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Os doentes do SUS e os outros

11 de Novembro de 2011, por Luiz Antônio Pinto

Nos últimos dias, circularam pelas redes sociais manifestações diversas acerca da doença que acomete o ex-presidente Lula e seu tratamento. Aqui mesmo, em Resende Costa, manifestações foram vistas no facebook , acerca do assunto. É natural que isto aconteça, na medida em que o fato ocorre com pessoa de grande importância para a história recente do nosso país. Mas é preciso separar o joio do trigo.

Sabemos ser o câncer de laringe uma doença grave, que pode acometer qualquer um de nós e, principalmente, os fumantes e aqueles que têm casos semelhantes na família (traço genético). Sabemos também que a possibilidade de sua cura está diretamente ligada à rapidez do diagnóstico precoce e ao tratamento adequado. Assim fez o presidente Lula: com poucas semanas de sintomas, procurou o Hospital Sírio-Libanês em São Paulo, onde foi prontamente feito o diagnóstico e iniciado rapidamente seu tratamento.

Assim, manifestações pipocaram nas redes sociais. Ocorreram principalmente manifestações de solidariedade, inclusive de adversários políticos. Mas também tivemos manifestações, inclusive de pessoas de Resende Costa, do tipo:  "O Lula deveria procurar o  SUS  e ali fazer seu tratamento", talvez como "castigo", ou ainda "para provar da dificuldade que os brasileiros enfrentam no  SUS"  e assim por diante.

Prontamente o Ministério da Saúde e a direção do Hospital Sírio-Libanês vieram a público esclarecer que aquele hospital e os profissionais que nele trabalham atendem a quaisquer pacientes, inclusive aos do  SUS.

Aqui, cabe a reflexão: por que o presidente Lula não poderia se tratar em um hospital que presta um serviço de alta qualidade como o Sírio-Libanês? Por que não falaram o mesmo quando o ex-presidente Itamar Franco ou a presidente Dilma também tiveram que se tratar de câncer? Talvez por que ambos teriam diploma de curso superior? Não. Quem assim se manifestou demonstra estar imbuído de um  nítido preconceito de classe: “um absurdo, um operário ir se tratar em um serviço de ricos”, “pobre tem mais é que morrer”. Talvez assim pensem essas pessoas.

Ora, não importa onde aconteça o tratamento. Cabe a nós, seres humanos, quaisquer que sejamos, sermos sempre solidários com os pacientes: ricos ou pobres, negros ou brancos, altos ou baixos, magros ou obesos.

Quanto ao SUS, lutamos todos os dias para que alcance a excelência em seus serviços. Já é um grande sistema de saúde pública, como poucos no mundo. Temos notícias de que índios e pobres de nossos vizinhos Paraguai, Bolívia, Peru e Colômbia atravessam as fronteiras com documentos falsos e, correndo risco de serem presos, vêm em busca de atendimento no nosso sistema de saúde pública. Desejamos que, no futuro, ninguém precise pagar por plano de saúde particular. Desejamos que, no futuro, qualquer autoridade, qualquer um do povo, qualquer operário ou trabalhador rural tenha acesso ao melhor daquilo que a ciência médica possa nos oferecer, de preferência, no  SUS!

Presidente Lula, tenho certeza de que a maioria dos brasileiros e dos resende-costenses lhe desejam o pronto restabelecimento de sua saúde, onde quer que você esteja se tratando. Quanto àqueles que pensam diferente, o  SUS também os acolherá bem, tenho certeza.

A propósito, no dia 26 de novembro, será realizada a nossa XI Conferência Municipal de Saúde - nosso momento de reflexão sobre o SUS. Um bom momento para conversarmos sobre a saúde do nosso povo, inclusive sobre o tema deste texto.

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