Enfim, a luz vencerá as trevas


Editorial

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Não se trata de mais um mantra afirmar que “devemos sempre nos reinventar” e que a “vida nos reserva infinitas surpresas”. O ano de 2020, que está chegando ao fim, confirmou que, sim, devemos verdadeiramente estar preparados para nos reinventarmos diante das surpresas que a vida nos revela. Às vezes surpresas desagradáveis, tristes e subitamente desafiadoras. Sobreviver à pandemia de Covid-19, que já dizimou milhares de vidas em todos os cantos e continentes do planeta, foi o maior desafio imposto à humanidade neste triste e infeliz 2020.

Era para estarmos eufóricos com a chegada das festas de fim de ano, fazendo planos para o Natal em família, planejando confraternizações com os amigos e já vivendo o clima alegre de réveillon. No entanto, a sensação que temos é de que 2020 não terá fim, congelou-se em março quando as primeiras medidas de isolamento de pessoas e cidades começaram a vigorar. Desde então, o novo coronavírus assenhorou-se do ano que mal havia começado, dominando-o e ditando o seu destino. Incapaz e assustada, a humanidade, tolhida da sua liberdade, quase se rendeu ao inimigo invisível, traiçoeiro e letal.

Apesar da desesperança, do medo e da perplexidade, foi necessário reagir, lutar com todas as armas a fim de conseguirmos sobreviver num campo de batalhas de onde vinham sinais apocalípticos. Superando o medo e, com o passar dos dias, conhecendo melhor o inimigo e suas artimanhas, fomos nos reinventando no trabalho, no cotidiano em família ou sozinhos, na vivência da espiritualidade e na diversão.

A nossa rotina mudou. Surgiram novos aprendizados em meio a tantos desafios, adaptações e renúncias. Aqueles que de alguma forma se dispuseram a praticar o isolamento social – ainda recomendado pela OMS como única medida comprovadamente capaz de frear a disseminação do novo coronavírus, enquanto não surgem remédios e vacinas – descobriram que para conviver em harmonia consigo mesmos é necessário tolerar-se, valorizar tempo e espaço e usufruir o máximo das novas tecnologias que nos aproximam de quem está distante.

Apesar de ainda vivermos dias sombrios, assistindo ao aumento preocupante do número de infecções e de óbitos pela Covid-19, as notícias neste fim de ano não são tão carrancudas como no início. Isto porque estamos vendo a tão esperada luz no fim do túnel brilhar mais forte a partir do surgimento de vacinas que nos testes vêm se mostrando eficazes.

O brilho dessa luz nos remete aos simbolismos do Natal. Uma estrela surgiu na noite escura de Belém, guiou pastores e magos mostrando-lhes o caminho que os levaria a um recém-nascido que um dia afirmou: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6).

Neste ano em que a vida se tornou supérflua para alguns políticos populistas mundo afora, uma simples estatística a ser mensurada em gráficos, reverenciemos o conhecimento e a ciência, que, vencendo a ignorância e o negacionismo, lançam luzes em meio às trevas e salvam vidas.

O isolamento que nos distanciou de tudo e de todos que amamos será enfim rompido por um grande abraço, que reunirá aqueles que acreditam na força do bem, da empatia e da solidariedade – únicas armas capazes de derrotar o vírus mortal da ignorância e da maldade.

Que 2021 seja um ano de concretização de sonhos, de realização de esperanças, de fortalecimento da bondade, da solidariedade e do amor. Que a luz do Natal ilumine, aqueça e converta corações gélidos. Sobretudo, oriente e inspire todos os homens e mulheres de boa-vontade.

Feliz Natal, um ano-novo repleto de paz, saúde e grandes conquistas!

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