“Ser feliz é tudo o que se quer”, já dizia o poeta. E o que nos faz felizes? Que cada um descubra suas motivações para viver a vida com muito prazer. Sobre isso, confira o que disseram nossas entrevistadas.
“Falar de paixões? Ah!... Muito agradável! Quem não as tem? E... por que não dizer que são elas que nos movem a enfrentar o lado sério da vida?
Ousadamente lembro nosso grande Drummond em seu Poema de Sete Faces, transformado por mim:
Quando nasci, um anjo torto disse:
Vai, Stela! Gostar de vôlei na vida.
Penso, gostar seria pouco; é paixão mesmo!
Ainda menina, ia às “lajes de cima”, em época de férias. Ali estavam os adolescentes resende-costenses que estudavam em colégios internos a jogar seu vôlei. Sentada, à margem, acompanhava a bola completamente enamorada. Entendia pouco, mas sentia tudo. Que vontade danada de estar ali fazendo parte da equipe!
Só que a oportunidade viria. Eis que chega a nossa cidade e, felizmente pra ficar, uma pessoa que tão bem pratica o esporte: Valéria – a nossa Valéria do Dr. Paulo. Com a ajuda de Toninha Lara, exímia levantadora e amante do vôlei, elas se dispuseram a nos ensinar a jogá-lo.
Todas as tardes, íamos ao Lajes Clube e lá treinávamos. Quando chovia, descíamos munidas de puxador e panos de chão para secarmos a quadra. Organizávamos torneios e arrisco dizer que, se não foram os melhores momentos da vida, podem a eles ser comparados. Ali, meus filhos aprenderam a andar de bicicleta (com rodinhas) enquanto mamãe atleta jogava seu vôlei.
Certa vez, sofri uma torção feia no tornozelo. Dr. Paulo colocou gesso e suspendeu o esporte por quinze dias. Que fazer? Era urgente. Oito dias depois...treino. Contrariando o marido, eu mesma removi o gesso e ainda pude contar com a ajuda dele, pois estava impossível fazê-lo sozinha. Confesso que joguei; confesso que doeu e senti medo, mas também confesso que o faria de novo. É... a paixão é cega!
Hoje, somos uma turma mista em todos os sentidos. Não dá nem pra definir a faixa etária. Varia de quinze a sessenta e... Impressionante como dá para conviver tão bem!
A cada tombo... a cada esforço... a cada ponto perdido ou ganho, chego à conclusão: é bom ser apaixonada. Ali, também, sou feliz de verdade!”
(Stela Vale Lara)
“Desde os meus primeiros anos de vida, já ouvia sons de instrumento na minha casa. Meu pai era pistonista e participava da Banda Santa Cecília, que era regida pelo saudoso professor Geraldo Sebastião Chaves. Meu irmão mais velho, o Geraldo (Curinga), também fazia parte da banda como percussionista. Modéstia à parte, tocava muito bem. A Lourdes, que era mais velha que eu seis anos, participava do Coro Paroquial e fazia parte das coroações.
E fui crescendo gostando de ouvir os sons das notas musicais. Aos onze anos, ingressei nas aulas de música do professor Geraldo Chaves, o qual me ensinou a ler as primeiras notas. Com o passar do tempo, ele achou por bem que aprendêssemos a tocar um instrumento. Dona Naná, sua esposa, me convenceu a aprender tocar violino, que ela maravilhosamente tocava. E cantava como um rouxinol. Começamos com as aulas, sendo eu, Naná (do Hugo), Vera (do senhor Jesus), Maria Aleluia (atual maestrina do Coral Opus Mater Dei), Lilia Lara, Ieda Melo e Anísia (filha do senhor Valdemiro Coelho), as alunas. Éramos quatro no violino e três no acordeon.
Depois me casei, aos dezesseis anos. Morei na zona rural e passei duas décadas só cuidando da família. Em 1983, já morando em Resende Costa (na cidade), fui chamada para trabalhar na prefeitura como auxiliar de serviços gerais. Com isso, Aleluia me convidou novamente para participar do Coral. Aceitei o convite com muito amor e carinho. Fui participando dos ensaios para a Semana Santa e de todos os eventos católicos. Aleluia e Dona Terezinha Lara sempre nos ensinavam a cantar lindíssimas missas a quatro vozes e outras diversas peças.
Nos tempos do padre João Rodrigues de Paula no comando da nossa paróquia, pude me aperfeiçoar e aprender com mais facilidade as partituras de missa que padre João exigia que fossem cantadas em todas as celebrações, de acordo com a liturgia.
Na verdade, o meu canto é para louvar a Deus, a Santíssima Trindade e a Maria, mãe de Deus e nossa, a quem recorro nas minhas dificuldades como mãe de família, esposa e dona de casa. A música me faz muito bem, já que tem o poder de mudar o nosso humor e expressar os nossos sentimentos. É uma aliada de todos os momentos, mesmo os tristes, fazendo assim suportá-los com mais leveza.”
(Maria Penha de Souza, a Penha do Jair)