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O primogênito, o(s) do meio, o caçula

11 de Outubro de 2020, por Regina Coelho

Ter irmãos significa fazer parte de uma história comum familiar, na maioria das vezes compartilhando vivências e sendo os primeiros amigos entre si. Nessa última condição, brincando e brigando com toda a intimidade advinda desse intenso convívio diário.

Ao longo da trajetória da humanidade, os relacionamentos fraternais, reais ou fictícios, estiveram presentes em uma infinidade de narrativas. Nelas cabe, por exemplo, a passagem bíblica envolvendo os irmãos Caim e Abel, na qual o primeiro mata o segundo por inveja em ato extremo e nada fraternal. Diferentemente dessa convivência desarmoniosa, cabe lembrar aqui Cosme e Damião, irmãos médicos que curavam pessoas e animais não cobrando por isso. Protetores dos gêmeos (caso dos dois, o que certamente os uniu ainda mais) e das crianças (daí as balas e os doces distribuídos a elas no dia deles), representam a boa irmandade.

A favor de quase todos os irmãos, é preciso dizer que, de um modo geral, as relações entre eles são permeadas de amor, confiança e companheirismo, ainda que imperfeitas. Andei pensando nesse assunto e pesquisando sobre ele ao descobrir recentemente que existe o Dia do Irmão, que, no Brasil, é celebrado em 5 de setembro. E de irmãos eu entendo bastante, já que fui criada no meio de oito. Sabe-se, por estudos, que a ordem de nascimento dos filhos pode determinar certos traços de personalidade, definindo uma parte da pessoa que somos. Mesmo antigas e com o tempo determinadas por outros fatores, as ordenações familiares continuam tendo peso na formação da individualidade de cada filho. Assim é que, pela ótica dos especialistas e observação de quem é irmão (com direito a discordâncias), tracei abaixo breves perfis do irmão mais velho, do irmão do meio e do mais novo.

O PRIMOGÊNITO: o único que pode experimentar a exclusividade dos pais (o filho único, por óbvia razão, não conta). Normalmente considerado autodisciplinado, organizado e prudente, apresenta ainda as seguintes características:

  • é mais protetor (tem uma função importante na família ao dar apoio aos irmãos mais novos);
  • é mais intenso (carrega uma carga maior de responsabilidade imposta pelos pais, que criam altas expectativas sobre ele e tendem a ser mais rigorosos nas cobranças a esse filho);
  • é um líder (referência natural para os irmãos, assume papel de liderança em relação a eles, principalmente na ausência dos pais);
  • é um influenciador (serve de exemplo para eles).

O(s) IRMÃO(s) DO MEIO: com núcleos familiares cada vez menores, eles, que antes eram comuns, estão se tornando raridade. Conhecidos como “filhos sanduíche”, podem ser acometidos pela Síndrome do Filho do Meio, caracterizada tanto pela suposta ou real pouca atenção dos pais em relação a eles quando crianças, quanto pela percepção de se sentirem menos importantes que seus irmãos. Em virtude disso e como compensação, irmãos do meio são aqueles que:

  • costumam ser os mais independentes (sem tantos cuidados, tendem a se virar sozinhos);
  • podem assumir postura competitiva (uma tentativa de superar o irmão mais velho nas atividades);
  • de outra forma, podem assumir uma postura conciliadora porque estão posicionados no centro da ordenação cronológica da família;

O CAÇULA: criança criada de forma mais livre pelas experiências anteriores dos pais com os filhos mais velhos. Com isso, como irmão de pelo menos mais dois, ele:

  • acaba sendo mais criativo, experimentador (pela oportunidade de ousar mais);
  • por essa sua situação, aprende também alguns truques e artimanhas (uma tentativa de chamar a atenção para sua própria pessoa);
  • tendo uma superproteção dos pais e até mesmo dos outros irmãos, pode ser visto também como uma eterna criança.

Questionamentos à parte sobre essas considerações, uma verdade é absoluta: os filhos (irmãos) são indivíduos únicos contrariando certos estereótipos que carregam como primogênitos, irmãos do meio ou caçulas. E para quem não sabe, fico no grupo do irmão sanduíche, a 6ª de uma turma de nove.

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