Historiadora resende-costense lança livro em sua terra natal


Cultura

Vitória Cristina0

Paula Chaves autografou exemplares do seu livro em noite de lançamento na Biblioteca Municipal de Resende Costa (Foto Luana Chaves)

Para dar início à programação oficial da VII Mostra de Artesanato e Cultura de Resende Costa, no sábado 25 de maio, na Biblioteca Municipal, foi realizado o lançamento do livro De Minas para a corte. Da corte para Minas: Movimentações Familiares e trocas Mercantis (C.1790 – c.1880).  O livro foi escrito pela historiadora Paula Chaves Teixeira Pinto, uma realização da amiRCo (Associação de Amigos da Cultura de Resende Costa) com o apoio da Prefeitura de Resende Costa.

Paula, natural de Resende Costa, é graduada em História pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e doutora em História pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Seu contato com a História começou muito cedo, em razão de sua mãe, a historiadora Maria Lúcia Chaves, ser professora da disciplina. Ao ter contato com os materiais didáticos de sua mãe, Paula se aproximou cada vez mais da matéria que, segundo ela, “mexia com a sua imaginação”.

Enquanto aluna, Paula Chaves sempre se destacou. No ensino médio ela chamava atenção dos professores por seus trabalhos bem elaborados. Na universidade era destaque na graduação e pós-graduação de História. “Essas lembranças que eu tenho de quando eu era mais nova estão por trás da minha decisão, isso motivou minha escolha pelo curso de História. Desde que eu comecei o curso, sempre me envolvi em projetos de pesquisa, estudo sobre o comércio de Minas Gerais com o Rio de Janeiro, através das cartas dos Gervasio”, conta a historiadora. A autora fala que, enquanto historiadora, gosta de estudar a história econômica, daí o seu foco sobre a história econômica de Minas Gerais, em geral, do distrito da Lage e seu entorno, em particular.

Desde o início da sua graduação, Paula Chaves se envolveu com projetos de pesquisa. Ela se dedicou a realizar transcrições de documentos nos arquivos em São João del-Rei. Foi a partir daí que surgiu o interesse em estudar as cartas de Gervásio Pereira Alvim, personagem de seu livro, e participar de eventos apresentando dados parciais da pesquisa iniciada. Após esse período, ela ganhou uma bolsa de iniciação científica em um projeto sobre escravidão e sociabilidades em São João del-Rei.  “Eu gostava de estar em contato com as fontes, com os livros, com a escrita de comunicações, com participação em eventos acadêmicos. E no momento de escolher a modalidade de formação, escolhi me formar primeiro como bacharel em História. No ano seguinte, fiz a licenciatura, mas também iniciei a iniciação científica sobre a escravidão. Depois que me envolvi com esses dois projetos, fui me aperfeiçoando como bacharel em História e resolvi dar continuidade ao estudo das cartas do Gervásio”, diz.

 

O livro

O livro lançado por Paula Chaves no dia 25 de maio último é, na verdade, sua tese de doutorado. Paula recebeu muitos elogios ao defender seu trabalho de doutoramento e, quando surgiu a oportunidade de transformar sua pesquisa em livro, ela se inscreveu na Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica (ABPHE), sendo premiada, com menção honrosa, como melhor tese de doutorado no período 2014-2016. “Recebi muitos incentivos dos meus professores, amigos e familiares”, diz Paula.

O material de pesquisa da historiadora Paula Chaves foram as cartas de um comerciante da Lage (atual Resende Costa) chamado Gervásio Pereira Alvim. Curiosamente, essas cartas foram encontradas dentro da gaveta de uma antiga cômoda com fundo falso. Paula vem se dedicando à análise e ao estudo das cartas de Gervásio desde 2003. Ela demorou quatro anos para concluir sua tese de doutorado pela Universidade Federal Fluminense (UFF). “Minha maior inspiração para o livro foi meu projeto de doutorado e as pesquisas e leituras que constituíram minhas fontes principais”, diz a autora. Para saber mais sobre os negócios de Gervásio Alvim, Paula visitou o arquivo histórico do escritório do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), fez buscas por inventários, visitou o Arquivo Público Mineiro e foi até à Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, onde encontrou diversos nomes de comerciantes que faziam negócios com Gervásio.

 

Projetos

Paula Chaves já planeja outro projeto com embasamento em estudo acerca da abolição da escravidão através do viés das elites de Minas Gerais, uma região cuja economia não estava voltada para a exportação, uma vez que escravista. “Estou iniciando esse projeto como uma pesquisa de pós-doutorado em História na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Trata-se de um projeto financiado pela CAPES através da PNPD. É um projeto que me atrai muito, tenho muitas expectativas em relação a ele”, conclui a historiadora.

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