Homenagear ex-presidentes da república colocando seus nomes em ruas, edifícios, estradas, viadutos tornou-se comum no Brasil e, pode-se dizer, em muitos outros países. Há casos em que o nome de um político passou mesmo a ser nome de cidade. É o caso de João Pessoa (antiga Cidade Real de Nossa Senhora das Neves, fundada em 1585), capital do Estado da Paraíba. O político paraibano foi assassinado em 1930, quando concorria a vice-presidente da república na chapa encabeçada por Getúlio Vargas. Após sua morte, a capital paraibana, que teve outros nomes, passou a ser identificada pelo nome do ilustre filho da terra. Em Minas Gerais, por exemplo, há duas cidades que levam nomes de dois ex-presidentes. É o caso da cidade de Presidente Juscelino, que homenageia o ex-presidente Juscelino Kubitschek, mineiro de Diamantina, com mandato entre os anos de 1956 a 1961; e da cidade de Presidente Bernardes, em memória do também ex-presidente Arthur da Silva Bernardes, outro mineiro, natural de Viçosa, que foi o 12º presidente do Brasil entre 1922 e 1916. Portanto, deparar-se com logradouros que têm nomes de ex-presidentes da república por aí afora é normal.
Em Resende Costa, um ex-presidente já foi nome de avenida. Trata-se de Getúlio Vargas. Ditador para alguns, para outros um grande estadista, o gaúcho esteve à frente da nação em dois momentos: a partir de 1930 e, posteriormente, desde 1945 para, somando os dois mandatos, permanecer no poder por quase 20 anos. Advogado, militar e político, foi dele a implantação no Brasil do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDS) e do Banco do Nordeste, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Durante seu governo, regulamentou o trabalho do menor aprendiz, que vigorou até o ano de 2005. Destacam-se, também, a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o direito a férias remuneradas para o trabalhador, a instituição do salário mínimo no país, a promoção da industrialização com a criação de estatais como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), a Petrobrás, além da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). São ainda do seu governo a fundação do Ministério da Justiça, Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, em 1930, e do Ministério da Educação e Saúde, em 1931.
Como se vê, os feitos relacionados aos mandatos de Getúlio Vargas foram importantes, com vários deles perdurando até hoje. E devido a isso, o nome do ex-presidente é encontrado com muita facilidade em diversos logradouros públicos do país. Quem reside em Belo Horizonte/MG ou frequenta muito a capital mineira sabe muito bem onde fica a Av. Getúlio Vargas. Ocorre o mesmo, pode-se dizer, no Rio de Janeiro/RJ, que também tem uma enorme avenida com seu nome. E há, ainda, a famosíssima Fundação Getúlio Vargas (FGV), fundada em 1944, que tem sua sede localizada no Rio de Janeiro, mais filiais em São Paulo e Brasília. Ela tem por objetivo, enquanto instituição privada de ensino superior (graduação e pós-graduação), preparar pessoal qualificado para as administrações pública e privada do país.
Em meio a uma crise instalada no governo, Getúlio se suicidou em 24 de agosto de 1954, com um tiro no peito, dentro do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro. Deixou naquele momento uma carta-testamento ao povo brasileiro. Da carta manuscrita, tornada pública em 1967, ele deixou registrado: Deixo à sanha de meus inimigos o legado de minha morte. Levo o pesar de não ter podido fazer, por este bom e generoso povo brasileiro, e principalmente pelos mais necessitados, todo o bem que pretendia.
Getúlio Vargas recebeu homenagens após sua morte. Entre elas, como dito aqui, estão os nomes de ruas e avenidas. Em Resende Costa, a Câmara Municipal optou por tirar-lhe o nome de uma avenida no centro da cidade. Uma parte da Av. Getúlio Vargas tornou-se Prefeito Ocacyr Alves de Andrade e outra, Monsenhor Nelson. Não houve sequer o desejo de colocar uma placa com seu nome em outra via pública ou edifício público do município. Porém, o que se apagou aqui permanece vivo em outros lugares do nosso país.