Voltar a todos os posts

Saúde mental – 2ª parte

14 de Dezembro de 2010, por Luiz Antônio Pinto

"De médicos e loucos, todos temos um pouco...". Na primeira parte, refletimos um pouco sobre a loucura ou o que muitos julgam que ela seja. Agora é necessário falar um pouco sobre a parte médica.

A doença mental é vasta, ampla. Vai de simples diagnósticos de ansiedade às mais temidas doenças mentais; aquelas que acabam por segregar as pessoas e muitas vezes
terminam por tirar a vida delas.

A psiquiatria, ao longo dos tempos, tem separado, agrupado, ou mesmo classificado as mais diversas patologias (doenças) mentais. Grosso modo podemos falar em grandes grupos de doenças, mais ou menos assim: ansiedades, retardos,  neuroses, transtornos obsessivos, compulsivos e de personalidade,  depressividades, psicoses, distúrbios bipolares, paranóias e esquizofrenias.

Os nomes são muitas vezes incompreensíveis aos leigos, mas a medicina sabe reconhecê-los individualmente e assim é necessário para que se encaminhem os diversos tratamentos que a complexidade deles exige.

Muitas das doenças são passageiras, desencadeadas por algum fato importante e outras vezes elas serão duradouras e até mesmo definitivas, com tratamentos os mais complexos, que incluem medicamentos, terapias ou até mesmo internações, em casos graves.

O comportamento variado das pessoas - aquilo que refletimos na primeira parte  - é que vai determinar o diagnóstico. Assim, o semblante frio, pesado e tristonho de um indivíduo ao andar pela rua pode esconder o diagnóstico de uma grave depressividade. Ou mesmo, os tremores e sudorese de quem tenta "tirar carteira" pode levar ao diagnóstico de uma ansiedade apenas passageira,  em função daquela situação.

Outras vezes os diagnósticos começam a ser feitos durante a fase de desenvolvimento da criança, quando os pais ou professores percebem que o comportamento de um estudante foge aos padrões do que se costuma chamar de normal. Ou mesmo durante a fase de "bebê", quando alguma coisa vai errada no desenvolvimento do filho.
Muitos de nós temos algum tipo de doença mental leve, com a qual convivemos e somente em caso de agravamento estaremos precisando de procurar o médico ou o terapeuta.
 
“Ansiedades” são as doenças mais comuns - todos têm algum tipo delas e na maioria das vezes não necessitamos de tratamento especifico. Há os “retardos mentais”, desde aqueles de nascimento até os decorrentes da senilidade e poderão ser leves, não atrapalhando o convívio do paciente, até aqueles que inviabilizam a atuação social do paciente.

Nas “neuroses”, já existe algum tipo de alteração mais delicada da personalidade. Os pacientes imaginam "coisas" irreais e as pessoas que os cercam começam a perceber que algo vai de errado com  eles. Às vezes essas neuroses evoluem para “obsessões, compulsões”, levando a comportamentos problemáticos que acabam por trazer prejuízos severos à saúde do paciente.  Aqui, o tratamento é sempre necessário.

Existem os quadros  “depressivos”, que vão desde aqueles causados por uma situação pequena e passageira - financeira, amorosa, por exemplo -, até mesmo as depressões graves, com total desinteresse pela vida, chegando em alguns casos ao suicídio.

As “psicoses” também sempre serão graves. Antigamente conhecidas como psicose maníaco-depressiva e agora como  “distúrbio bipolar”, nesse grupo de patologias os pacientes variam do quadro maníaco-humor excessivo à depressão grave. Aqui também se encaixam as psicoses derivadas do uso e dependência das mais diversas drogas. Nesse grupo, a personalidade original do individuo estará sempre prejudicada, durante as crises. Crises, porque essas pessoas poderão passar longas temporadas sem o menor sinal da doença.

Por fim, a “paranóia” e a  “esquizofrenia”. Alguns autores colocam a paranoia como um subgrupo da esquizofrenia. Nesses doentes, a personalidade está totalmente dissociada. O consciente pouco existe e o subconsciente está completa e radicalmente  dissociado da pessoa. O mundo externo não existe para esses pacientes. Suas atitudes e comportamentos são aberrantes. A evolução e o prognóstico aqui são sempre graves, chegando à morte prematura em muitos dos casos.

Os tratamentos são os mais diversos: terapias, psicanálise, medicamentos, internações em casos graves. A origem das doenças é muito polêmica. Há muitos autores, posições, teorias, hipóteses. O fato é que se constituem num grande grupo de doenças com as quais a medicina precisa trabalhar.

A psiquiatria é muito vasta e pouco falei aqui. Jamais teria a pretensão de querer esgotar o assunto. Apenas quis repartir com os leitores do JL alguns conceitos de doenças mentais e contribuir para que nossos doentes não sejam taxados de “loucos” A saúde publica e a medicina clínica precisam trilhar juntas os caminhos que desvendam a mente humana: para o bem de todos nós, de nossas famílias e de toda a humanidade.
 
(Novamente agradeço a sugestão do Rosalvo Pinto e espero ter alcançado o que ele sugeriu).

Deixe um comentário

Faça o login e deixe seu comentário