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Antônio Vieira de Andrade, compositor resende-costense

30 de Agosto de 2024, por Edésio Lara

Na foto, Maria das Dores Resende. No colo: Onofre Resende Andrade. Assentada: Eunice Resende Andrade. Em Pé: Zilah Andrade Resende, Antônio Vieira de Andrade e ao seu lado, de mãos dadas, Eurico Rezende Andrade.

Zilah Andrade Resende (11/01/1927 – 11/08/2024) faleceu em Resende Costa no último dia 11 de agosto, quando completou 97 anos e 11 meses de vida. Seu velório durou pouco mais de 2 horas e, depois, seu corpo seguiu para Belo Horizonte, onde foi sepultado no Cemitério do Bonfim. Ano passado, em setembro, ela disse aos filhos que queria vir morar em Resende Costa. Eles a trouxeram e aqui ela viveu seus últimos meses de vida. Seu desejo de vir para cá tem a ver com a sua origem: ela era filha de Antônio Vieira Andrade e de Maria das Dores Resende, ambos nascidos aqui, em Resende Costa.

Antônio era filho único de Pedro Alves de Andrade Neto (1850-1900) e de Maria Vieira de Andrade (?). Seu pai, juntamente com sua avó dona Ilidia, deixaram São João del-Rei – cidade natal de ambos – para trabalharem em Resende Costa como professores das primeiras letras, principalmente. Pedro Alves, que foi homenageado com nome de rua na cidade, dava aulas para os meninos e sua mãe, para as meninas. Ele, além do trabalho como professor, destacou-se como músico (regente e violinista), tendo deixado alguns manuscritos que temos arquivados, quando se identificava como Neto.

Maria das Dores era filha de Antônio Sebastião de Resende Lara (1861-1933) e de Macrina Augusta de Albergaria Lara (1863-1903). O pai resende-costense e a mãe, ouropretana, tiveram muitos filhos. E na residência da família, as visitas do mestre Pedro Alves eram frequentes. Antônio de Lara Resende, em suas Memórias: do Belo Vale ao Caraça, pag. 305, o descreveu como “baixote, gorducho, de andar pendular, particularidade que herdou ao filho, que, também ao andar, parecia ter mais calos nos pés que cabelos na cabeça”. 

Os pais de Zilah, Antônio e Maria das Dores, descenderam de famílias ligadas à educação e às artes, com destaque para a música e a literatura. Maria das Dores, apaixonou-se por Antônio, vindo a casar-se com ele – segundo familiares, a contragosto de uma de suas madrinhas –, para se instalarem em Itumirim, então distrito de Lavras. Lá nasceram seus filhos. Tornaram-se donos de escola (internato) e de uma padaria, de onde tiravam os recursos para sustento da família. Tudo ia bem, levavam uma vida tranquila, até a Revolução Constitucionalista de 1932, quando enfrentaram dificuldades financeiras e optaram por trabalhar em Belo Horizonte, indo residir na Rua Macedo, bairro Floresta. Na capital mineira, o resende-costense conseguiu emprego na Rede Ferroviária Federal, chegou a prestar serviços particulares de contabilidade para libaneses, além de aulas particulares de música e atividades junto a uma banda de música e uma orquestra que se dedicava a tocar música popular. 

Antônio Vieira de Andrade, em seu certificado de reservista de 3ª categoria (Ministério da Guerra), datado de 1921, foi descrito como sendo de cor branca, cabelos e olhos castanhos, altura de 1,65cm, nariz reto, rosto oval, boca regular e sem sinais particulares. É bem provável que tenha recebido em Resende Costa, e do próprio pai, as aulas de teoria da música e de violino ou de outros instrumentos de banda de música. Em Belo Horizonte, mostrou-se mais afeito à música popular, escrevendo peças para piano e canto, por exemplo, de gêneros muito em voga na segunda metade do século XX, tais como marchas e valsas. Atuou como mestre da banda de música e chegou a integrar a Orquestra do Maestro Delê (José Braz de Andrade – Ouro Preto, 03/02/1916 e Belo Horizonte, 19/04/1980), que atuava em clubes da cidade e no Cassino Pampulha, entre os anos de 1930 e 1946, quando do fechamento dos cassinos no Brasil.

Devemos destacar mais sobre esse artista e pesquisar sobre ele, conterrâneo nosso, contando com acervo deixado pelo mesmo e que, por hora, encontra-se sob guarda de familiares e, principalmente, do neto Antônio Sebastião de Resende Lara, para ser inventariado e receber cuidados destinados à sua preservação e futura disponibilização para pesquisadores e intérpretes.

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