo. Eu e você, que gostamos de acompanhar bons jogos!
Enquanto o futebol brasileiro se equilibra entre o passado glorioso e o futuro incerto, a FIFA fecha a cortina e volta a abrir daqui a poucos meses. E o pior de tudo? Lá vem mais uma data FIFA.