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Nós jovens de vinte anos atrás – o tempo não para

13 de Janeiro de 2015, por Evaldo Balbino

Adriano, Ana Paula, Alex, Aline Caldeira, Andreia, Cacá, Clébia, Dinho, Eliane, Evaldo, Ilneia, Júnia, Kely, Listevan, Luciana, Luciene, Paulo Cesar, Regina, Renata, Ricardo, Sônia, Vítor e talvez mais alguns de cujos nomes não me lembro agora. Em dezembro de 1994, estávamos terminando o Ensino Médio, éramos jovens e sonhávamos. Depois de anos de sufoco, de correria com provas e lições infindáveis, e professores tão amigos na faina do aprender, chegávamos ao fim de uma das etapas de nossas vidas. Era uma das etapas, pois, como já disse o poeta Cazuza, o tempo não para. E de fato não parou para todos nós que agora, em dezembro de 2014, vinte anos depois, resolvemos nos encontrar para um festejo.

Rumos diferentes, a maioria com suas famílias constituídas, esposas, esposos, filhos e filhas, mais rugas nas faces nos vinte anos que se passaram e imprimiram suas mãos de tempo que passa e que não para.

Rumos diferentes, pois desde aquela época cada um foi seguindo o seu destino, em outras cidades ou mesmo em Resende Costa. Uns arraigados fisicamente à sua terra natal, outros dela desprendidos por um distanciamento necessário na busca de estudos e empregos em outros sítios. Mas o pertencimento não se mede somente pelo caráter físico da existência. O lugar de que somos nos habita desde sempre ao longo da nossa vida, independentemente dos nossos deslocamentos, das nossas viagens. Viajando, estamos sempre voltando para casa.

E fizemos mais uma vez essa volta no dia 30 de dezembro de 2014. Um retorno em duplo sentido. Voltamos física e espiritualmente aos jovens que fomos em Resende Costa até meados dos anos 90 do século XX. Meu Deus! Falando assim, ficamos eternos, atravessando séculos, sendo duradouros.

Combinamos pelo Facebook esse nosso encontro no Bar da Maura, bem na avenida central da cidade. Fizemos isso para relembrar nossas vidas, nossa comunhão de colegas, de discentes no caminho do saber, de adolescentes nas descobertas e nos desencontros da vida. Pena que nem todos puderam comparecer. Mas os que comparecemos fizemos festa. Mais ou menos entre as 20 horas do dia 30 e as 02 horas do dia 31, sentamos às mesas dispostas em fila na avenida, conversamos, rimos, relembramos fatos e manias, professores saudosos e os que estão conosco nesta vida mesma. Num certo momento, por acaso, o Tião Melo, ex-professor de praticamente todos nós, passou pelas mesas, conversou, riu e ainda fez piada como comumente fazia em suas aulas. E aí nos lembramos das “paralelas” do Tião, aquelas apostilas com exercícios infindáveis, com explicações dos caminhos da Matemática. Foram aparecendo nomes de alguns dos nossos professores, como a Maria José, a Maria da Penha, a Regina Coelho, o Mário Márcio, o Marcos, entre outros.

Vez em quando um ou outro dizia “vinte anos já se passaram!!!” e falava isso com orgulho como que dizendo “o tempo é muito, e nele plantamos e colhemos já muita coisa”. Diante de tais comentários, os do entorno davam um assentimento de bom grado, uma resposta positiva e um olhar cúmplice. Entre copos de cerveja e suco e refrigerante, alternados com um bom papo, cada qual perguntando e sendo perguntado sobre os rumos que as vidas foram tomando, todos nós fomos nos colocando a par dos diferentes destinos, das guinadas que a vida vem dando em nossas vidas.

Vinte anos passados, com marcas desse tempo já impressas em todos nós. Se com algumas rugas a mais, se com cabelos brancos despontando ou tintura capilar disfarçando-os numa luta contra o tempo, não importa. Em todos pude ver, se não o mesmo brilho nos olhos, ainda sim um brilho, algo que cintilava em cada olhar, em cada gesto, em cada atitude. Uma alegria danada de viver, de querer a vida.

 

O tempo não para, e no contínuo movimento do tempo os nossos desejos podem até mudar, mas não deixam de ser desejos. Em todos os meus colegas e amigos, tanto os de 1994 quanto os de agora, as vidas ainda palpitam e a vontade de que tudo ainda continue por mais vinte anos e outros vinte anos mais é fato. Desejar a vida já é viver. Estamos vivendo, então.

Comentários

  • Author

    Parabéns Evaldo pelo texto. ..obrigada a todos da turma, foi maravilhoso este reencontro.


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