Uma dose de bom senso e diálogo


Editorial

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Resende Costa completou, no último dia 2 de junho, 110 anos de emancipação política, uma data importante que nos leva a refletir acerca dos próximos capítulos que vamos escrever dessa rica história de conquistas. Os eventos de comemoração do aniversário da cidade são destaques na edição deste mês do Jornal das Lajes, que aborda também, em reportagem especial, as mudanças no trânsito na avenida Alfredo Penido, a “Avenida dos Artesanatos”. A proposta de alteração no trânsito da via urbana mais movimentada de Resende Costa está em fase de testes, mas já conta com a resistência de moradores e lojistas.

O aumento considerável no tráfego de veículos na Alfredo Penido vem preocupando a Prefeitura Municipal já há algum tempo. Como resolver a desordem no trânsito sem prejudicar o comércio no local, especialmente nas lojas de artesanato? Essa tem sido a principal causa da dor de cabeça daqueles que se propõem a tentar solucionar o imbróglio.

Nos finais de semana e feriados, quando o movimento de turistas é mais intenso em Resende Costa, os transtornos são ainda maiores na Avenida dos Artesanatos. Estacionamento permitido nos dois sentidos da pista e via de mão dupla contribuem para a bagunça generalizada, que mistura congestionamento de veículos, falta de espaço para os ônibus de excursão e riscos iminentes para os pedestres, que não encontram acessibilidade, faixas de sinalização e calçadas estruturadas.

Recentemente, outro problema agravou a já caótica situação na avenida Alfredo Penido: a Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) realizou obras de implantação da rede de esgoto no bairro Nossa Senhora da Penha e deixou o asfalto da via em péssimas condições. Quem transita de carro pela Alfredo Penido sofre com as ondulações na pista.

Diante de tantos problemas, uma voz uníssona em Resende Costa clama, há tempos, pela necessária revitalização da avenida que é a porta de entrada da cidade e onde se localizam as mais de 80 lojas de artesanato.

De volta ao questionamento: como realizar as obras de revitalização da Avenida dos Artesanatos sem impactar negativamente o comércio local? A administração municipal propôs uma intervenção na via através de um projeto arquitetônico inovador que a transforma em calçadão. O projeto, elogiado por muitos resende-costenses, não agradou, porém, a alguns moradores e empresários, que se queixaram do impacto que a obra poderia causar no comércio no local.

Devido à resistência, a administração municipal optou pela revisão do projeto e reapresentá-lo, levando em consideração algumas sugestões apresentadas pelos moradores e lojistas, como a ampliação de pontos de carga e descarga e de estacionamentos. A nova versão do projeto está em fase de elaboração.

Ainda na tentativa de resolver a caótica situação na Alfredo Penido, ou pelo menos mitigá-la, a Prefeitura Municipal, desde o último dia 30 de maio, realizou mudanças no trânsito, alterando o sentido do fluxo de veículos, transformando a via em mão única para quem chega à cidade. Quem sai de Resende Costa precisa necessariamente passar pela avenida Tiradentes, inaugurada recentemente. A “Nova Avenida”, como vem sendo chamada pelos resende-costenses, foi construída justamente para desafogar o trânsito na Alfredo Penido. No entanto, a alteração no trânsito, ainda em fase de testes, também não está agradando a alguns moradores, principalmente lojistas do ramo do artesanato. O argumento principal deles é que a mão única na via causará transtornos aos turistas, que precisam dar voltas para chegar às lojas situadas na parte central da avenida.

O momento pede sensatez e diálogo construtivo de ambas as partes, poder público e cidadãos. Afinal, toda reforma gera transtornos e impactos, sendo que atingir um consenso unânime é missão praticamente impossível. O que devemos fazer, no entanto, é refletir sobre qual modelo de cidade desejamos para a Resende Costa que completou 110 anos. Queremos uma cidade mais aconchegante, bonita e acolhedora? Desejamos que a nossa cidade esteja preparada e organizada para impulsionar o setor do turismo que vem crescendo exponencialmente? Ou, ao invés disso, vamos optar apenas por maquiar problemas e postergar as possíveis soluções deles para um futuro incerto?

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