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O Cruzeiro deve se tornar um clube empresa! E aí, o que muda?

15 de Setembro de 2021, por Vanuza Resende

Às vezes a única coisa que se quer é uma solução para uma fase que parece interminável. E é por isso que aqui eu chamo: “Alô, torcida cruzeirense! Tô escrevendo para vocês e, claro, para todos os torcedores das equipes de futebol endividadas.” E são muitas. Foi sancionada recentemente pelo presidente Jair Bolsonaro a lei do clube-empresa, que autoriza os clubes do futebol brasileiro a se transformarem em Sociedade Anônima do Futebol (SAF), o que pode ser o principal caminho para os clubes saírem da crise e tentarem uma reestruturação financeira.

O cruzeirense, que viveu momentos excepcionais em 2013 e 2014, não imaginava que o clube passaria, de forma tão rápida, para um estado drástico. Dívidas, cobranças de vários profissionais, a primeira queda para a segunda divisão do campeonato nacional e, pior ainda, a permanência na Série B. Com um futebol muito limitado, a torcida conta com os patrocinadores, em especial com o patrocínio máster do Pedrinho, dono da Rede Supermercados BH, que salva como dá. Como diria meu avô: “uma peleja que só”. Cá pra nós, os torcedores, que “não ganham nada” vendo o jogo, sofrem no grau máximo. Penso no que sente Pedrinho ao acompanhar as partidas...

Ainda há muitas especulações sobre as mudanças com a lei, mas o que podemos analisar nesse primeiro tempo é: o atual modelo, de acordo com o qual a maioria dos clubes brasileiros funciona hoje, é um convite para a corrupção. Geralmente, uma chapa é eleita por um grupo de sócios e os dirigentes eleitos assumem cargos administrativos não remunerados, pelo menos no papel. E aí surgem gestores mais preocupados com os resultados em campo do que fora dele. Foi exatamente o que aconteceu com o Cruzeiro. Enquanto a torcida celeste comemorava, na última década, dois Brasileiros, duas Copas do Brasil e quatro Estaduais, a corrupção corria solta. A cada grito de “é campeão”, os investimentos pesados em jogadores de alto nível com o tempo se mostraram impagáveis. A conta sobrou para os torcedores, que estão pagando caro por todos os títulos tão comemorados. Há quem diga que é a arrogância sendo castigada.

Entre os principais objetivos do clube-empresa, deveria constar a permissão da exploração econômica de ativos, incluindo estádios e centros de treinamento. Com isso, o Cruzeiro poderia fazer dinheiro com os patrimônios. Outro detalhe importante é a separação do Cruzeiro como instituição do Cruzeiro clube de futebol.  Outra coisa: a lei prevê regras de parcelamento de dívidas, além de permitir que as obrigações civis sejam separadas das trabalhistas, sem repassá-las a essa nova empresa que será criada com as novas regras. Em 2020, os torcedores cruzeirenses se assustaram com a possibilidade do time começar do zero, ou melhor, na Série D, depois de decretar falência e se tornar clube-empresa. Mas a medida drástica de começar nas últimas competições não deve ser tomada, nem pelo Cruzeiro, nem por qualquer outro clube.

Eu ainda acho essas regras um tanto burocráticas, mas, ouvindo especialistas, dá para confiar que essa é a saída mais próxima para o Cruzeiro, enfim, se libertar dessa fase tão crítica. Mas futebol vai ser sempre futebol e a gente sabe que os bastidores importam e muito. No entanto, meus amigos e amigas, não há lei e brechas que possam resolver o apresentado dentro das quatro linhas. E se as leis são ainda confusas, dentro de campo é claro: o Cruzeiro vai precisar, e muito, dos ensinamentos do professor!

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