Crônicas do Cotidiano

Os Chatos

16 de Maio de 2009, por Rafael Chaves 0

Tem gente que é chata por natureza. A chatice é um mal, assim como o carisma é uma virtude. Chato nasce chato, nem terapia de choque sara. Chato é pior que carro enguiçado na estrada, chato é pior que chuva em dia de festa, chato é pior que isqueiro negando fogo, chato é pior que mancha de batom em gola de camisa. Chato não tem autocrítica nem autocontrole. Chato é chato.

Tem chato de tudo enquanto é jeito nesse mundo, para todo tipo de desgosto nosso. Chatice é gênero. E várias são as suas espécies.

O chatus glutis é o chato que gruda em você. São duas as subespécies. A primeira é o chatus glutis manus, que é aquele chato que senta do seu lado e vai logo colocando a mãozinha dele sobre sua coxa. E quando esse chato ainda dá aquela alisadinha na sua coxa, então? Dá ou não dá vontade de enforcar o sujeito? E ainda que você, delicadamente, com as pontas dos seus dedos, retire a mão dele de sua coxa ele volta à carga com aquela risadinha sardônica que lhe é característica. Outra subespécie é o chatus glutis perdiccottus. É o chato que não sai da sua cola. Aonde você vai, ele vai atrás. É costume desse chato postar-se na sua frente, conversar ao pé do ouvido ou face a face, sempre expelindo perdigotos na sua cara. É o intermediário preferido dos vírus e bactérias. Em tempo de gripe suína fuja dele como o diabo da cruz.

O chatus gastronomus é o famoso chato que come couve e arrota lombo. Uns anos atrás veio passar o carnaval em Resende Costa um bando de paulistas em carros importados de alto luxo. As meninas da cidade, impressionadas - porque chato às vezes convence -, suspiravam a cada acelerada do carro na Avenida Gonçalves Pinto. Descobriu-se depois que os carros eram alugados e que os paulistas moravam numa favela. De outra vez um chato, também paulista, numa roda de cerveja em frente ao antigo Bar da Maura, fez questão de mostrar o seu tênis Nike novo, só para dizer que tinha custado R$500,00. Antes que os paulistas me condenem, devo dizer que tem muito chatus gastronomus mineiro também. Conheço até uma raça, o chatus gastronomus barbacenensis.

O chatus parentis você, pelo nome da espécie, já até imagina quem seja. É ele mesmo: o chato parente. Esse chato só traz problema para você resolver. Você já viu um chatus parentis trazer notícia boa ou lhe oferecer alguma vantagem? Não, de maneira nenhuma. Esse chato ou está com problema de dinheiro ou de saúde. E se você não tiver dinheiro ele puxa do bolso uma nota promissória ou um contrato para você avalizar ou fiar. Negue para você ver o que acontece. No outro dia seu nome estará no SERASA familiar.

O chatus monochordis é o chato de um assunto só. E vai insistir assim lá no raio que o parta! Toda vez que você encontra um desses chatos, ele sempre vem com o mesmo assunto. Um deles eu conheço bem. Toda vez que o encontro ele me faz a mesma pergunta: “e os cavalos?”. Depois discorre longamente sobre cavalos, fala da mesma fazenda que visitou certa vez e dos cavalos maravilhosos que viu lá. Não vira o disco nem por reza brava. Outro exemplo é o torcedor fanático, só pensa e vive para o seu time. Se o time dele ganha então nem se fala; traveste-se das cores do time e sai pela rua como se ele próprio fosse o ganhador, insultando os adversários.

O chatus saperis é meio que o oposto do chatus monochordis. Assim, ao contrário, é o chato que entende de tudo, sabe de tudo, tem opinião sobre tudo. A sua verdade está acima de qualquer suspeita. Você jamais o convencerá de que está errado sobre seus conceitos ou idéias. É o chato enciclopédico. É leitor assíduo da Revista Veja, da qual tira suas opiniões políticas e econômicas. Elege suas fontes de conhecimento e filtra tudo que acontece segundo sua perspectiva. É capaz de demonstrar e provar que focinho de porco é tomada. Jamais discuta com um chatus saperis, é perda de tempo e energia.

Remédio contra chatos não há, nem repelente de pernilongo dá conta. Como disse, chatice é doença incurável. Mas existe um paliativo. Elegi os chatos de plantão e avisei aos meus amigos: “Oh, se me virem conversando com ... pelo amor de Deus, dá um jeito e me chama dizendo que precisa falar comigo com urgência e em particular1”. E salve-se quem puder!

Bebês não falam! Ou falam?

18 de Abril de 2009, por Rafael Chaves 0

Bebês não falam. Talvez possam se expressar ou se comunicar de algum modo que nós não sabemos ou não identificamos. Ainda não achamos a pedra da Roseta, a chave, o mistério que decifre a linguagem dos bebês. Para todos os efeitos, é melhor a gente considerar que eles pensam, têm suas vontades e possam mesmo se comunicar, pelo menos entre eles próprios.

Entre nós, adultos, e eles, bebês, não creio que seja possível estabelecer um entendimento. Seguimos a nossa intuição, na crença de que estamos fazendo o melhor para eles. Tentamos adivinhar. Veja, por exemplo, o caso dos médicos pediatras. Você leva seu bebê inquieto ao pediatra e ele examina dali, examina daqui e vai logo decretando:


Isso é uma virose! – e prescreve uma avalanche de medicamentos, cada qual para um dos sintomas que a mãe descreveu, para alegria e felicidade da mãe, que sai consolada do consultório, dever cumprido, direto à farmácia, porque com aqueles remédios todos não era possível que o filho não iria dormir à noite e, ‘graças a Deus’, ela própria.

O bebê ali, chorando e esperneando, fulo de raiva, tentando esclarecer, imagino:


Pô, para de me bater essa m... de martelo no meu joelho e de enfiar esse ferro no meu ouvido e esse palitão na minha boca!!! Tá querendo me sacanear? Você num tá vendo que eu tô é com uma indisposiçãozinha por causa da mamadeira com leite azedo que minha mãe me obrigou a tomar ontem, pô!?

Teve a vez em que a mãe chegou desesperada ao consultório para dizer que o seu bebê não estava querendo comer:

Doutor, essa menina não come nada de sal, doutor, já tentei de um tudo...

Calma, minha senhora, o que está acontecendo? - consola o pediatra.

É, doutor, essa menina não tá alimentando nada, não quer saber de comida! Só gosta de bobagem...

Explica isso direito, minha senhora...

É o seguinte, doutor, ela acorda lá pelas 6 horas da manhã e eu dou uma mamadeira com mingau de maizena para ela. Aí ela dorme até mais ou menos umas 8 horas. Quando acorda, eu dou para ela uma ou duas bananas amassadas, bem amassadinhas com açúcar, doutor, porque senão ele não come, ou outra fruta. Aí ela dorme de novo. Acorda lá pelas onze, mas como o almoço ainda não está pronto, ela choraminga, então eu dou uns biscoitinhos para ela esperar o almoço. Mas quando chega meio dia e eu vou dar almoço para ela, doutor, ela não quer de jeito nenhum, só come um pedaço de doce que eu dou. Adora doce! Depois dorme até mais ou menos umas 2 horas e aí acorda e eu dou uma mamadeira de vitamina para ela. Ela fica um tempo acordada de tarde e eu dou uns biscoitinhos para ela distrair. Ela gosta muito de biscoito, doutor, principalmente aqueles recheados, sabe?!. Lá pelas 5 horas eu dou uma fruta para ela. A que ela mais gosta é de banana mesmo, doutor. É para esperar a janta, entende?. E gosta de tomar leite também, ela gosta muito de leite com chocolate, doutor, principalmente se tiver bem docinho. Aí eu faço uma sopinha para ela, mas ela não aceita de jeito nenhum, doutor, não quer saber da sopinha de jeito nenhum... Que que eu faço, doutor?

Será que essa minha mãe não entende que eu não tenho fome nem na hora do almoço nem na hora do jantar!? – reclama o bebê, enquanto vira os olhos e torce o nariz.


Segundo um internauta, a conversa entre dois bebês que se encontram seria mais ou menos assim:

E aí, como é que vai?

- Mais ou menos. Tô muito bem não.

Ué, o que que aconteceu?

- É minha mãe, ela não anda muito bem não. Acho que ela anda meio maluca, meio estranha...

Como assim?

- Uai, noite passada ela resolveu, assim do nada, botar terror na minha cabeça! Disse que uma tal de Cuca ia me pegar...

Cuca?

- É... e imagina você que eu nem conheço essa tal de Cuca. Será que ela tá querendo me entregar para outra pessoa? E ela disse que quando a Cuca viesse me pegar eu ia estar sozinho, sozinho... imagina, ia me deixar sozinho!

Ih... isso é grave! Minha mãe também deu para uma doideiras. O caso dela é nervoso mesmo...

- È?

- É, sabe que ela disse que pegou um pedaço de pau e atirou num gato?

- É?

- É, assim do nada, de pura maldade. Vê se isso se faz com o coitado do bichinho? E, ainda por cima, disse, por puro sarcasmo, que apesar da paulada o gato não morreu.

- Nossa! Sua mãe tá doida mesmo!

- Prá você ver... E ainda disse que uma tal de Dona Chica ouviu o berro que o gato deu de dor e não fez nada. Ficou lá, só admirada pelo ganido do tadinho do gato.

- Putz grila!

- E você não sabe o pior. Depois ainda mandou um boi preto me pegar, e tudo isso com a cara mais safada desse mundo, cantando, sabe? Assim como se eu estivesse achando graça dessa selvageria dela. Sei não, tô querendo aprender a andar logo e vou cascar fora...

- Acho que nós não demos sorte com essas nossas mães não!

- É... Tamos perdidos nesse mundo! Começamos mal...

Por via das dúvidas, de hoje em diante eu jamais vou apertar as bochechas dos bebês e chamá-los de bonitinhos. Sei lá o que eles vão pensar...

Pimenta nos olhos dos outros é refresco

15 de Marco de 2009, por Rafael Chaves 0

Sempre me recordo do caso Pimenta Neves. Para mim o caso é emblemático e explica o nosso Brasil.

No dia 20 de agosto de 2.000, o jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves, de 63 anos, matou sua ex-namorada, Sandra Florentino Gomide, de 32 anos. Matou Sandra com dois tiros, o primeiro pelas costas e o outro na cabeça. O motivo do crime foi o fato de que Sandra quis terminar a relação amorosa que mantinha com Pimenta. Réu confesso, ficou preso por apenas sete meses - o tempo de a sociedade (opinião pública) se acalmar - tendo sido deixado em liberdade para responder ao processo. Em 5 de maio de 2.006, quase seis anos depois, Pimenta foi levado a julgamento pelo Tribunal do Júri e condenado a 19 anos, dois meses e 12 dias de prisão, em regime integralmente fechado, mas (sic) podendo aguardar o julgamento de recurso em liberdade.

Segundo relatório da Procuradoria Geral da República, o Recurso Especial interposto alega, entre outros 25 dispositivos legais violados, que a ex-esposa do réu, residente nos Estados Unidos e outros (amigos do réu) não foram ouvidos, que teria havido parcialidade dos jurados em virtude de influência da mídia , que os quesitos levados aos jurados foram mal formulados. Tudo, enfim, para dizer que o assassino teria praticado o crime sob violenta emoção, após injusta provocação da vítima e não, como alegado pela acusação, por motivo torpe. Ao final do relatório a Procuradoria da República opina pela nulidade do julgamento.

Talvez prevendo a sua eventual (provavelmente incerta e improvável) prisão, o assassino requer sua inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, em 2002, cerca de 30 anos depois de sua formatura, ciente dos benefícios que isto lhe traria.

Em setembro de 2008 o Superior Tribunal de Justiça nega a nulidade do julgamento e reduz a pena do acusado para 15 anos. Pimenta Neves continua em liberdade, apesar da decisão do Tribunal Superior, pois o julgamento não tratou da revogação do recurso que permite a ele responder todo o processo em liberdade ou eventuais recursos a que teria direito.

O assassino também, em outubro de 2.008, foi condenado a pagar R$ 166 mil aos pais de Sandra, por danos, mas recorreu da sentença.

Em www.pimentaneves.com.br, jornalistas e intelectuais de renome desfilam elogios a Pimenta Neves. Washington Novaes diz que “dificilmente alguém explicará a sequência que o levou a tirar a vida de Sandra Gomide. É tarefa para dramaturgos do porte de Sófocles, Shakespeare, E. Albee, Eugene O’Neill, Tennessee Williams. Dos que foram capazes de descer aos porões da alma humana e entender seus suplícios.” José Mindlin afirma que lamenta a perda de uma vida mas que “só podemos atribuir seu ato a um grave processo de perturbação mental...”

Eu sou pragmático. Para mim Pimenta Neves, um velho arrogante e pretensioso, matou Sandra Gomide, uma jornalista jovem e bonita, com tiros a queima-roupa por ciúmes e sem qualquer atenuante. Para mim não precisa invocar espíritos de dramaturgos para transformar seu melodrama patético em romance universal. Para mim Pimenta Neves já deveria ter sido levado às grades pela Justiça há muito tempo, desde há quase 9 anos, quando matou, indubitavelmente, Sandra.

Todos os dias, pela janela do meu local de trabalho, vejo homens e mulheres sendo levados ao Fórum de São João del-Rei, não sei se para julgamento ou depoimento. Saem dos porta-malas das viaturas, algemados, conduzidos e escoltados por policiais fortemente armados. Não sei o que fizeram, mas não deve ser boa coisa. Entretanto, se se chamassem Pimenta Neves não estariam ali, naquela situação. Estariam livres!

Ou, antes, o Ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes teria protestado contra o modo como estão sendo tratados (vejam o caso Daniel Dantas x Gilmar Mendes). Este é nosso país!

Festa de formatura

07 de Fevereiro de 2009, por Rafael Chaves 0

Fim de ano é tempo de festa “ainda bem que eu não faço aniversário em dezembro/janeiro, seria apenas mais uma festa, quem se importaria?! Ahh!, e quem me daria mais de um presente: um pelo Natal e outro pelo aniversário?!”. Tem festa de tudo enquanto é jeito, pra todos os gostos, por todos os motivos. E ainda é verão, férias escolares e férias dos pais que tiram férias junto com os filhos também, o que não deixa de ser festa. A moçada sai às ruas, viaja e o escambau. Não tem segunda-feira que impeça, todo dia é dia, todo dia é final-de-semana “ainda bem que eu não tiro férias nessa época do ano, ta tudo cheio, ta tudo caro!”. É natal, é réveillon, são férias e aniversário de quem tem o mesmo signo que Jesus Cristo.

E formatura! São tantas festas no final do ano que esquecemos de falar das festas de formatura. Formatura de jardim de infância “ou será de maternal?, ou será de creche?”, formatura de primeiro grau “no meu tempo era ginásio”, formatura de segundo grau, formatura de faculdade...

E assim como natal tem ceia em família, distribuição de presentes e desejos de feliz natal, assim como réveillon tem meio que um carnaval, beijos na boca e desejos de um próspero ano novo e assim como aniversário tem bolo com tantas velinhas quanto sejam os anos de vida, presentes e parabéns para você, formatura tem missa “ou culto ecumênico, às vezes”, colação de grau, discurso, festa e convite agradecendo em primeiro lugar a Deus, depois aos pais, aos familiares, ao namorado (a) e a todos os demais pelo apoio, carinho, amor e incentivo, sem os quais a conquista, a vitória, a etapa de vida e o sonho seriam incompletos ou impossíveis de serem concretizados.

Em convite de formatura todo mundo fala a mesma língua, a língua do agradecimento. Depois desses agradecimentos particulares dos quais eu já falei, geralmente encartados nos convites, há os agradecimentos gerais: agradecem os funcionários, os mestres e os colegas. E formandos em Direito agradecem a desavença e o litígio, formandos em Medicina agradecem as doenças que se instalam nos seus pacientes “até indigente, pobre coitado e anônimo, é lembrado e tem reconhecimento póstumo pela utilidade do seu cadáver”, formandos em Psicologia agradecem os loucos de toda ordem, formandos em Engenharia agradecem os abalos das estruturas, formandos em Economia agradecem as crises econômicas e financeiras, e assim por diante...

Formando tem mania de achar que a sua formatura é resultado e coroamento de um sacrifício seu, ímpar, sem igual, como se lhe tivessem submetido a tortura. Sei não... Estudar, antes de ser sacrifício, é disciplina. E outra coisa, anseia pela formatura como preso pela liberdade. Mal sabe o que o espera no day after! Depois, por exemplo, do segundo grau vem a escolha da profissão e o vestibular “se bem que hoje em dia só não faz curso superior quem não pode pagar pelo diploma”. E depois da graduação, o formando fica com o “canudo” na mão, sem saber o que fazer dele. Aí aquele sonho realizado vira pesadelo, da noite para o dia, instantaneamente.

Trabalhar é bem pior do que estudar, se é que se pode comparar! Trabalhar, sim, é sacrifício. Coitado daquele que não estuda ou estudou. Enquanto o formando estava estudando, o outro estava ralando, oito ou mais horas por dia, seis dias por semana e sem direito a comemoração a cada quatro anos! Taí!, quem trabalha deveria ter direito a um tipo de formatura a cada quatro anos “acho que não tem porque não tem o quê nem a quem agradecer.”. Aliás, tem direito a festa sim, depois de trinta e cinco anos de trabalho e sessenta de idade “se chegar lá”.

Festa de formatura é o que há. São geralmente imbatíveis. Tudo do bom e do melhor. Os homens e as mulheres nos trinques “as mulheres tal qual noivas, os homens tal qual noivos e os convidados tal qual padrinhos, em dia de casamento”, como se houvesse inúmeros holofotes a iluminar cada um dos participantes da festa. Todos iluminados, limpos, impecáveis, cheirosos, chiques, alegres, satisfeitos até o raiar do dia “acaba não, mundão!”. Afinal, a turma toda ajunta dinheiro, muito dinheiro “e até de fato se sacrifica” durante meses, anos, quase todo ele revertido para a festa, bendita festa!

Há um porém, uma penitência: para ir à festa você “convidado, obviamente” deverá assistir à missa “ou culto”, fazer parte da claque na colação de grau e ouvir todos aqueles discursos intermináveis. Mas “podem me convidar”, vale a pena!


Aos formandos de 2008, em especial ao Luís Eduardo.
Continuamos em campanha por um monumento aos ex-combatentes resende-costenses.

3 segundos

11 de Janeiro de 2009, por Rafael Chaves 0

Tanananananam tanananananam... (telefone celular tocando “nokia tune”)
- Alô!
- Oi, você...
- Heim?!
Toc toc toc toc toc... (interrompe a ligação)

Tanananananam tanananananam...
- Alô!
- Oi! Onde é que você vai no...
- Heim?!...
Toc toc toc toc toc...

Tanananananam tanananananam...
- Alô! O que que foi?
- Tô sem crédito...
- Ahhhh...
Toc toc toc toc toc...

Tanananananam tanananananam...
- Oi!
- Onde é que você vai no reveillon?
- Eu?
Toc toc toc toc toc...

Tanananananam tanananananam...
- Alô!
- É, você, aonde você vai?
- No reveillon?
Toc toc toc toc toc...

Tanananananam tanananananam...
- Alô!
- É, no reveillon, no reveillon... (meio sem paciência)
- Eu vou ficar em casa... (meio sem entender)
Toc toc toc toc toc...

Tanananananam tanananananam...
- Alô!
- Uai, em casa?! Você não vai no...
- ...
Toc toc toc toc toc...

Tanananananam tanananananam...
- Alô!
- Você não vai no clube?
- Que clube?! (entendendo menos ainda)
Toc toc toc toc toc...

Tanananananam tanananananam...
- Alô!
- No clube, uai! Com a turma... (mais sem paciência)
- Que turma?!
Toc toc toc toc toc...

Tanananananam tanananananam...
- Alô!
- Com a turma, ora!
- Que turma?!
Toc toc toc toc toc...

Tanananananam tanananananam...
- Alô!
- Pô, com a turma da faculdade...
- Heim?!
Toc toc toc toc toc...

Tanananananam tanananananam...
- Alô, que faculdade?!...
- Caramba!
- Quem ta falando?!
Toc toc toc toc toc...

Tanananananam tanananananam...
- Alô!
- Marina, aqui é o Pedro...
- Que Pedro?!
Toc toc toc toc toc...

Tanananananam tanananananam...
- Alô!
- Quem ta falando aí?
- Juliana!
Toc toc toc toc toc...

Tanananananam tanananananam...
- Alô!
- Juliana?!
- É... Juliana!
Toc toc toc toc toc...

Pedro: “p... m..., liguei errado!”

Tum tum tum iê iê... (telefone celular tocando “nuance”)
- Alô!
- Marina?
- É, oi Pedro!
Toc toc toc toc toc...

Tum tum tum iê iê...
- Alô!
- Tô sem crédito...
- Eu também...
Toc toc toc toc toc...

Tum tum tum iê iê...
- Alô!
- Onde é que você no reveillon!?
- Heim?!
Toc toc toc toc toc...

... (Vivemos no tempo em que só temos direito a 3 segundos. Qualquer tempo a mais deve ser pago!)