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Havia Resende Costa no caminho

16 de Junho de 2011, por Regina Coelho

Meu querido e saudoso pai gostava de dizer que lugar bom de viver é onde a gente ganha dinheiro. Falava isso entre nós, por convicção própria e como forma de encorajamento, sempre que alguém da família se mudava de Resende Costa por motivo de trabalho. Pela mesma ótica, mas seguindo sentido contrário, aqueles que aqui chegavam para morar e trabalhar estavam vindo para um bom lugar.

Gostar da terra natal é quase uma consequência natural, principalmente quando a gente também vive nela por um tempo ou o tempo todo. Diferente disso é adotar uma outra terra. E se os nascidos em Resende Costa se orgulham, na maioria das vezes, dessa sua condição, o que dizer dos que adotaram nossa cidade? E quem são eles? Certamente alguns de nossos vizinhos ou colegas de trabalho ou mesmo pais de amigos nossos. Ou simplesmente conhecidos ou não. De qualquer forma, são pessoas na vida de quem havia Resende Costa no caminho, para muitos, ao que parece, havia mesmo o destino definitivo. Falo de gente como a dona Edite do Beú e o Toninho da Cemig, entre tantos outros filhos adotivos da cidade.

Edite Morais Resende, 77 anos, é natural de Itaguara (MG) e chegou a Resende Costa em 1955, mudando-se para cá por haver se casado com um resende-costense (o Zé Beú do Nico Resende). Ao conhecer a cidade, foi logo gostando do lugar, pois revela ter sido bem recebida aqui. “A cidade era pequena, mas o povo era hospitaleiro e me senti em casa”, afirma a dona de casa, que também lecionou no então Grupo Escolar Assis Resende, atual Escola Estadual Assis Resende.

Diferentemente de dona Edite, o funcionário Antônio do Nascimento Ferreira já conhecia Resende Costa porque já tinha vindo aqui a trabalho pela CEMIG, ajudando o colega Malta. O 1º de março de 1966 ficou marcado como o dia em que ele aqui se estabeleceu, tendo vindo sozinho, de ônibus e transferido de Nova Era. “Já gostava de Resende Costa, uma cidade muito tranquila”, comenta o hoje aposentado eletricista, 71 anos.

Indagados sobre o que a cidade tem de melhor, dona Edite afirma ser o trabalho de artesanato porque dá emprego a várias pessoas. Antônio acha que Resende Costa continua sendo tranquila e também fica perto de São João del-Rei, sua terra de origem e onde reside sua família. Para ela o que há de pior aqui é a falta de lazer para crianças, jovens e adultos. Ele não vê nada de que não goste na cidade. Também não tem vontade de se mudar daqui um dia, pois já se considera um resende-costense e os filhos moram aqui. Dona Edite, da mesma forma, não se mudaria de Resende Costa, onde já se acostumou a viver e tem muitas amizades.

E o que a cidade representa para eles hoje?

Um lugar especial, como se eu tivesse nascido aqui, pois foi onde eduquei os meus filhos. E os que moram fora gostam de estar aqui sempre que podem. (Edite)

Quando aqui cheguei, Resende Costa era uma cidade bem pequena. Trabalhava sozinho, não tinha carro de trabalho, era tudo mais difícil. Aqui me casei, tive seis filhos e hoje tenho aqui meu lar. Adotei Resende Costa e fui adotado pela população daqui. Quem não conhece o Toninho da Cemig? Não passa pela minha cabeça sair daqui jamais, nem mesmo quando morrer. Passei a maior parte da minha vida aqui e hoje me considero resende-costense de coração. (Antônio)
Dos inconfidentes José de Resende Costa (pai e filho) às novíssimas gerações, Resende Costa é terra querida de todos que fazem dela um lugar sempre melhor de viver. Nascidos aqui ou chegados, somos resende-costenses de fato e de direito quando assumimos como nossa a quase centenária cidade das lajes e dos teares.

Registro aqui com alegria a homenagem da coluna a Resende Costa ao ensejo de seus 99 anos de emancipação política.

Em tempo- Ter escolhido dona Edite e o Toninho da Cemig como representantes dos resende-costenses adotivos significa dizer que, além do mérito pessoal, eles possuem, cada um a seu modo, uma longa e definitiva história de amor com Resende.

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