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Um bom cidadão

12 de Junho de 2018, por Regina Coelho

“Se vem uma pessoa precisando de ajuda, a gente dá uma força”, afirma o Zezinho Brechó ao ser indagado por mim sobre o trabalho que faz junto aos moradores do Tejuco. Como prova disso, acrescenta ter sido procurado por alguém (exatamente no dia da nossa entrevista) pedindo-lhe que o ajudasse a conseguir pagar um certo exame médico. E aí, recolhendo de um, de outro ou de um confrade da Conferência de São Vicente o dinheiro necessário para tal, vai o Zezinho levando sua vida.

Nascido há 63 anos na região conhecida como Samambaia, na divisa com Lagoa Dourada, José Rosário Belchior Maia, divorciado, 2 filhos e 5 netos, é chamado em família de “Rezinho”. O “Brechó”, incorporado ao apelido Zezinho, veio de “Belchior”. As primeiras letras ele aprendeu com D. Sebastiana, professora leiga da escola rural que funcionava na Fazenda Samambaia. Em 1965, quando a família se mudou para Resende Costa, foi matriculado na Escola Conjurados, onde completou o então curso primário.

Ao falar sobre sua vida profissional, Zezinho lembra seus 21 últimos anos de trabalho na propriedade do Toninho do Açude. “Fazia de tudo lá, menos tirar leite. Não achava muita graça nisso não”, comenta. Mas, bem antes desse tempo, andou buscando serviço por aí, ainda menor de idade, o que era comum naquela época, sem as exigências da legislação trabalhista atual. Assim, voltou à Samambaia, e foi trabalhar por uns 4 anos na fábrica de doce de leite Marfim (que não existe mais), do Antônio Procópio. Depois foi candeeiro na Vinte Alqueires, mata virgem do mesmo proprietário. E encarou mais serviços em outras roças do município. Fora daqui, Zezinho arranjou emprego nas obras de construção da Ferrovia do Aço (no Rio das Mortes). E esteve na Açominas, agora Gerdau Açominas (em Ouro Branco). Nas duas situações, atuando como marteleteiro.

Zezinho está aposentado, no entanto, não para. Já foi Ministro da Eucaristia. Atualmente, é Irmão do Santíssimo e tesoureiro duas vezes: da AMAT (Associação de Moradores e Amigos do Bairro Tejuco). E da Associação N.S. da Conceição, que abrange a capela de mesmo nome e de cuja construção esteve à frente juntamente com a “Mirinha”, a Mírian do Betinho.

Quis saber dele o que lhe falta fazer, ao que ele me respondeu que tem intenção de ampliar a Capela de N.S. da Conceição (antes uma sala usada para aulas de catecismo). E fazer uma guarita perto dela que sirva principalmente para a criançada aguardar com segurança o ônibus escolar e lá desembarcar. Isso tudo com a participação do pessoal de lá e a aprovação de quem de direito. Mas o Zezinho tem uma frustração: pedindo em favor dos que ele representa, não conseguiu a volta do ônibus circular em Resende Costa, pensando, naturalmente, nas necessidades dos ‘tejucanos’.

Em sua casa, que mais parece uma chácara, morando com suas duas irmãs, ele é pura simpatia. A família é o bem que mais preza. Só tem uma coisa: ficar parado enrolando novelo de retalho, como tentou fazer logo que se aposentou, não é com ele. Zezinho Brechó gosta mesmo é de se mexer. E nessa sua movimentação pela cidade diz ter aprendido a lidar com as pessoas, não tendo receio de pedir em nome dos outros coisas que julga importantes para eles. Comunicação é com ele mesmo. “O que faço passa a ser uma diversão, a gente já não tem nada mais pra fazer”, explica, com uma simplicidade desconcertante.

Provocado por mim a falar sobre o que Resende Costa significa em sua vida, Zezinho é objetivo: “é a minha terra natal. Nunca saí daqui. Não consigo. Nunca passei mais de dois meses fora”, declara ele dessa forma seu amor pela cidade. Não por acaso, no mês de aniversário de R.C., ocasião em que homenagens são devidas a prestadores de bons serviços à nossa comunidade, destaca-se aqui a figura popular desse resende-costense dos bons, que confessa ter vontade de que as pessoas se reúnam mais e busquem soluções para seus problemas comuns. Na prática mesmo, cidadania é com o Zezinho Brechó.

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