Assistimos, a cada ano, aos desfiles realizados no dia 7 de setembro, em Resende Costa, com movimentação de pessoas entre a Escola Estadual Assis Resende até a praça Dr. Costa Pinto, no centro da cidade, onde sempre há um palco montado para receber autoridades municipais. Ao lado dele, posta-se a banda de música para interpretar alguns dobrados e marchas do seu repertório. Esse evento é realizado há anos, décadas, quando celebramos o dia em que o Brasil se tornou independente de Portugal em 1822. Os preparativos para a festa começam nas escolas com ensaios de alunos chamados a participar do evento.
Na capital do Brasil, em datas comemorativas como o 7 de Setembro, o presidente da República geralmente desfila num Rolls-Royce Silver Wraith, carro aberto fabricado em 1952 na Inglaterra e encomendado a pedido do presidente Getúlio Vargas naquele ano. O Exército exibe suas armas, tanques de guerra; as polícias, seus equipamentos de trabalho, além de cavalos e cães que os acompanham em serviços. A Aeronáutica se incumbe de exibir aviões, com realce para a Esquadrilha da Fumaça; e os bombeiros mostram seus equipamentos para combate a incêndios ou outros destinados a acidentes que lhes cabem combater. É uma festa. E ela se repete nas capitais estaduais, provavelmente, em todos os 5.568 municípios do país.
Em Resende Costa, eu me lembro, éramos treinados a marchar. Agrupávamos repetindo um formato que se vê de militares desfilando. Quem nos treinava era sempre um policial militar, acompanhado pelo prof. Geraldo Sebastião Chaves. Eram muitos ensaios, às vezes realizados no campo de futebol do Expedicionários. No dia 7, íamos para a avenida, uniformizados e bem-vestidos, para participar da grande festa cívica. Éramos vistos pelo povo, acompanhados pela banda de música, autoridades municipais e, às vezes, por um militar de alta patente do Exército Brasileiro, vindo do 11º BI sediado em São João del-Rei.
Ultimamente, os desfiles se repetem com a participação de alunos de todas as escolas do município, vestindo uniformes que usam para ir à escola e portando faixas que destacam assuntos que merecem a atenção de todos os brasileiros. Os estudantes são acompanhados pelos seus professores e equipes de apoio que atuam nos seus educandários.
Neste ano, a Escola Estadual Assis Resende novamente compareceu ao evento e nos apresentou uma fanfarra durante seu desfile, dirigida pelo Gabriel Augusto dos Santos. Ele é natural de Resende Costa e tem 21 anos de idade. Reside no bairro Nova Resende com sua mãe, seu irmão, uma tia e uma avó. É filho de Júlia de Fátima Pinto e Ivonei Aparecido dos Santos (já falecido). Oito anos atrás, com 13 anos de idade, ele iniciou seus estudos musicais na Banda de Música Santa Cecília. Naquele momento, “sentiu necessidade de conhecer algo novo, ter experiências novas”, ele me disse. Foi quando ingressou na Orquestra Mater Dei, na qual permanece tocando flauta desde 2018. Em 2019, querendo ampliar seus conhecimentos, matriculou-se no Conservatório de Música Padre José Maria Xavier, em São João del-Rei, nele permanecendo até o ano de 2022. Foi nesse momento que decidiu dar mais um passo à frente na sua formação acadêmica: foi aprovado no Enem e ingressou no Curso de Licenciatura em Música da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Orientado pelo professor de flauta Dr. Antônio Carlos Guimarães, Gabriel está em fase de conclusão do seu curso.
Segundo Gabriel, “o projeto da fanfarra na escola veio por meio de uma conversa com a professora Roseni Fernandes, diretora da Escola Estadual Assis Resende, onde me formei em 2021”. A expectativa de ambos era de que a fanfarra sobressaísse como “algo novo e que ajudasse no desenvolvimento dos estudos de alunos e que pudesse participar de eventos”, como ocorreu no 7 de Setembro deste ano.
Devemos ressaltar a participação dessa fanfarra criada recentemente, destacando duas coisas: 1) a oferta de ensino gratuito, que começa no primeiro ano do ensino básico e se estende até o curso superior, da qual se valeu o Gabriel para se profissionalizar como instrumentista e professor de música; 2) as oportunidades surgidas, como a Lei Paulo Gustavo, criada durante a crise aguda pela qual passamos com a pandemia da covid-19. Através dela, o governo federal disponibiliza recursos para apoiar ações emergenciais destinadas ao setor cultural. Foi através desta lei que Gabriel, a exemplo de outros artistas resende-costenses, conseguiu aprovar projeto e levantar recurso capaz de sustentar o início de suas atividades. Espera-se, para este grupo, mais apoio e, dele, muita participação dos seus integrantes e boas performances.