Resende Costa, depois de ter-se emancipado de Tiradentes em 1912, era muito pequena e pelas suas vias circulavam homens montados a cavalo ou carros de bois em suas poucas ruas, transportando de tudo: gêneros alimentícios, madeira, móveis e, principalmente, o que os donos de sítios e fazendas produziam em suas lavouras. Não havia automóveis, motocicletas ou bicicletas. Andava-se, portanto, a cavalo ou a pé. Ruas calçadas, nem pensar: era chão escorregadio em tempos de chuva ou seco e empoeirado noutras épocas. Não havia serviços que atualmente nem imaginamos ficar sem eles: água encanada, luz elétrica, rede de esgoto, gás em botijões, telefones ou automóveis. Água era buscada nas minas em latas. O fogão a lenha, a iluminação feita com lamparinas e a privada seca completavam o cenário do que se tinha para viver em casas pequenas e com poucos cômodos.
Certos confortos para a população – ainda diminuta – foram conquistados aos poucos, atendendo primeiramente aos que residiam no centro da cidade. Uma das melhorias foi o calçamento da antiga Rua Presidente Vargas, atual Av. Monsenhor Nelson. Isso se deu por volta de 1940, quando pedras mais arredondadas foram utilizadas para a pavimentação do local, segundo Agenor Gomes Neto / Agenorzinho (1935-2021) em suas memórias ainda a serem publicadas. Segundo ele, em frente ao Grêmio (residência erigida em 1927) havia “apenas um lance de grandes e tortuosas pedras, mal colocadas, numa pequena depressão, com certeza, para evitar acúmulo de água pluvial.” A partir dali, nos Quatro Cantos, iniciou-se um trabalho de calçamento de outras ruas, feitas com pedras arredondadas, até a instalação de paralelepípedos, tal como ainda temos nas ruas José Jacinto, Moreira da Rocha, além de outras poucas que resistem bravamente à intenção de sua troca por asfalto.
Segundo descrição feita pelo citado memorialista, causavam admiração os primeiros automóveis e motocicletas a circularem na cidade entre os anos de 1940/45. Pouquíssima gente possuía um veículo desses, como um Ford/29 ou uma motocicleta. Vê-se que, poucas décadas atrás, a circulação de automóveis, caminhões e motocicletas na cidade era muito pequena, nada parecido com o que se vê na cidade atualmente.
Resende Costa cresceu, vendo serviços que não existiam antes e agora sendo ofertados. Acompanhou todo esse desenvolvimento o aumento expressivo de veículos automotores circulando por muitas das suas antigas e estreitas ruas, abertas antigamente para receberem carros de bois ou homens montados em seus cavalos. Agora, motoristas enfrentam dificuldades em circular ou estacionar seus automóveis em vias públicas da cidade, a qual possui uma frota de veículos automotores muito grande.
Todo o crescimento, acompanhado do desenvolvimento da cidade, implica na urgente modernização da sinalização do trânsito, implantação de mão única em determinadas vias, bem como na colocação de passagens elevadas capazes de garantir, para os pedestres, travessia segura de um lado para o outro. Torna-se, portanto, necessário que ficarmos atentos à sinalização e respeitá-la. E é nesse ponto que que precisamos melhorar e muito.
A última intervenção realizada pela Prefeitura Municipal foi a de traçar linhas brancas em vários lugares. Elas indicam que, nesses pontos, deve-se dar preferência para o pedestre, que precisa atravessar de um lado para o outro com segurança. Mas o que tem acontecido? Muitos motoristas e motociclistas pouca ou nenhuma atenção têm dado a elas. Muitos estacionam seus veículos sobre as ditas faixas. Passam direto e em alta velocidade, mesmo vendo que há pessoas precisando atravessar a rua. Não lhes dão preferência. Há entre essas pedestres pessoas idosas, crianças ou outras com dificuldades de locomoção que correm sério risco de serem atropeladas.
É verdade que há entre pedestres aqueles que pouca atenção dão a isso: circulam sem se preocuparem com o trânsito de veículos. Da parte dos motoristas, em pequeno número ainda, há os que diminuem a velocidade, param seus veículos e dão sinal para que pessoas possam atravessar a rua com segurança. Essa preferência dada aos pedestres é sempre respondida com sinal de agradecimento e um sorriso, vindo principalmente das crianças que ainda mandam um “muito obrigado”. É sinal de que existe educação para o trânsito dada pelos pais e, provavelmente, dentro das nossas escolas também.