Professar e professorar são verbos registrados nos dicionários com várias acepções. A mais comum é a que define esses termos como “trabalhar como professor, ensinar, lecionar”. Com esse sentido, há muita gente trabalhando por aí, desde os convencionais profissionais da educação, passando pelos instrutores que dão aulas de informática, de artes marciais, de natação, de pintura, de costura e uma infinidade de outras práticas. E essa onda chegou aos clubes e estádios de futebol do Brasil, onde o técnico é respeitosamente chamado de professor por seus comandados.
Um giro em algumas áreas do entretenimento revela como e o quanto a figura desse profissional é representada no exercício de seu ofício. Criaturas ficcionais nascidas de criadores, situações e momentos tão diversos, os professores aqui selecionados formam um “corpo docente”, no mínimo, bastante eclético.
Pra começar, quem não se lembra, por exemplo, de um certo professor de voz rouca, aquele do “vapt vupt” ou do “E o salário, ó!”? A criação do programa de humor Escolinha do Professor Raimundo, em 1952 pelas mãos de Haroldo Barbosa para a Rádio Mayrink Veiga fez surgir o talento de Chico Anysio na composição de Raimundo Nonato. Ganhando versão para a tevê (TV Rio) em 1957, dentro do programa Noites Cariocas, o formato solo, já na Globo teve estreia em 1990. Nele, tipos variados de alunos em salas de aula comandada pelo amado mestre de Rolando Lero (personagem do saudoso Rogério Cardoso) garantiram a diversão do público até 2001. Vem do seriado Chaves o romântico professor Girafales. Eterno pretendente de Dona Florinda, ele foi interpretado por Rubén Aguirre Fuentes, ator mexicano, hoje adoentado e afastado do trabalho.
Saindo dos humorísticos, a professora Clotilde também deixou sua marca. Interpretada por Maitê Proença na novela O Salvador da Pátria (1989), de Lauro César Muniz, ela é uma professora universitária que, em contato com analfabetos para desenvolver sua tese, envolve-se com um deles, o boia-fria Sassá Mutema (Lima Duarte), que também se encanta por ela. Igualmente encantadora, a professora Helena (Gabriela Rivero), de Carrossel (versão original mexicana exibida em 1989) é a perfeição em pessoa junto a seus alunos com seu jeito doce, amoroso e conciliador.
Ainda na televisão e infelizmente sem grandes números na audiência, o excelente Rá –tim-bum, programa infantil levado ao ar pela TV Cultura entre 1990 a 1994 tem no professor Tibúrcio (Marcelo Tás) sua figura central. Ao conclamar seus alunos para a aula usando seu bordão Olá, classe!, ele personifica o professor nada convencional que ensina a eles de maneira lúdica noções de higiene pessoal, ecologia, cidadania, português e matemática.
Da literatura infantil brasileira duas professoras se destacam. Uma delas é Dona Cecília Paim, personagem de O Meu Pé de Laranja Lima, um clássico infantil das nossas letras, de José Mauro de Vasconcelos, publicado em 1968. Considerada feia, Cecília nunca recebia flores dos alunos, mas, bondosa e sensível, conquista o coração do menino Zezé (o protagonista da história), que passa então a lhe oferecer diariamente uma flor roubada de certa casa, detalhe descoberto mais tarde por ela. Uma bonita troca de afetos esse momento. Já da cabeça maluquinha de Ziraldo saiu a professora Maluquinha (Uma Professora Muito Maluquinha, 1995). Com seus revolucionários métodos de ensino, ela transforma em brincadeira suas aulas e defende a leitura como instrumento principal para o conhecimento do mundo. Sábia maluquinha ela, não?
Criado em 1952 pelo desenhista Carl Barks para a Walt Disney Company, o professor Pardal é o representante animal dessa relação de “teachers” (professores). Na verdade, ele é um galo antropomorfo, ou seja, com forma de humano. Como inventor da fictícia Patópolis, é meio atrapalhado, sendo quase sempre salvo de suas experiências nem sempre bem sucedidas por seu simpático assistente Lampadinha, amigo eletrônico inventado pelo famoso professor.
Dos gibis para o cinema, entra em cena o professor John Keating. No belíssimo filme Sociedade dos Poetas Mortos (de 1989, dirigido por Peter Weir), é Robin Williams, um dos maiores artistas dos últimos tempos, falecido em agosto último, o responsável por dar vida a esse professor de inglês e literatura nem um pouco tradicional. Chamado de meu capitão pelos alunos, pela forma como eram conduzidos a buscar a luz do saber, Mr. Keating inspira-os a perseguir suas paixões individuais e a fazer de suas vidas uma coisa extraordinária. Grande inspiração para todos nós esse seu olhar sobre a existência humana.
Realidade de volta, lembremos os bons professores de cada dia, de todos os tempos, de perfis tão diversificados, em todos os lugares, para sempre lembrados na memória dos que se reconhecem transformados pela orientação segura de seus mestres.
Conjurados – 50 anos – Não posso perder a oportunidade de me juntar àqueles que comemoram neste mês de outubro os 50 anos de existência da Escola Municipal Conjurados Resende Costa. Nela vivi inesquecíveis anos como aluna, voltando a ela tempos depois para iniciar minha vida profissional como professora, aí permanecendo por muito tempo. Sou, portanto, prata da casa, orgulhosa dessa condição.
De tradição cinquentenária, a E. M. Conjurados desempenha no município um trabalho fundamental na área da educação sendo também referência afetiva na vida de muitos resende-costenses que construíram com ela belas histórias.