A maior parte dos logradouros de Resende Costa leva nome de pessoas. Alguns são políticos que se destacaram nas assembleias legislativas, congresso nacional, governos estaduais e presidência da República. Há bairros, como o do Tijuco, em que as ruas receberam nomes de árvores; no bairro Jardim, elas têm nomes de flores. No centro da cidade, espaço denominado pelo povo como “Quatro Cantos”, nasce uma avenida que recebeu o nome de Avenida Prefeito Ocacyr Alves de Andrade.
Trata-se de uma avenida extremamente pequena, não tão diferente de outras que temos no município. Nela há duas casas de morada, um escritório de contabilidade, uma farmácia, uma clínica médica, que já foi residência, uma nova edificação que substituiu a casa do sapateiro Simão Salomão, demolida recentemente. Por fim, há a casa que pertenceu ao prefeito Ocacyr e que se tornou, recentemente, ponto de comércio de roupas, e o Teatro Municipal, que, tombado pelo Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (CMPC), tem sua estrutura física preservada. Ele não pode ser demolido nem sofrer alterações na sua fachada e telhado. Porém, entre o Teatro e a antiga casa do Ocacyr, há um corredor que, antigamente, dava acesso à serralheria que pertencia ao ex-prefeito.
Ocacyr não cursou a admissão e muito menos o ginásio. Ele frequentou somente os quatro anos do grupo, hoje conhecido como Educação Básica. Isso, porém, não o impediu de se tornar um empresário de sucesso e um político respeitado pelo povo da cidade. Casou-se com dona Terezinha, uma mulher simples, discreta, com quem teve três filhos: Selma, Tadeu e José Roberto. Selma não se casou, não teve filhos. Tadeu foi pai de cinco filhos (sendo um já falecido) e José Roberto, uma filha. Ocacyr nunca foi chamado pelo povo pelo seu prenome. Todos o conheciam como Cici da Candinha, devido ao apelido da mãe, que se chamava Maria Cândida de Andrade.
Sua atividade como empresário foi de sucesso. Dono de uma serralheria, que ficava aos fundos da sua casa e do Teatro Municipal, chegou a ter 40 funcionários. Tal situação contribuiu para torná-lo prefeito municipal pelo partido da Aliança Renovadora Nacional (Arena), tendo como vice-prefeito José Celso da Silva, dirigindo o executivo municipal entre os anos de 1971 e 1972. Posteriormente, foi reeleito para o mesmo cargo, acompanhado de Marcos de Oliveira Neto, como vice entre os anos de 1977 e 1982.
José Carlos de Souza Vale, mais conhecido por Carlos da Santa, sempre esteve ao lado do prefeito. Foi vereador durante seu segundo mandato, quando os membros da Câmara não recebiam um centavo sequer para ocupar o cargo. Ele destaca alguns feitos do prefeito, dos quais ainda nos beneficiamos, tais como: o asfaltamento dos 14 km que nos ligam à MGC 383 e a vinda da Companhia de Saneamento Básico (Copasa) para solucionar problema sério de abastecimento de água no município. Outra ação importante foi a implantação da rede de eletrificação rural, fazendo com que povoados recebessem luz elétrica da Cemig. Mata-burros começaram a ser feitos de ferro, numa época em que a prefeitura municipal não dispunha de máquinas pesadas, como retroescavadeiras e caminhões, e as alugavam em Barbacena para a execução dos trabalhos.
Por fim, ele procurou melhorar o calçamento das ruas e avenidas, mandando fabricar bloquetes no pátio da prefeitura. Isso foi em 1979... e com o trabalho bem feito pelos funcionários da prefeitura! Tais bloquetes são tão bons que superam, quase meio século depois, os que são adquiridos atualmente, via pregão, e que têm vida útil curta, duram uns cinco anos em média. Outras boas ações, segundo o Carlos da Santa, merecem destaque: os convênios com a Emater, o IEF e o projeto MG2, que destinava recursos para o município a fim de serem aplicados em obras.
Cici da Candinha não recebia somente na prefeitura aqueles que o procuravam com suas demandas. Gostava de acompanhar de perto as obras que eram realizadas, momento em que tinha contato direto com as pessoas. Por outro lado, não era difícil encontrá-lo no bar do João Bosco, posteriormente bar do Jorge e atual Parada Obrigatória, tomando uma cerveja Brahma servida em garrafa pequena, que chamamos barrigudinha. E tinha que ser na sua temperatura natural, isto é, quente para muitos cervejeiros, que a preferem bem gelada. Era ali, sentado num banquinho, descansando e saboreando sua bebida predileta que ele dava atenção aos que vinham da roça, dos povoados com suas demandas, certos de que seriam ouvidos e, muitas vezes, atendidos. Ocacyr dedicou-se a trabalhar pelo município. Nada mais justo, portanto, ser lembrado com o nome de uma pequena, porém destacada avenida no centro da cidade.