Voltar a todos os posts

Cultivando paixões

13 de Julho de 2010, por Regina Coelho

Moldura com o quebra-cabeças retratando a tela da Criação

Por um feliz acaso, uma vez que não tenho o costume de ver o programa Estrelas, comandado pela apresentadora global Angélica, nas tardes de sábado, dei de cara com um quadro da atração em que o entrevistado era o mestre Armando Nogueira. Tratava-se de uma reprise, que foi ao ar no dia 3 de abril deste ano, na verdade uma homenagem ao brilhante jornalista falecido em março de 2010. Na matéria em questão, entre outras abordagens e sempre com a competência linguística e o bom humor que lhe eram característicos, Armando Nogueira falava entusiasmadamente de sua paixão pelos aviões. E vai mais longe, aliás, ele pilota sua aeronave levando Angélica a bordo. Voa radiante, sem quem lhe pesem os anos. E confirma o que já é sabido, porém muitas vezes esquecido: precisamos de bons projetos de vida que nos motivem a tornar realidade pequenos e grandes sonhos.
 
Incluo-me na legião de admiradores do velho Nogueira. Isso talvez explique a alegria que tive de ver, pleno de felicidade, aquele homem-menino, naquele voo. Daí veio a inspiração para buscar relatos reveladores de paixão por coisas até mesmo simples, nem por isso menos importantes para quem as cultiva. Confira!
 
“Já cometi muitas loucuras pelo Clube Atlético Mineiro, como deixar de ir a aulas importantes, de fazer provas e até de ir ao encontro da namorada. Tudo isso pelo futebol, tudo isso pelo Atlético.
 
Recém-saído de Resende Costa em 77, fui conhecer o Mineirão logo na estreia do Brasileirão, em que o Galo enfrentaria o Remo (PA). Não sabia nem em qual lado o estádio ficava, mas mesmo assim me aventurei. Segui por várias ruas um rapaz que usava a camisa do Atlético. Ele parava em muitos bares e eu lá, esperando por ele, até que vi um ônibus onde se lia ESTÁDIO, parado no sinal. Pedi ao motorista para entrar. Quando entrei no Mineirão, fiquei encantado, meio bobo, contemplando a vitória do Galo por 4x1 (um lindo gol do ídolo Reinaldo). Logo me vi fazendo parte daquela fanática nação alvinegra. Aquele era o início de uma grande equipe.
 
O campeonato de 77 foi frustrante para o Atlético. Para mim o time daquele ano foi o melhor, invicto e com 10 pontos na frente do segundo colocado, o São Paulo. No jogo da final, eu tinha comprado o ingresso da arquibancada, mas no caminho fui roubado e me sobrou apenas o ingresso, que tive de vender para comprar o de geral, que era mais barato. E sobraria algum dinheiro para a passagem de volta. O Mineirão estava lotado, mais de 100 mil torcedores. Reinaldo estava suspenso e fez muita falta. O jogo terminou empatado em 0x0 e nos pênaltis os jogadores do Galo pecaram nas cobranças e viram a taça de campeão se afastar.
 
Em outra ocasião, era final do Campeonato Brasileiro de 80, Atlético x Flamengo e estávamos (eu e um grande amigo atleticano, é claro) no Mineirão para a grande festa de mais tarde. Havíamos passado o dia todo picotando papéis. Só que, devido à má administração do estádio (como sempre) e à superlotação do Mineirão, houve muito tumulto. Os portões só foram abertos duas horas antes do jogo e acabamos por perder nosso confete, mas tudo aquilo valeu a pena. Reinaldo, o nosso Rei, fez o gol da vitória por 1x0 naquele jogo. Só que na outra partida no Maracanã, o Flamengo levou a melhor, 3x2 sobre nós.
 
Hoje faria tudo novamente, afinal de contas é o Atlético Mineiro, time da torcida mais vibrante e apaixonada do planeta.”
(Toninho Ribeiro)
 
“Minha paixão pelos quebra-cabeças começou quando, ainda criança, ganhei um conjunto com os mapas dos continentes. Eram cinco jogos com 50 peças cada. Ficava fascinado com o brinquedo, os quais montei e desmontei várias vezes. Brincava e aprendia ao mesmo tempo.
 
Muitos anos se passaram e esse encantamento pelos quebra-cabeças ficou meio que adormecido. Até que, em uma das minhas idas a Belo Horizonte, há cerca de seis anos, encontrei um de mil peças. A figura a ser formada era a Praça de Cibeles, em Madri. Resolvi me aventurar e tentar montá-lo. Foi aí que me lembrei de como era emocionante, como era prazeroso montar cada peça se encaixando noutra para formar uma obra maior.
 
Desde então segui montando vários outros, como ‘Natividade’, que representa o nascimento de Jesus (500 peças) e ‘A Santa Ceia’, de Leonardo Da Vinci (1000 peças). Todos devidamente colados e emoldurados. Minha última aventura foi montar ‘A Criação de Adão”, de Michelangelo, com 5000 peças. Eu, Clébia e Lucas, levamos exatos seis meses para fazê-lo, mas valeu a pena. Cada peça mede 2,00x1,00 cm e o quadro todo tem 97 x 137 cm. Encontra-se emoldurado e pendurado como decoração de nossa casa.
 
Acredito ser esta uma forma de lazer interessante, pois além de distrair e instruir, como disse antes, cada pequena peça encaixada é um desafio vencido. A família se une por um objetivo comum e se diverte. Prova disso é que o Lucas, meu filho, desde os oito anos, ama montar quebra-cabeças”.
 
(Fernando Victor Resende)
NOTA: A matéria continua na próxima edição.

Deixe um comentário

Faça o login e deixe seu comentário