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Dois resende-costenses de destaque

26 de Junho de 2024, por Regina Coelho

Em plena Avenida Alfredo Penido, entre as dezenas de estabelecimentos comerciais espalhados ao longo dessa que é a principal porta de entrada e saída da cidade, uma pequena distância separa o Xegamais e a loja Rosa Artesanato. No primeiro, de convidativo nome, recepcionando e orientando os que chegam, sem se descuidar do serviço de caixa, o resende-costense José Antônio de Resende, 78 anos (nascido no Povoado do Barro Vermelho, onde viveu até os 18, na lida com o pai e os irmãos), mesmo aposentado, continua a trabalhar em seu restaurante. No outro ponto, na fachada sobre cuja parede se vê em posição de escalada uma escultura da Tixa, nossa personagem-símbolo, identifica-se também em vistosa pintura ao alto o nome da proprietária: Rosa. Rosângela de Fátima Chaves Silva, 69 anos, nascida em São João del Rei e a vida toda moradora de Resende Costa, aposentada, mas ainda atuante profissionalmente. E começou cedo, aos 11, sempre como artesã, trabalhando em família, uma bênção de Deus, ela diz.

Diferentemente dela, o José Antônio, melhor, o Zainha do Xegamais, como é conhecido entre nós, rodou muito por aí até voltar definitivamente para a sua terra natal. No começo, ficou por um breve período no “Colégio Salesiano” em São João e, aos 18, serviu no Exército. Depois, foi buscar oportunidades de trabalho e estudo fora, primeiramente em Belo Horizonte, quando trabalhou na EDIMAP (Editora e Distribuidora de Material Pedagógico) e na ANTARES (Distribuidora de livros), pertencentes ao seu irmão Geraldo Pinto. Representando essa última firma, foi fazer a divulgação do material em São Paulo e se apaixonou pela capital. E por lá ficou até que surgiu uma oportunidade de trabalho no Rio de Janeiro. Mais tarde, quis voltar para São Paulo, dessa vez, trabalhando em Caçapava, onde também concluiu o curso de Contabilidade. Outros desafios profissionais se sucederam. E veio o casamento com a também resende-costense Maria Ângela. Vieram os filhos: Ana Paula, Sérgio e, por fim, em Resende Costa, o Bruno.

Rosa, por sua vez, aqui permanecendo, nem por isso se acomodou. Paralelamente às suas atividades com o artesanato e à vida familiar envolvendo o cuidado com os pais, a quem agradece por toda ajuda, e à família, depois formada ainda pelo marido, Gonçalo, e os filhos – Rodrigo, Fabrício e Flávia (e netos) –, por 15 anos trabalhou como servente terceirizada no Fórum da comarca local. Até resolver se dedicar exclusivamente às funções de artesã e comerciante. Fazendo crochê, tapetes de ponto cruz, tapetes tecidos no tear e acabamentos em blusas de crochê, cortinas e bolsas, ela faz arte. Trabalhando com os filhos (com Luísa também, a neta que hoje faz faculdade em BH) e com os funcionários, ou “colaboradores”, ela faz negócios. Nas lojas – A Casa da Tixa, na mesma avenida, leva também a sua marca de artesã e empreendedora –, com uma variedade espantosa de itens que vão de acessórios de decoração a peças de vestuário em crochê, os produtos de mais saída são os tapetes, as cortinas, colchas e almofadas. “E tenho uma pequena fábrica de bonecas de pano”, revela com satisfação.

Satisfação também sente o Zainha em viver de novo na sua terrinha, “o melhor lugar do mundo”, afirma. Nesse reinício, atuando como tecelão e depois, gerente do extinto Armazém Resende Costa. Em 1987, a abertura do Restaurante Xegamais (no início também bar e pizzaria, em sociedade com o cunhado Mozart e desfeita amigavelmente depois de muitos anos) foi um passo ousado. Com o tempo, um grande acerto. Agraciado com uma clientela fiel e já contando com o suporte dos netos crescidos aprendendo o ofício, o empreendimento mantém a tradição familiar e a oferta de sempre de pratos – o escalope e o parmegiana, entre outros, preparados pela equipe do Zainha, Maria Ângela e Sérgio à moda única do Xegamais.

Quando o assunto é a movimentação de turistas na avenida dos artesanatos, a família lembra que, coincidentemente, essa via se desenvolveu onde o restaurante já existia. Com o turismo, o movimento e as demandas dele mudaram muito. Para melhor. Para a Rosa também. Para todos.

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