Há em Resende Costa um número expressivo de praças. Algumas levam o nome de pessoas que de maneira ou de outra prestaram algum serviço à comunidade, e de forma voluntária. São religiosos, artistas e políticos de uma época em que não recebiam qualquer remuneração pelo que faziam. Duas se destacam: a Praça Cônego Cardoso e a Mendes de Resende. São duas praças lindas, bem cuidadas e localizadas na parte alta da cidade. A primeira fica em frente à Matriz de Nossa Senha da Penha de França; a segunda, atrás da mesma igreja. Cônego Cardoso prestou seus serviços na cidade entre os anos de 1916 e 1921. Já o Coronel Francisco Mendes de Resende - primeiro administrador municipal - constituiu família e residiu na praça que leva seu nome.
Entre outras, há uma que passa despercebida, apesar de ficar no centro da cidade. Eu a vejo como sendo uma “micropraça”, de tão pequena que é. Tem, aproximadamente, 70m² e formato triangular. Só possui um banco de alvenaria, lá instalado em 1976, com dizeres já gastos pelo tempo: “Homenagem ao prefeito Ocacyr Alves de Andrade”. Seus canteiros não têm flores. Há uma luminária ao centro e que geralmente está apagada, denotando total descuido da Prefeitura Municipal pelo espaço. A única palmeira que a enfeitava foi cortada e em seu lugar nada foi plantado. Não é incorreto dizer que há quem tem gosto por derrubar árvores na cidade. Numa época em que o mundo se vira para questões climáticas adversas que sugerem a preservação de áreas verdes e recomenda o plantio de árvores, não dá para entender como a força do machado ou da motosserra ainda se impõe.
A pracinha, que se localiza entre a Rua Pedro Alves e a Rua Moreira da Rocha, recebeu o nome de “Maestro João Augusto dos Reis”. O maestro ficou mais conhecido por Joãozinho sapateiro, profissão que assumiu aqui em Resende Costa e posteriormente em São João del-Rei, na Avenida Leite de Castro, para onde se mudou com a família. Sua mãe gostava de chamá-lo por João dos óculos, simplesmente pelo fato de ele os usar e achar bonito. Joãozinho tornou-se músico aqui em Resende Costa. Deve ter recebido ensinamentos dentro da própria Banda Santa Cecília, que funcionava como uma escola de música no município. Bandas de música eram e ainda continuam sendo, em muitos lugares, o espaço em que se ensina gratuitamente música em nosso país. Seu sobrinho, Ronan César dos Reis (filho do Miguel sapateiro e irmão de Joãozinho) nos disse que seu tio, além de ter atuado como regente da nossa banda de música, exerceu a função noutras cidades, a exemplo de Lagoa Dourada e São João del-Rei.
No livro “Retratos de Centenária Resende Costa”, publicado pela Associação de Amigos da Cultura de Resende Costa (amiRCo) em 2016, na página 124, lá está a imagem dele de terno e gravata, segurando seu trompete com a mão direita, tendo na esquerda, possivelmente, as partes musicais que a Santa Cecília usava naquele momento em suas apresentações, sendo dirigida por Joaquim Pinto Lara (Sô Quinzinho). Apesar de estar sem data, a foto deve ser de meados do século passado, entre as décadas de 1950/60.
Atualmente, poucas pessoas têm lembranças dele, da dona Cici, sua esposa, e de muitos dos seus filhos. A residência da família era no fim da pequena Rua Pedro Alves, nº 74 (nome de músico são-joanense que se estabeleceu em Resende Costa para atuar também como professor das primeiras letras). Atualmente, nela reside a professora Maria do Carmo.
O maestro faleceu há bastante tempo. Era filho do senhor João Franklin dos Reis (carreiro, candeeiro de bois) e de dona Alice Reis (dona de casa, doméstica). Teve uma irmã de nome Maria e oito irmãos: Tarcísio, José, Benedito, Mário, Dativo, Miguel, Cinval e Antônio Damasceno, todos eles muito conhecidos no município. No paredão que serve de divisa entre a pracinha e a casa onde residiu, permanece seu nome: Rua Maestro João Augusto Reis, colocando-o entre aqueles que, de certa forma, se destacaram e prestaram serviços à nossa comunidade.