Voltar a todos os posts

Temporada 2020, para mal ou para bem, chega ao fim

17 de Marco de 2021, por Vanuza Resende

A voz rouca no balcão do supermercado era reflexo dos gritos de campeão, ora trocados por bicampeão e alguma vezes até octacampeão – esse mais difícil de sair ali na hora, melhor deixar para ilustrar alguma foto nas redes sociais ou em um discurso pós-derrota, que inevitavelmente virá. O dono da mesma voz rouca vestia uma camisa surrada com as cores vermelha e preta e possuía um brilho no olhar, mesmo com olheiras de uma noite com poucas horas de sono. E com uma felicidade inconfundível de quem amanheceu campeão, dizia: ganhamos o campeonato mais difícil do mundo. É o mais disputado, o com maior número de clubes como favoritos! Construção de mais uma “utopia nacionalista”, mas que merece muita atenção ao final da temporada 2020.

Que me desculpem os amigos flamenguistas, mas aquela típica frase “nivelado por baixo” se encaixou muito bem nessa temporada. Erros atrás de erros que resultaram em um nível baixo dentro das quatro linhas. São Paulo, Atlético-MG e Internacional revezaram o topo e estiverem todos com a faca e o queijo na mão. Torci para o queijo ficar bem cortadinho em Minas, saindo do eixo Rio-São Paulo, que já ocupa todos os holofotes. Não deu. Assim como os gaúchos, que tiveram de cancelar mais uma oportunidade de fazer churrasco no pós-pandemia, para comemorar o título do Internacional que não é celebrado há mais de quatro décadas. Os amigos são-paulinos não ousam explicar o que aconteceu com o time na temporada, nem eu. E no Rio a liderança do campeonato, antes de ficar com o Flamengo, ficou com o Vasco, que liderou no início e amargou mais um rebaixamento. Acredito que os vascaínos não vão querer ler que são tetras... 

Um campeonato decidido no último minuto e mais uma vez a frase mais usada nessa temporada não deu certo: o Flamengo SÓ DEPENDIA DELE, e terminou a partida aflito, acompanhando o jogo entre Corinthians e Internacional. Naquele momento, o Colorado SÓ DEPENDIA DELE. Mais uma vez, isso de depender das próprias forças deixou os times fracos.

Tivemos raras exceções de times que definiram o que a temporada seria: o Botafogo com uma terrível crise e a iminência do rebaixamento. A consolidação do Bragantino, que, com empates e vitórias simples, ficou mais bem colocado que o Corinthians. O Timão, que brigou para conseguir o meio da tabela... era o que dava com o elenco. E tivemos ainda times que jogaram a toalha no final ou tentaram correr atrás do prejuízo depois de sofrerem com o calendário. Já não bastassem a pandemia e o atraso nas competições, a CBF, mais uma vez, não se mostrou interessada em resolver questões do extracampo. Afinal, quem está disputando três campeonatos que priorize aquele que achar mais vantajo$o.  

Em 2021, dois mineiros vão tentar brigar pela ponta. Atlético e América. O Galo, que está a todo custo – e bota custo nisso – tentando montar um time forte, agressivo e capaz de oferecer perigo em todas as competições. O Coelho tem tudo para ter deixado o ioiô (sobe e desce da Série B para a Série A) de lado e vai brigar pela permanência na competição. Por tudo que o verde e preto mostrou em 2020, é sul-americana para cima. Quem sabe o técnico Lisca não briga por uma vaga na pré-libertadores? Não estou sonhando, acompanhei acordada a brilhante atuação do América na Copa do Brasil em 2020, como o único representante mineiro até a semifinal do torneio.

A segundona de 2021 não oferece vantagem nenhuma para o torcedor. Mas, Vanuza, teremos um recorde de clubes na competição que já foram campeões nacionais: Botafogo, Coritiba, Cruzeiro, Guarani e Vasco estarão na disputa, o que representa um total de 12 títulos. Qual a vantagem disso, meu amigo? Vantajoso é não estar entre esses célebres campeões na Série B do Brasileirão e poder disputar, ainda que por baixo, o melhor campeonato do mundo. Afinal, eu não discordaria jamais com um torcedor que acabou de conquistar um suado título.

Deixe um comentário

Faça o login e deixe seu comentário