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Hora do relaxamento

16 de Janeiro de 2018, por Regina Coelho

piadas aos montes existem por toda parte. Temáticas e veiculações tradicionais se aliam ao novo na produção e propagação de textos feitos para provocar o riso. Piadistas também, é lógico, podem ser encontrados facilmente por aí. Há os profissionais da área. São pessoas que emprestam, ou melhor, vendem seu talento para o humor ao público. E há os amadores de plantão. Esses estão sempre prontos a fazer graça com tudo, em qualquer lugar, até mesmo em velórios, muitos deles concorridos, não exatamente pela pessoa falecida. Nas turmas de escola ou de trabalho, não pode faltar um engraçadinho ou engraçadinha. Nas despretensiosas e divertidas rodas de conversa, geralmente é essa figura quem monopoliza as atenções gerais com seu vasto repertório de piadas e de casos engraçados envolvendo principalmente gente conhecida dos ouvintes dessas histórias. Para essa criatura hábil na arte de fazer rir vale até aquela velha máxima de “correr o risco de perder um amigo, mas não perder a piada”. Esse risco não vou correr aqui, pois minhas amigas Bia e Lulude foram apenas testemunhas do caso que me contaram e que passo a narrar agora.

Saindo de Vitória (ES) com destino a Barbacena (MG), o ônibus da Viação Rio Doce cumpria seu trajeto de 12 horas, ao longo do qual, fora duas paradas maiores, parava brevemente nas rodoviárias das cidades por onde passava para desembarque e embarque de passageiros. Em cada uma delas um funcionário da Rio Doce anunciava em voz alta os nomes de quem deveria ficar naquele lugar. Isso como forma de alerta aos desatentos quanto à sua vez de desembarcar. Em Cataguases (MG), a cena se repetiu com a seguinte chamada:

- Passageira Maria Eugênia!

Silêncio!

- Passageira Maria Eugênia!

Nada!

Foi aí que uma mulher, muito despachada, por sinal, resolveu ajudar o rapaz e saiu andando pelo ônibus procurando pela outra. Ocorreu a ele ir até a poltrona 8, onde a “desaparecida” deveria estar. Poltrona vazia. Ao lado, um senhor dormia. Ao ser acordado e indagado sobre o paradeiro da companheira de viagem, por razões óbvias, não soube dizer nada. Então, ouviu-se um grito vindo lá dos fundos do ônibus.

- Achei!!!

Depois de gritar pra todo mundo ouvir que havia achado finalmente a tal da Maria Eugênia, a nova e persistente “ajudante” da empresa parecia triunfante mostrando a todos sua descoberta. Desperta de seu sono profundo e ainda com os cabelos desgrenhados, a dorminhoca, para se explicar, passou a atacar o ocupante da poltrona 7, pondo nele a culpa por ela ter saído de onde estava antes porque o danado roncava muito alto, e ela não conseguia dormir com tanto barulho.

Eis aí a vida em fragmentos de pequenas histórias cotidianas, com sua natural graça, aqui, duplamente entendida. E o engraçado acontece também onde menos se espera! Observem:

 

ALTA HOSPITALAR

"A partir do momento em que o médico comunicar a alta médica, o paciente e o acompanhante deverão aguardar no leito a liberação do sumário de alta e o formulário de alta hospitalar pela equipe de Enfermagem" – Hospital São Lucas - BH

Extraído de uma pasta colocada sobre a mesa de cabeceira do quarto onde estive, o comunicado acima integra uma relação de itens denominada Orientações ao cliente. Diante do que li, como acompanhante da minha irmã Olguinha, hospitalizada há pouco mais de um ano para se submeter a uma cirurgia de varizes, fiquei na dúvida se deveria seguir o que o texto recomendava. Brincadeirinha!

Os jornais também estão cheios de pérolas. Não são erros gramaticais, mas maneiras involuntárias de escrever uma coisa que tornam cômico o escrito. Exemplos não faltam:

No corredor do hospital psiquiátrico, os doentes corriam como loucos.

Parece que ela foi morta pelo assassino.

Ferido nos joelhos, ele perdeu a cabeça.

O rapaz levou um tiro na nuca pelas costas.

A CVC aposta em Portugal para o feriado de Carnaval. A saída é no dia..., e o programa terrestre sai a partir de... por pessoa. Inclui guia falando português, traslado...

Falando sério, no país da “piada pronta” (termo cunhado pelo jornalista Zé Simão), onde, segundo o Zorra (programa de humor da TV Globo), “tá difícil competir com a realidade”, o riso saudável é respiro puro.

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