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Papo de bola

13 de Junho de 2014, por Regina Coelho

Decorridos 64 anos, o Brasil volta a sediar uma Copa do Mundo, que já tem bola rolando nas 12 cidades escolhidas para receber os jogos. E é claro, nesse período de tempo, muita coisa mudou. Polêmicas e protestos envolvendo a realização desse gigantesco evento no país deixados momentaneamente de lado, quase tudo hoje é diferente. E se assim é, que no confronto final dê Brasil, diferentemente do que ocorreu no fatídico 16 de julho de 1950, quando a seleção brasileira caiu diante da seleção uruguaia em pleno Maracanã, aliás, Maracanazo (em espanhol). Esse termo foi usado pelos uruguaios em referência à partida que decidiu a Copa daquele ano a favor deles e é uma espécie de gozação dos hermanos a nós.

E foi justamente o Maracanã o maior símbolo daquela Copa. Com capacidade para receber quase 10% da população do Rio de Janeiro em 1950, conforme censo da época, o estádio foi comparado ao Coliseu (de Roma) pelo então presidente da Fifa, Jules Rimet, durante visita às obras em 1949. Cinco construtoras e 3500 operários levantaram o maior estádio do mundo em apenas 22 meses. Entre os trabalhadores estava o saudoso resende-costense Vicente (do Zé Brás), que certa vez me disse sentir o maior orgulho disso. A rapidez com que o Maracanã foi construído, que foi inaugurado ainda inacabado e cheio de andaimes (qualquer semelhança com as obras da Copa atual não é mera coincidência), fez com que muitos moradores do Rio temessem que a obra tivesse problemas estruturais e não resistisse ao primeiro jogo. Para tranquilizar a população, 3 mil funcionários foram convocados para pular simultaneamente nas arquibancadas, antes da abertura do torneio.

Histórica derrota consumada em casa, quiseram os deuses do futebol que o Brasil se sagrasse campeão longe da torcida – em 58, na Suécia, repetindo a façanha no Chile em 62 e trazendo do México, em 1970, o tricampeonato. E se até então os torcedores do Brasil acompanhavam os jogos da seleção canarinho apenas pelo rádio, em 70, a Copa do Mundo foi transmitida pela tevê, ao vivo, pela primeira vez para o país todo, via Embratel. Na ocasião, pouquíssimos e privilegiados telespectadores no Rio, em São Paulo e em Brasília puderam assistir às partidas em cores através de transmissões experimentais desse sistema.

Particularmente, guardo algumas lembranças da conquista do tri. Uma delas me remete aos dias dos jogos do Brasil. Em nossa casa, os bancos compridos da varanda eram levados para dentro de casa e colocados como arquibancadas em uma sala, diante da televisão, para receber a torcida que ali se reunia – meus pais, eu e meus irmãos, alguns vizinhos e conhecidos. Ver Pelé, Tostão e o time todo jogando era uma festa para os nossos olhos.

E não é que o Tostão, um dos maiores craques do futebol de todos os tempos, veio parar aqui em Resende Costa? Isso se deu em 1968, quando ele foi paraninfo de uma turma do antigo Ginásio Nossa Senhora da Penha. Foi aquele alvoroço na cidade a chegada dele. Pelo que se sabe, o intermediário de sua vinda a Resende Costa foi o Dr. Geraldo Magela Resende, de quem o genial jogador havia sido aluno no Municipal da Lagoinha.

Craques vão, craques vêm, mesmo havendo, para os saudosistas do futebol, carência deles atualmente no Brasil. Mas é fato que num país de tanta tradição como o nosso, em tempos de Copa do Mundo, tudo gira em torno dessa competição, assunto em pauta na maioria das conversas. O entusiasmo dos brasileiros com tudo isso, no entanto, não tem sido lá essas coisas.

Sucesso mesmo são os álbuns de figurinhas dos jogadores das seleções participantes espalhados por aí, uma verdadeira febre entre os fãs da prática de colecionar figurinhas (ou cromos) e completar os tradicionais álbuns. Logo, logo, começam a aparecer os bolões esportivos feitos de modo informal, principalmente pela molecada. A esse respeito, meu irmão Elmo me contou ter sido um desses garotos na Copa de 1962, ao organizar um bolão para o Brasil X Tchecoslováquia (atual República Tcheca e Eslováquia), jogo da primeira fase disputado no dia 2 de junho, com o placar de 0 X 0, que não foi bancado por apostador algum. Mas, segundo o Elmo, nosso pai não permitiu que ele ficasse com o dinheiro todo do bolão, convencendo-o a repassar para a Conferência de São Vicente de Paula a porcentagem anteriormente destinada a quem acertasse o resultado do tal jogo. Coisas de um vicentino daqueles bem convictos.

Ainda e finalmente no campo dessas curiosidades, segue abaixo a lista dos slogans que vão rodar pelo país afixados aos ônibus das 32 equipes do Mundial 2014:

Alemanha

Um país, um time, um sonho.

Argélia

Guerreiros do deserto no Brasil.

Argentina

Não somos um time, somos um país.

Austrália

Socceroos: pulando nosso caminho para a glória.

Bélgica

Espere o impossível.

Bósnia

Dragões no coração, dragões em campo.

Brasil

Preparem-se o hexa está chegando!

Camarões

Um leão sempre será um leão.

Chile

Chi, chi, chi, le, le, le, Viva Chile!

Colômbia

Aqui não viaja uma equipe, viaja um país.

Coreia do Sul

Vamos nos divertir, Vermelhos!

Costa do Marfim

Elefantes rumo ao Brasil.

Costa Rica

Minha paixão é futebol, minha força é meu povo, meu orgulho é Costa Rica.

Croácia

Com fogo em nossos corações, pela Croácia, todos por um.

Equador

Um compromisso, uma paixão, um coração. Isto é por você, Equador.

Espanha

Dentro de nossos corações, existe a paixão de um campeão.

Estados Unidos

Unidos por um time, guiados pela paixão.

França

Impossível não é uma palavra em francês.

Gana

Estrelas Negras: aqui para iluminar o Brasil.

Grécia

Os heróis jogam com os gregos.

Holanda

Homens de verdade vestem laranja.

Honduras

Somos um povo, uma nação, cinco estrelas no coração.

Inglaterra

O sonho de um time, as batidas do coração de milhões.

Irã

Honra da Pérsia.

Itália

Vamos pintar o sonho da Copa do Mundo de azul.

Japão

Samurai, chegou a hora de lutar.

México

Sempre unidos, sempre astecas.

Nigéria

Só juntos podemos vencer.

Portugal

O passado é história, o futuro é a vitória.

Rússia

Ninguém pode nos capturar.

Suíça

Estação final: 13/07/2014 – Maracanã.

Uruguai

O sonho de três milhões... Vamos, Uruguai!

 

 

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