O impacto da Segunda Guerra Mundial no cotidiano da população são-joanense


Especiais

José Venâncio de Resende1

Manifestação contra Hitler e o nazismo na II Guerra Mundial (foto fornecida pelo autor).

O “Front Interno” são-joanense durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) é o título da monografia de Thiago Henrique Carvalho Davin, apresentada este ano ao curso de História da Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ). O orientador foi o professor Marcos Ferreira de Andrade.

O trabalho aborda o impacto socioeconômico e político que a guerra promoveu na cidade de São João Del Rei. Inicialmente, trata da mobilização sócio-política da população são-joanense, ao investigar a promoção de manifestações e comícios em prol da entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Em um segundo momento, discute como se deu o processo de nacionalização e repressão dos imigrantes da cidade são-joanense, através da análise do "Diário do Comércio", então periódico da Associação Comercial.

No terceiro espectro, o trabalho trata do impacto socioeconômico, ligado à privação de gêneros alimentícios e outros produtos, após os afundamentos de navios mercantes na costa litorânea brasileira, ao longo de 1942. “A análise desses três aspectos, sob uma perspectiva macro, situa-se no contexto da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Já o contexto brasileiro era marcado por escassez de gêneros alimentícios, inflação, nacionalização, repressão, censura”, diz o autor do trabalho.

Para Thiago, o fato de o jornal são-joanense Diário do Comércio ter sido cerceado, entre 1939 e 1945, pela manipulação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) - órgão que promovia a censura aos periódicos, revistas e rádios e propagava um viés ideológico varguista – interviu na memória coletiva da população civil são-joanense. “Pode-se dizer que os eventos ocasionados pela Segunda Guerra Mundial alteraram o cotidiano da população e instituições da cidade são-joanense.”

Mobilizações

Ao longo de 1942, ocorreriam manifestações de civis são-joanenses em favor da entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial ao lado dos países aliados, segundo Thiago. “Em virtude do torpedeamento de cinco navios brasileiros pelos submarinos do ´Eixo´ na altura do litoral da Bahia, no dia 18 de agosto de 1942, representantes do comércio são-joanense, como João Hallak, Orlando Camarano e Jorge Ramos, solidarizando-se com o sentimento de luto brasileiro, anunciariam que seriam fechadas as portas comerciais da cidade em sinal de protesto às hostilidades.”

Uma nota do jornal Diário do Comércio (edição de 19 de Agosto) relatou a visita dos membros da Comissão do Comércio e da Diretoria da Associação Comercial ao Comando do 11º Regimento de Infantaria e à casa do Prefeito Municipal, na qual comunicavam a decisão do comércio de cerrar suas portas às 15 horas em sinal de protesto pelo atentado sofrido pelo Brasil. “O seu gesto seria apoiado pelos ´chauffeurs´ de praça que imediatamente recolheram às garagens os seus carros. O comandante e o prefeito louvariam o gesto do comércio, dando-lhe a sua solidariedade.”

No mesmo dia, um “comício monstro” era promovido pelas classes operárias, estudantis e comerciais da cidade de São João Del Rei, continua Thiago. “Juntaram-se e em pouco tempo formaram uma grande massa popular, contabilizada em quatro mil pessoas, que até alta madrugada, percorrendo as ruas centrais da cidade cantando o hino nacional, vibrava de indignação e patriotismo, saudava Vargas e vaiava os chefes totalitários. Além disso, a população aclamava os oradores que se revezavam na tribuna popular, verberando sobre o atentando à soberania nacional.”

As manifestações em São João Del Rei prosseguiram no dia seguinte, relata Thiago, “com grande entusiasmo. A mocidade escolar, pela manhã, empunhando dísticos, realizaria uma passeata ruidosa, terminando a mesma em frente a redação do jornal Diário do Comércio. Às primeiras horas da tarde, vários alunos do Ginásio Santo Antônio, em forma, desfilaram pela cidade. Na frente, um ´pelotão de fuzilamento´ encenava a execução simbólica de Hitler. Dísticos humorísticos também eram conduzidos pelos alunos.”

Os manifestantes rumaram para a Prefeitura e, reunidos ao grupo escolar Maria Teresa, deram vivas ao Presidente Getúlio Vargas, ao Brasil e às Nações Unidas, segundo o autor citando a edição do jornal de 20 de Agosto. “Diversos oradores, da sacada da Prefeitura, dirigiram palavras patrióticas e cívicas à classe estudantil reunida. À noite, grande massa popular empunhando a Bandeira Nacional, retratos do Presidente Vargas e de Duque de Caxias, além de painéis patrióticos alusivos à ´quinta coluna’, percorreu as principais vias públicas sob aclamações e palmas da população que se comprimia ao longo dos passeios. ´Vibrantes e eloquentes oradores, em pontos diversos, usaram da palavra para verberar a atitude insólita do nazismo brutal e assassínio´.”

“Café Rio de Janeiro”

Depois da passeata do dia 19, uma enorme multidão reuniu-se em frente ao “Café Rio de Janeiro” e, aos gritos de “fecha! fecha! fecha!”, compeliu o proprietário do estabelecimento, Alfredo Mauro, a fechar suas portas, prossegue o autor com base na edição de 21 de agosto. Os ânimos estavam tão inflamados que, com muito custo, a polícia e pessoas influentes conseguiram evitar mais violência por parte dos manifestantes contra o estabelecimento visado. “Posteriormente, uma grande massa popular manteve-se na convergência entre a Rua Artur Bernardes e a Avenida Rui Barbosa (atual Tancredo Neves), efetuando atitudes de hostilidade contra os simpatizantes do nazismo, até que o policiamento passasse a ser auxiliado por um contingente do 11º Regimento de Artilharia para pôr fim aos ataques. Entretanto, em outros pontos da cidade, grupos de populares manifestariam a sua revolta apedrejando residências de pessoas apontadas como ´eixistas´.”

A edição do jornal do dia 20 trazia um declaração de Alfredo Mauro, “para evitar explorações e em desagravo dos sentimentos patrióticos”, de que era “brasileiro, natural de Ouro Preto, casado com uma brasileira, natural de Pitangui (MG), e pai de brasileiros reservistas de primeira categoria, e que participava também da justa revolta que inflamava a alma nacional sofrida pelos atentados existas contra a soberania nacional. Além disso, Mauro afirmava que jamais praticou qualquer ato que justificasse a menor suspeita ou restrição cívica, e que duvidasse da sua repulsa aos ataques em que a população brasileira foi vítima”.

Mesmo assim, prossegue Thiago, “o ´Café Rio de Janeiro´ manteve suas portas fechadas no dia seguinte, e os estabelecimentos congêneres, por ordem policial, funcionaram apenas até as 22 horas. No centro comercial, houve a aglomeração de pequenos grupos durante a noite para comentar os acontecimentos ocorridos anteriormente. ´Em todas as ocasiões, (...), quando os ânimos ameaçavam exceder-se, foi a ação cautelosa dos policiais que conseguiu abrandar os excessos´.”

Tancredo Neves

Por ocasião dos eventos comemorativos da Semana de Caxias, foi realizado, no dia 25, uma "empolgante manifestação de civismo" durante um comício na cidade são-joanense (edição do jornal de 26 de agosto, citada pelo autor). “Milhares de pessoas desfilaram pelas ruas centrais vibrando de entusiasmo e patriotismo, diante dos ataques à soberania nacional.” Entre os oradores do comício, estavam o prefeito Antônio Viegas e Tancredo Neves, “que reafirmaram a solidariedade a Getúlio Vargas. A multidão agitou-se próxima a escadaria do Teatro Municipal, Avenidas Hermilio Alves e Rui Barbosa, ostentando pequenas bandeiras nacionais, e outros dísticos patrióticos, que foram conduzidos pelo operariado”.

Na edição de 23 de agosto, uma leitora anônima sugerira ao redator do Diário do Comércio, José Bellini dos Santos, que o jornal patrocinasse a angariação de donativos mediante listas, distribuídas ao comércio em geral, para que os cidadãos pudessem contribuir com a celebração de uma missa campal pela alma dos que morreram pela causa brasileira. Caso houvesse a excedência de donativos, estes seriam enviados às famílias das vítimas. Desta forma, o redator passaria a coletar subscrições públicas para a causa sugerida, de acordo com a edição de 26 de agosto (citada pelo autor).

A subscrição pública, findada em 11 de setembro de 1942, atingiria a cifra total de 4:441$000, que seria repassada ao ministro Oswaldo Aranha (edição do Diário do Comércio de 12 de setembro).

“Campanha do metal”

No final de setembro, São João Del Rei se integraria à campanha do metal que ocorria no Rio de Janeiro sob os auspícios do “Diário da Noite”, de acordo com Thiago. “A coleta de todo o metal ´imprestável´, como ferro, aço, cobre, chumbo, alumínio, bronze, que refundido poderia ser útil à ´campanha da Vitória´. Segundo os redatores do Diário do Comércio, a campanha do metal também teria o mérito de exaltar o civismo do povo e fortalecer a união dos brasileiros. Desta forma, seria convocada toda a população, para que todos levassem ´o seu tributo à pirâmide do metal a ser levantada em proveito do Brasil´” (edição de 4 de setembro). A “pirâmide do metal” seria instalada na Avenida Rui Barbosa, em frente ao obelisco, estando à frente do movimento o prefeito Antônio Viegas e Pedro Alvarenga (edição de 27 de setembro).

Ao longo de 1944, a guerra alteraria o cotidiano comercial da cidade. Por exemplo, em virtude da penetração aliada em Roma e da invasão da Normandia, na França, em 6 de junho de 1944, as indústrias e o comércio são-joanenses encerrariam seu expediente no início da tarde, após ordem emitida pelo prefeito Antônio Viegas, em prol da “liberdade de Roma e pelo êxito do desembarque das forças aliadas (...) na Europa” (edição de 7 de junho de 1944 citada pelo autor).

“Posteriormente, entre os dias 27 de agosto e 7 de setembro de 1944, a população são-joanense arrecadaria donativos para serem enviados aos soldados do 11º R.I. presentes no Teatro de Operações europeu, através da "Pirâmide do Combatente". Os produtos deveriam ser entregues a uma comissão designada para recebê-los, na sede da Associação Comercial são-joanense, que posteriormente seriam direcionados à Mascarenhas de Moraes”, diz o autor citando as edições de 24 e 27 de agosto de 1944.

Comemorações

Ao saber do suícido de Adolf Hitler em 30 de abril, entre os dias 7 e 8 de maio de 1945, a população são-joanense saiu às ruas para comemorar a capitulação da Alemanha, relata o autor. “Na noite do dia 7, o Atletic Club e a Associação de Sargentos do 11º Regimento de Infantaria abririam os seus salões para os ´bailes da vitória´. Já no dia 08, as comemorações do triunfo das Nações Unidas seriam em sua maior parte de caráter religioso, como missas e procissões. Além do hasteamento de bandeiras em determinadas partes da cidade, ao longo do dia, à noite, com as ruas tomadas de gente festejando o término da guerra, a banda Continental Jazz desfilou executando marchas patrióticas, sob aplauso do público” (edição de 10 de maio de 1945).

No dia 10 de maio, foi realizado o "comício da vitória", no qual se pronunciaram, do edifico da Prefeitura são-joanense, o prefeito Antônio Viegas, o comandante do IIIº Batalhão do 12º R.I., major Otávio Ismaelino, e o padre Mário Quintão. Logo em seguida, a "passeata da vitória" reuniu cerca de cinco mil pessoas, que percorreram as avenidas Hermílio Alves e Rui Barbosa, as ruas Artur Bernardes e Marechal Deodoro, o Largo do Carmo e a Rua Direita. “Na escadaria da Matriz, encerrando a passeata cívica, falariam ao público Tancredo Neves e o padre Heitor de Assis. Todos os oradores da passeata deram foco à atuação da Força Expedicionária Brasileira, especificamente à ação do 11º Regimento de Infantaria”, resume o autor.

Noticiário são-joanense

As informações do cenário nacional e internacional chegavam aos são-joanenses através dos periódicos locais, assinala o autor. “Conforme atesta o veterano Gentil Palhares, ´todo mundo acompanhava o desenrolar do cataclismo europeu (...) inteirando-se das notícias por intermédio da imprensa e do rádio´. Entre 1939 e 1945, havia dois periódicos expressivos que circulavam em São João Del Rei, sendo eles O Correio, órgão de divulgação do Partido Republicano Municipal (PRM), distribuído localmente em uma média quinzenal, entre 1926 e 1960; e o jornal Diário do Comércio, criado pela Associação Comercial de São João Del Rei com o objetivo de ser o órgão informativo das indústrias e do comércio da cidade, que circulou diariamente entre 1938 e 1961.”

Além disso, segundo Augusto Viegas, haveria periódicos de menor expressão como A Voz da Escola (1939); O Garoto (1939); O Nosso Jornalzinho (1939); O Relâmpago (1940); O Brasil (1941); Frivolidade (1942); e O Abelha (1942), segundo Augusto Viegas citado pelo autor. Também existiam o jornal educacional Stella Maris, editado no Colégio Nossa Senhora das Dores, e O Porvir, compilado no Colégio Santo Antônio.

O Diário do Comércio foi registrado, em 8 de março de 1938, no Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) do Estado Novo, sob número 8145. O impresso possuía uma coluna esportiva, uma seção agrícola, uma seção católica, publicações humorísticas e variadas propagandas. Dentre os nomes da redação, destacavam-se José Bellini dos Santos, Professor Antônio Rocha, Dr. Pedro de Souza, Dr. José Barbosa, Monsenhor José Fernandes e Dr. Tomaz de Almeida.

Durante a guerra, o jornal divulgava, diariamente, informações das operações de guerra, desde o teatro de operações ocidental até à guerra no Pacífico, de acordo com Thiago. Estas informações eram produzidas pelos principais jornais do Brasil e do exterior, visto que inexistiam correspondentes de guerra ou contratos com agências de notícias. “Entretanto, segundo César Maximiano, durante a guerra, as informações que chegavam ao Brasil eram limitadas. Após o ataque malsucedido da FEB em Castelnuovo di Garfagnana, em outubro de 1944, os correspondentes brasileiros foram proibidos de ir para as frentes de batalha. Desta forma, os familiares e amigos recebiam pouca ou nenhuma notícia sobre os expedicionários na Itália, que eram transmitidas por meio de crônicas escritas pelos correspondentes ou por meio de cartas censuradas.”

Após 1930, o governo varguista criaria o canal do Ministério da Educação e iniciaria a exploração da Rádio Nacional, segundo Thiago. “Os programas radiofônicos tiveram grande representatividade na difusão do noticiário de guerra. Os rádios transmitiam desde programações locais, até notícias internacionais recebidas diretamente dos Estados Unidos e outros países europeus.”

De acordo com Marlene de Fáveri citada pelo autor, “os rádios recebiam transmissões diretas da Alemanha e da Itália, porém possuir aparelhos radiotransmissores era um motivo explícito para a atuação da polícia política varguista. Ou seja, ´possuir um aparelho de rádio por si só transformava o estrangeiro/naturalizado/descendente em um possível ‘quinta-coluna’, que se comunicava ou ouvia a Itália e a Alemanha´”.

Porém a primeira emissora de rádio são-joanense, a “Rádio São João Del Rei, S/A”, só seria fundada em 18 de maio de 1945, ocupando o canal 970 AM. “Segundo Augusto Viegas, a rádio seria inaugurada solenemente em 18 de maio de 1947, sob o prefixo ZYI-7, funcionando com uma frequência de 970 ciclociclos e potência de 250 watts.”

Cinema

O Cine Capitólio, a partir de 1939, empenhou-se em reproduzir filmes com a temática de Guerra, assim como documentários que abordavam a atuação da FEB e produções laudatórias ao regime do Estado Novo, o que era comum no cenário nacional, relata o autor do trabalho. “Além das produções nacionais, o Cine Capitólio também reproduzia filmes ´hollywoodianos´, que, além de possuírem maior exibição nas salas de cinemas brasileiros, buscavam satirizar e contrapor-se, de certa forma, à ascensão e atuação de regimes totalitários europeus.”

A sala de cinema conhecida como Cine Capitólio, na Avenida Rui Barbosa (atual Avenida Tancredo Neves), foi inaugurada no dia 16 de junho de 1928 pela corporação dos irmãos J. Faleiro & Cia., de acordo com Antônio Gaio Sobrinho citado pelo autor. Posteriormente, deslocou-se para as dependências do Teatro Municipal.

Em 1941, durante o mandato do prefeito Antônio Viegas, o cinema passou por modificações e foi arrendado por 20 anos para a Empresa Cinematográfica F. Cupello & Cia., dos sócios-gerentes Francisco Cupello e Gabriel Vilella. Na reinauguração, em 10 de novembro, o prefeito, autoridades civis e militares, representantes do setor cinematográfico, jornalistas e populares participaram de evento de homenagem ao “transcurso do aniversário do Estado Novo, [e] (...) ao eminente Presidente Getúlio Vargas, com um Concerto pela Sinfônica, tendo também abrilhantado a festa a Banda do 11º Regimento de Infantaria”, de acordo com Antônio Guerra citado pelo autor.

“Perseguição” de imigrantes 

A maior parte da população imigrante estabelecida em São João Del Rei é de origem e ascendência italiana. Segundo Recenseamento Geral do Brasil (1º de setembro de 1940), havia em São João Del Rei, 44.787 brasileiros natos, 92 brasileiros naturalizados, 454 estrangeiros e 2 de nacionalidade não declarada. Dentre os estrangeiros, havia 200 imigrantes italianos (89 homens e 111 mulheres); 111 de nacionalidade siríaca (70 homens e 41 mulheres); 70 de origem portuguesa (37 homens e 33 mulheres); e 18 imigrantes poloneses (10 homens e 8 mulheres).

Segundo Thiago, “pode-se apontar alguns focos de perseguição, embora os ataques não ocorressem com a mesma intensidade como sucedido em cidades da região sul do país”. Existia na cidade uma Sociedade Italiana de Mútuo Socorro, a “Figli del Lavoro”, fundada pelos imigrantes italianos em 29 de outubro de 1891, de acordo com Mariana Teixeira citada pelo autor. “No contexto da Segunda Guerra Mundial, a Sociedade teve todos os seus documentos e registros, como atas, estatutos, quadros, incendiados.”

Ao longo de 1942, após o rompimento das relações diplomáticas e torpedeamentos na costa brasileira, a imprensa local buscou hostilizar os imigrantes são-joanenses, relata o autor. Em manchete, o Diário do Comércio (6 de março de 1942) comparava os imigrantes a espiões, subversores, que deveriam ser perseguidos e denunciados. “(...) A casta dos espiões, a quinta coluna, é vária. Há os que entram, os que imigram; e há os naturais, os nativos. Aqueles agem por instinto racial à procura de espaço vital. São os plenipotenciários do exterior que nos entram pela casa a dentro e se entrometem (sic) na nossa vida para desalojar-nos das nossas posições materiais. Os naturais, os nativos, os domésticos, esses são os peiores (sic), porque já conhecem os nossos segredos. São eles os traidores miseráveis, que convivem conosco na intimidade do nosso viver. São os Judas de casa, fratricidas por índole e por natureza, são os monstros que a Pátria gerou, amamentou depois, venderem-n’a, entregarem-n’a (sic) ao inimigo implacável.”

Prossegue o jornal: “O espião deve, por isso, ser vigiado e denunciado às autoridades nacionais. Segui-lo, vigiar-lhe os passos, persegui-lo, denunciá-lo, é dever precípuo de cada brasileiro que quer ter sua liberdade garantida, a sua patria (sic) livre, o direito de viver. Não nos enganemos com esses tartufos que ontem se exteriorizasam (sic) por princípios exóticos, e hoje por circunstancias outras, se dizem brasileiros, recolhendo as garras para expo-las (sic) na primeira oportunidade. São eles outros tantos espiões disfarçados e incorrigíveis, que devem ser acompanhados de perto, porque são, não há dúvida, elementos ótimos de ligação”.

“Quinta-coluna”

Havia são-joanenses que, através da imprensa, defendiam o confisco de bens dos imigrantes do “Eixo”, relata Thiago. Em manchete do Diário do Comércio (20 de março de 1942), por exemplo, “o autor argumentava que ´Os nossos hóspedes, nascidos nos países do Eixo (...), não se comportam. Formam uma perigosa quinta coluna tão beligerante como os beligerantes propriamente ditos. A diferença é só de armas. Usam a língua como armas e a palavra como projétil. (...) A ´quinta coluna´ dá aos submarinos a notícia de quando devem partir e quando devem chegar nossos navios, o que significa em que ponto do mar devem estar em tal dia, por conclusão fácil. O submarino espera o navio brasileiro e meteo ao fundo. Logo a ´quinta coluna´ determinou o dano e por ele deve responder, vida por vida, bens por bens, dente por dente. (...). O confisco é justo.”

Ao fazer dura crítica à ação do “quinta-colunismo”, Nina Rosa, na edição do jornal de 2 de abril, questiona: “haverá por ventura sanjoanense pertencente á Quinta Coluna? Vergonha para S. João si tiver filhos de patriotismo de urso, traidores que por uma vã cobiça queiram entregar seu berço”.

O controle sobre a população imigrante que pertencia aos países do “Eixo” é assunto também da edição de março de 1942, cita Thiago. O agente do Banco do Brasil S. A., Pedro dos Santos - e seu assistente Álvaro Coutinho – avisava que, de acordo com o Decreto-lei nº 4.166 (dispõe sobre as indenizações devidas por atos de agressão contra bens do Estado brasileiro e contra a vida e bens de brasileiros ou de estrangeiros residentes no Brasil) de 11 de março de 1942, os súditos alemães, japoneses e italianos, pessoas físicas ou jurídicas, residentes nos municípios de São João Del Rei, Prados e Resende Costa, deveriam comunicar ao Banco, em São João Del Rei, e às Coletorias Federais de Prados e Resende Costa, a natureza, a qualidade, a quantidade e o valor de seus bens, como imóveis, títulos e ações nominativas, e móveis em geral.

Na edição de 24 de abril, a diretoria da estação da Estrada de Ferro Central do Brasil de Barbacena, cidade vizinha a São João Del Rei, passaria a exigir que as estações da ferrovia cobrassem a apresentação de salvo-conduto (obtido nas delegacias de polícia) de seus viajantes “súditos do Eixo” no ato da aquisição de passagens. Somente em 1945, a exigência seria desfeita, visto que o chefe de polícia do Distrito Federal, João de Barros, enviaria um ofício ao major Napoleão de Alencastro Guimarães, chefe da Estação, solicitando o abandono da necessidade de apresentação de documentos de identidade na compra de passagens (edição de 29 de março de 1945).

Funcionários públicos

Após o decreto de estado de beligerância entre Brasil, Alemanha e Itália (dia 22 de agosto de 1942), o Diário do Comércio (edição de 23 de agosto) orientava em manchete que a população são-joanense solicitasse a demissão de eixistas que ocupavam cargos públicos. “Desta forma, de Belo Horizonte, um telegrama do interventor Benedito Valadares seria enviado a Getúlio Vargas, clamando que o presidente realizasse a demissão de funcionários estrangeiros e nacionais de cargos públicos, tidos como ´quinta colunistas´ e ´conspiradores contra a soberania nacional´.”

Na medida em que se caminhava para o fim da guerra, eram afrouxadas as exigências que foram impostas às populações descendentes de países do “Eixo”, relata Thiago. Exemplo é o aviso do delegado regional de Polícia de São João Del Rei, Abel Jacinto Ganem Junior, emitido em 12 de dezembro de 1944, que cumpria ordens do chefe de serviço de registro de estrangeiros do estado de Minas Gerais, sobre a determinação de Vargas de suspender medidas impostas aos italianos, bem como aprovar sua “livre-circulação”, desde que os mesmos estivessem munidos da carteira de identidade modelo 19 (edição de 15 de dezembro de 1944).

Prisões

Segundo Thiago, um dos casos de prisão e sentenciamento de imigrantes com maior repercussão na cidade de São João Del Rei foi o do alemão Franz Ferdinand Ernest Albrecht, funcionário da Secretaria da Agricultura e ex-chefe da 11ª Circunscrição Agropecuária de São João Del Rei, julgado em 10 de dezembro de 1944, depois de denunciado várias vezes como “quinta-coluna” pelos redatores do Diário do Comércio, em 1942. Outro foi o do lituano Juozas Jurglias, minerador de ouro na cidade e antigo oficial do exército lituano, que havia lutado em 1914 contra os Aliados.

No mesmo processo, também seriam inquiridos ou investigados Vasilie Dolchie, nascido em Hotin, Bessarabia, que se mudou para São João Del Rei em 1943 e trabalhava na procura de ouro; João Arnaldo Hani Bonfadini, descendente de italianos, que trabalhou na cidade no ramo de mineração de ferro; Francisco Brandão Lobato, brasileiro, nascido no Distrito Federal, residente em São João Del Rei após 1924, funcionário do Banco Almeida Magalhães e vendedor de aparelhos de refrigeração, rádios, maquinas de escrever e de calcular; Francisco Cadilec, explorador de cassiterita; José Narciso, mecânico, acusado de envolver-se com atividades integralistas na cidade; e (...) Clementinos, frade franciscano holandês que trabalhava no Colégio Santo Antônio (Arquivos da Polícia Política, acervo do período de 1927 a 1982, citados pelo autor).

As diversas denúncias levaram o delegado João Luís Alves Valadão a se deslocar de Belo Horizonte para São João Del Rei, a fim de averiguar a propagação da “doutrina nazista”. Os indivíduos denunciados realizariam, “antes e durante o estado de beligerância brasileiro, intensa propaganda nazista, distribuindo panfletos e folhetos recebidos diretamente de Berlim”.

O lituano Juozas seria preso e levado para Belo Horizonte, pois em sua residência teriam sido encontrados papéis escritos em língua lituana ligados a atividades políticas. O alemão Franz Ferdinand também seria preso, tendo negado seu envolvimento com Berlim. Porém seria contestado por várias testemunhas presentes no local.

As edições do Diário do Comércio, de 5 de setembro e de 10 de dezembro de 1942, faziam referências aos dois, que foram enquadrados no art. 2º do Decreto-lei nº 383, de 18 de abril de 1938, cuja redação vedava a estrangeiros a atividade política. Em edições de agosto e setembro de 1942, o jornal referia-se às “atividades nazistas” do alemão Franz Ferdinand. Em setembro, por exemplo, Franz afirmaria que "se Hitler declarasse guerra ao Brasil, este país seria vencido matematicamente em 10 minutos". Desta forma, a redação do jornal, com base em material fornecido pelo alemão, solicitou ao governador Benedito Valadares o seu afastamento da cidade. Já o lituano Juozas Jurgilas dizia-se real inimigo da Rússia, pois esta teria invadido seu país.

As prisões dos dois tiveram repercussão nacional, conforme notícia publicada no jornal “O Globo” (26 de dezembro de 1942), citada pelo autor. Depois de detalhar os casos, a notícia conclui: “Colhidas as provas necessárias contra os mesmos, o inquérito foi remetido ao Tribunal de Segurança Nacional, com a classificação dos delitos da maneira seguinte: Mariana Reis (cunhada de Franz, que por ocasião de um desfile do 11º R.I. teria chamado o Pavilhão Nacional de ´farrapo sujo´), brasileira, doméstica, residente em Diamantina, incursa no n. 1 do artigo 35 do Decretolei 4.545 de 31 de julho de 1942; Juozas Jurgilas, lituano, minerador, residente em São João dEl-Rei; e Franz Ferdinand Ernest Albrecht, alemão, se diz brasileiro naturalizado, casado, residente em Diamantina, incursos no n. 1 do artigo 2º do Decreto-lei 383, de 18 de abril de 1938".

Segundo Thiago, apesar das acusações, em 17 de fevereiro de 1945, eles seriam liberados. “O Tribunal de Segurança, em sessão de 23 de janeiro de 1945, arquivaria o processo nº 5942, na qual estariam acusados Marina Reis, Franz Ferdinand e Juozas Jurgilas” (Arquivos da Polícia Política, acervo do período de 1927 a 1982).

Racionamento

Assim como em diversas localidades do país, a população da cidade de São João Del Rei passou a ser afetada pelo racionamento, escassez de gêneros alimentícios, alta de preços, carestia e desemprego, com o rompimento das relações diplomáticas com os países do “Eixo”, acrescidos aos decretos (28 de setembro de 1942 e 3 de maio de 1943) de Coordenação de Mobilização Econômica e de Racionamento, diz Thiago. “Nesse cenário, a imprensa seria utilizada para incentivar os brasileiros a contribuir com a ´obrigação de guerra´.” Estas obrigações de guerra constituiam-se de taxa de contribuição compulsória de 3% dos salários dos funcionários públicos para o esforço de guerra, adquirindo, desta forma, obrigações de guerra que pagavam juros de 6% ao ano (Decreto-lei nº 4789 de 05 de outubro de 1942).

Em várias edições, de acordo com Thiago, o Diário do Comércio apresentou abordagem de viés nacionalista, com ilustrações, propagandas e charges vinculados a produtos, bem como à compra de obrigações de guerra, colaboração com a produção fabril e aquisição de bônus de guerra, além de orientações para se economizar produtos importantes, como gasolina, gêneros alimentícios e energia elétrica. Além disso, João da Costa Rodrigues, gerente da agência do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários (IAPC), enviaria nota ao jornal para esclarecer medidas relacionadas ao recolhimento das "Obrigações de Guerra". Ou seja, a partir de 1º de julho de 1943, os empregadores eram obrigados a recolher aos cofres do IAPC as importâncias relativas às contribuições de subscrição de "obrigações de guerra" dos empregados subordinados, recebendo, em troca, os selos correspondentes que deveriam ser entregues no ato do pagamento dos seus ordenados, então devidamente descontados sobre a "Base do Salário" (Diário do Comércio, 29 de outubro de 1943).

Ante a crise dos combustíveis, o governo instituiu o sistema de gasogênio para fomenter a utilização do produto pelos veículos, como alternativa à gasolina (Decreto-lei nº 1125, de fevereiro de 1939, criou a Comissão Nacional de Gasogênio e, em 1941, foi fundada a Comissão Estadual do Gasogênio). Em 1942, o Serviço de Racionamento de Gasolina tomaria medidas para controlar a distribuição de combustíveis em São João Del Rei, como notificação dos proprietários de bombas, fechamento aos domingos e feriados nacionais e a cassação do fornecimento ao proprietário do veículo que tentasse receber em duplicata a caderneta de racionamento do corrente mês. “Em suma, os carros comuns ou de passageiros poderiam receber de 60 a 150 litros mensais de gasolina, os carros de praça, de 250 a 350 litros mensais, e os carros particulares a serviço de médicos, de 120 a 150 litros mensais. Os interessados em obter as quotas, deveriam declarar a Comissão a natureza dos carros que eram proprietários, os serviços em que eram empregados e o consumo antigo” (Diário do Comércio, 30 de abril de 1942).

Entretanto, a diminuição do estoque de gasolina e regulamentação distributiva criaria problemas para a cidade, prossegue Thiago. “Seria lançada na imprensa várias contestações ao racionamento do combustível.” A Rede Mineira de Viação utilizaria tarifas proibitivas ao transporte de lenha, para restringir às locomotivas o consumo das matas próximas das suas linhas. Segundo o Diário do Comércio (edição de 5 de maio de 1942), a lenha consumida pelos são-joanenses era extraída de zonas localizadas a 40 a 50 quilômetros da cidade. “Além disso, em julho de 1942, a imprensa questionaria a ação de alguns distribuidores, que, não satisfeitos com a elevação clandestina do preço (de 1$720 para 2$500), estariam adicionando ao combustível água potável e água-ardente” (edição de 22 de julho).

Para combater a burla ao racionamento de gasolina, o delegado da Polícia de São João Del Rei, Jeudiel Torga, divulgou, em 24 de julho de 1942, uma tabela de preços para corridas e viagens em automóveis, nos perímetros urbano (5$000) e suburbano (6$000) e em viagem por quilômetro (1$500282). “O fim do racionamento de combustível só ocorreria em agosto de 1945, fazendo com que o tráfego de veículos fosse retomado na cidade de São João Del Rei (edição de 18 de agosto de 1945).”

Batalha da produção

Em 1942, o prefeito são-joanense, Antônio Viegas, lançaria um apelo aos fazendeiros, agricultores, criadores e lavradores do município, para que se empenhassem no aumento da produção voltada ao “esforço de guerra”, relata Thiago. Em reunião no edifício da Prefeitura em 30 de agosto de 1942, Antônio Viegas sugeriria a criação de uma comissão central e outras comissões distritais (Diário do Comércio, 1º de setembro de 1942). A comissão central realizaria uma excursão à Vila do Rio das Mortes e, posteriormente, visitaria outras localidades do município.

Os membros da comissão central visitariam ainda as vilas de Santa Rita e Conceição da Barra, assim como Santa Rita (atual Ritápolis). “Em suma, em ambas as vilas foi lançada pelas respectivas comissões distritais a ´Campanha da Cruzada da Vitória´” (edição de 5 de setembro de 1942). “Com a visita no dia 20 de setembro à Vila de São Francisco do Onça, findar-se-ia a série de excursões empreendidas pela Comissão Central de Fomento da Produção Agropecuária do município de São João Del Rei. A comissão distrital ficou constituída por José Augusto de Rezende, Ranulfo de Rezende, Antônio de Rezende, Natanael Reis, Afrânio Ferreira, Antônio da Silva, Bento Portela, dentre outros” (edição de 23 de setembro de 1942).

Com a criação da Comissão de Abastecimentos de Minas Gerais (Portaria nº 192, de 17 de janeiro de 1944), os prefeitos municipais poderiam controlar os preços, além de punir os infratores das tabelas, relata Thiago. “O prefeito são-joanense, Antônio Viegas, emitiria uma nota no periódico Diário do Comércio, por exemplo, alertando e ameaçando os praticantes de abusos nos preços de gêneros alimentícios de primeira necessidade, como o açúcar e o leite” (edição de 8 de março de 1944).

“Apesar do esforço das comissões de abastecimento, no ano de 1944, vários produtos estariam racionados, ou ausentes, no mercado são-joanense”, assinala Thiago. Faltavam leite, energia elétrica e açúcar entre outros produtos (Diário do Comércio, edições de 12 de fevereiro, 15 de junho, 18 de julho). No fim da guerra, “considerando que o município estava regularmente abastecido de açúcar, e de que houve uma queda no preço desse produto inferior aos preços da tabela, o prefeito municipal e presidente da Subcomissão de Abastecimento de São João Del Rei resolveria tirar o açúcar da tabela de preços, no dia 26 de abril de 1945. Além disso, ficariam suprimidos os vales emitidos pela Prefeitura para a venda de açúcar no atacado”. Ainda assim, era “expressamente proibida a saída de açúcar, de qualquer espécie, do município são-joanense para outro (município), ficando sujeita a apreensão de qualquer quantidade do produto que fosse encontrada em trânsito clandestino, sendo devidamente processado e multado o infrator da disposição” (edição de 27 de abril de 1945).

Em 26 de julho de 1945, a Comissão de Abastecimento do Estado de Minas Gerais seria extinta. Segundo Thiago, os redatores do Diário do Comércio consideraram que a Comissão Estadual e suas sucursais nos municípios eram “meras ficções, ou seja, as providências que tomavam para o ´abastecimento´ resultavam sempre no ´sumiço´ do produto, e quando fixavam um preço a população já sabia que para obter o produto tinha que pagar 50 a 80% a mais”. Para estes redatores, a própria Comissão é que devia ter “pedido sua extinção”, pois não conseguiu abastecer as repartições do Estado com os preços tabelados (edição 26 de julho de 1945).

Apreensões e prisões

Entre os casos de repercussão judicial relacionados ao descumprimento das normas de estoque em São João Del Rei, destaca-se a apreensão, em 28 de fevereiro de 1944, de dezessete sacos de açúcar cristal, escondidos no armazém dos senhores Paiva & Irmão, situado na Praça Severiano de Rezende (Arquivo Público Mineiro, Arquivos da Polícia Política, período de 1927 a 1982).

Outro processo que tratava do descumprimento das normas de estoque em São João Del Rei, considerado como “crime de Economia Popular”, refere-se à estocagem indevida de açúcar cristal. Em 1º de março de 1944, a polícia são-joanense, após denúncias, apreenderia 429 quilos de açúcar cristal, procedente da “Uzinas de Rio Branco”, localizados no armazém comercial e na casa de Anchieta Lobato, 59 anos, e seu filho Alberto Lobato, 24 anos, situados na Rua Artur Bernardes, centro da cidade (Arquivo Público Mineiro, 1927 a 1982).

Outro caso refere-se ao infringimento das regras de tabelamento, que levaria à prisão do comerciante português Américo Lourenço, residente em Barbacena. Ele teria vendido por intermédio do libanês Talfic Kahlil, em março de 1944, 200 sacos de sal a Henrique José Rosa da Silva, comerciante em São João Del Rei, por preço superior ao tabelado. Henrique, ao verificar que a mercadoria não podia ser vendida pelo preço da tabela na cidade, vendeu o produto para Francisco de Morais, de Tiradentes, com lucro "apreciável" e por preço superior ao da tabela vigente em São João Del Rei. O Ministro do Tribunal de Segurança Nacional, Pedro Borges da Silva, condenaria Américo Lourenço, em 10 de janeiro de 1945, a um mês de prisão, absolvendo os demais envolvidos nas acusações. Posteriormente, retificaria a pena imposta a Américo Lourenço, que ainda foi condenado a uma multa de Cr$2.000,00 (Diário do Comércio, 27 de fevereiro de 1945).

 

Comentários

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    José Venâncio, desejo fazer apenas uma correção. Na frase "(...) até que o policiamento passasse a ser auxiliado por um contingente do 11º Regimento de Artilharia para pôr fim aos ataques", o termo correto da unidade é 11º Regimento de Infantaria. Obrigado.


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