A história das bibliotecas antecede a própria história do livro e encontra abrigo no momento em que a humanidade começa a dominar a escrita. As primeiras bibliotecas de que se tem notícia são chamadas “minerais”, com seus acervos constituídos de tabletes de argila; depois vieram as bibliotecas “vegetais e animais”, constituídas de papiros e pergaminhos. Mais tarde, com a invenção do papel, fabricado pelos árabes, surgiram as bibliotecas com esse material e, posteriormente, as de livro, propriamente dito.
De todas elas nenhuma foi tão famosa como a de Alexandria, no Egito. Ela teria de 40 a 60 mil manuscritos em rolos de papiro, chegando a possuir 700 mil volumes. Tal fama se deve, além da sua grande quantidade de documentos, aos três grandes incêndios de que foi vítima. Criada em 1800, a maior biblioteca do mundo é a do Congresso dos EUA, em Washington, com mais de 160 milhões de itens entre livros, manuscritos, jornais, revistas, mapas, vídeos e gravações de áudio e todo aparato disponível hoje nessa área. No Brasil, a Biblioteca Nacional é nossa referência maior, tendo sido trazida para o país por Dom João VI em 1808.
BIBLIOTECA – termo composto de biblion (livro) e theca (depositado). Na definição tradicional do termo, é o lugar em que são guardados livros. Na sua acepção mais ampla, é o espaço que acolhe e promove a instrução, a cultura, a pesquisa e a produção científica.
Biblioteca Pública Municipal Antônio Gonçalves Pinto, eis nossa realidade, sem quaisquer comparações com as instituições congêneres citadas, nem por isso motivo de menor orgulho para nós, cidadãos resende-costenses cientes de sua importância para o município. Lembremos a figura daquele que lhe empresta o nome.
“Ainda moço, partiu Antônio Pinto de sua terra natal, que não mais reviu (...). Inteligente, sem curso humanístico, pois que apenas no velho arraial tivera escola das primeiras letras proporcionadas aos conhecimentos da época, conseguiu, por si só, aperfeiçoar-se no uso do vernáculo e ainda aprender as línguas francesa e alemã, tendo ocasião de visitar o Velho Mundo, passando pela França e Alemanha. (...) Guardando indelével recordação de sua terra, dá-lhe Antônio Pinto uma prova de grande afeição que lhe votava, ofertando à Câmara Municipal de Resende Costa toda a sua biblioteca de numerosos volumes, alguns dos quais de diferentes idiomas e de preciosas e raríssimas edições, acondicionadas em duas grandes vitrinas que ele despachou por via marítima.” Isso é o que conta Juca Chaves no seu Memórias do antigo arraial... sobre nosso ilustre conterrâneo.
Uma trajetória de 100 anos como essa é feita de muitas conquistas. De muitos percalços também, considerando principalmente que vivemos num país onde a Educação, que é o maior patrimônio do ser humano, não é levada tão a sério. Prova desse descaso, por exemplo, foi a inexistência de uma sede própria que abrigasse adequadamente nosso acervo. Em razão disso, ele esteve alojado improvisadamente nos seguintes espaços: uma sala da Câmara Municipal, a parte inferior do imóvel onde hoje funciona a Contemp Contabilidade, uma sala da sede atual da Prefeitura Municipal e uma construção anexa ao Teatro Municipal. Até que em setembro de 2008 realizou-se o sonho coletivo da Casa própria para a nossa Biblioteca oficial, erguida na Praça N.S. de Fátima, local conhecido como Mirante das Lajes.
Reconhecer as bibliotecas como centros dinâmicos do saber significa desconstruir o mito dos escritos esquecidos nas prateleiras. Livro é o passado dialogando com o presente. O presente é a tecnologia preservando a memória, porque a história não para, mas também não se apaga. Inovação e tradição não são elementos excludentes entre si, como propaga Bill Gates, quando diz: “É claro que meus filhos terão computadores, mas antes terão livros”.
Democratizar o acesso às bibliotecas significa estimular o conhecimento e o pensamento. Bem--vindos à centenária Biblioteca P. M. Antônio Gonçalves Pinto! Portas abertas para todos!