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Inteligência espiritual

18 de Novembro de 2020, por João Bosco Teixeira

Uma grande amiga tomou conhecimento do livro “Inteligência Espiritual”, da doutora Dana Zohar, da Universidade de Oxford. O livro trata da matéria contida no título. E a amiga indagava: Que acha?

Respondi-lhe: “Você quer me colocar numa ‘sinuca de bico’ com essa questão? Em todo caso, não vou deixar de dar minha opinião.”

Nós sempre entendemos por inteligência aquela “aptidão para compreender as relações que existem entre os elementos de uma situação e a ela se adaptar a fim de realizar seus próprios fins”.  Durante muito tempo, tal concepção era única e suficiente. A partir da primeira metade do século passado, Thordinke (falecido em 1949) já falava de três inteligências: a inteligência abstrata ou conceitual, a inteligência prática e a inteligência social. No final do século, ou um pouco antes, passou-se a falar de inteligência emocional.

Muitos físicos falam de muitas inteligências. Mas, não sei bem que conceito de inteligência adotar em tais casos. É certo que a “aptidão para compreender as relações” é muito diversificada em um engenheiro, em um artista, em um marceneiro ou em um médico.Como, porém, é isso neuro-fisiologicamente? Haverá partes distintas no cérebro para cada uma das inteligências?

Por isso, minha opinião é assim: não há dúvida de que não existe ninguém puramente inteligência, puramente emoção, puramente “espírito”. Somos, constituímos uma belíssima e extraordinária unidade, continuamente sujeita a mil condicionamentos que nos levam a viver dessa ou daquela forma, a emitir os mais variados comportamentos.  Hoje, esse movimento expresso no livro citado pela amiga toma fôlego. O próprio brasileiro Marcelo Gleiser, físico de renome, vem dando notável contribuição a essa nova preocupação da física, tendo ganho, em março de 2019, um prêmio considerado “O Nobel da Espiritualidade”. Na semana passada, ele participou de um encontro sobre espiritualidade, que ele define como “uma conexão com algo maior do que somos que inspira crescimento e humildade”.

 O que sinto nesta hora (talvez isso seja inteligência emocional) é que a humanidade não anda se aguentando, sustentada apenas sobre os próprios pés. É muita coisa, muita coisa mesmo, que está fora dos trilhos. Se não conseguirmos enxergar além dos nossos passos, se não conseguirmos imprimir aos nossos passos olhares mais longínquos, “sobre algo maior do que somos”,acho que chegará um momento em que a loucura, ou o desespero, será a saída. E isso é muito triste.

Então, que venham os físicos nos ajudar. Tenho profunda convicção sobre a dimensão espiritual do ser humano. Mas não sei se isso é inteligência espiritual. Sei, sim, que se pode até “perder-se no espírito”. E, à luz dele, estabelecer relações fortes, capazes de alimentar, iluminar e até transformar vidas.

À amiga, médica patologista e cantora lírica, casada com um médico doutor em doenças infecciosas, eu não duvidei em dizer que existe, sim, uma inteligência espiritual. Afinal, neles, na vida deles, vibra o transcendente, feito de dedicação à ciência da vida, à arte e a tanta coisa mais que “entusiasma”, palavra que no grego significa “dentro de deus”.

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