A edição de novembro (ed. 187) do Jornal das Lajes teve como reportagem de destaque o “Movimento Pretas Presentes”, criado em Resende Costa em agosto deste ano. Conforme a reportagem do JL, o movimento reúne 22 mulheres negras de diferentes idades e tem como objetivo fazer ensaios fotográficos com o intuito de despertar a atenção das pessoas para o preconceito que existe contra as mulheres, em especial contra as mulheres negras.
As integrantes do movimento se reuniram no dia 16 deste mês no Mandacá Açaí para um ensaio fotográfico, que foi divulgado hoje (20) nas redes sociais em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra e de Zumbi dos Palmares. “Tiramos as fotos com o famoso símbolo de ‘Rosie’ ou ‘Naomi Parker Fraley’ (norte-americana Naomi Parker Fraley, que durante a Segunda Guerra Mundial inspirou o pôster icónico ‘Rosie the Riveter’ - Rosie, a operária, posteriormente adaptado num símbolo feminista, faleceu aos 96 anos). Assim como ela, nós e todas as mulheres também podemos. O símbolo (We Can Do It! – Sim, Nós Podemos!) demonstra também a nossa força”, disse Ianka Emanuelle Ferreira dos Reis, 17 anos, uma das coordenadoras do Movimento Pretas Presentes.
Segundo Ianka Reis, as roupas usadas por elas durante o ensaio “tribal, mais colorida e chamativa foi uma (re)memoração aos nossos ancestrais africanos, que na verdade não são somente nossos ancestrais, por mais que muitos neguem a cultura afro”. Ela chama a atenção para o objetivo do grupo, que é também incentivar as mulheres a continuarem a luta contra a violência e o preconceito. “Incentivar não somente a nossa, mas a força de todas as mulheres. Força que todas nós possuímos e que muitas vezes parece estar latente e oculta, mas está bem ali. É essa força que usamos no nosso grupo todos os dias e na nossa vida para enfrentar a sociedade e os padrões impostos”, afirma Ianka
“Freud (médico austríaco Sigmund Freud, criador da psicanálise) disse que ‘brincadeiras não existem’. A nossa resposta sobre as ‘brincadeira’ que enfrentamos e iremos enfrentar está na foto, ou seja, iremos lutar com força, garra e orgulho. Ademais, não estamos aqui de brincadeira e não as aceitaremos, até porque elas não existem, segundo Freud”, conclui Ianka, falando sobre as ‘brincadeirinhas’, que muitas vezes trazem oculto ou explícito o infame e inaceitável preconceito que ainda existe contra as mulheres negras.
