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A Biblioteca Municipal Antônio Gonçalves Pinto merece ser mais bem cuidada

16 de Junho de 2017, por Edésio Lara

Prédio da quase centenária Biblioteca Municipal Antônio Gonçalves Pinto (Foto André Eustáquio)

Uma biblioteca pública guarda, conserva, organiza e disponibiliza seu acervo ao público. Mais ainda, é espaço de fruição cultural e convivência importante para a comunidade. Assim é a biblioteca de Resende Costa que, em 2018 completará cem anos de existência. Além do acervo composto principalmente de livros e periódicos, possui sala de informática, sala para leitura e reuniões, bem como pequeno auditório onde podem acontecer minicursos, conferências ou outras atividades afins. Situada em prédio próprio e em lugar privilegiado, no ponto mais alto e belo da cidade, ela é resultado de uma ação de Antônio Gonçalves Pinto. Ele doou os livros que possuía para sua instalação no fim da década de 1910, seis anos após a emancipação do município. Até hoje nos valemos do seu gesto altruísta.    

Muitos livros, alguns publicados nos séculos 18 e 19, que temos como obras raras estão, em parte, bem conservadas, depois de a Associação dos Amigos da Cultura de Resende Costa (AMIRCO) ter se incumbido de buscar recursos para recuperá-los. Outros aguardam nova frente de trabalho para que não sejam destruídos pela ação do tempo ou mesmo pela falta de cuidado específico. Esses livros antigos, todos guardados em sala especial, não são emprestados. Mas, há outros que são costumeiramente retirados para leitura que demandam, também, reparos, antes de serem considerados sem condição de uso. Manutenção, portanto, é um assunto que precisa ser colocado em pauta e a biblioteca não possui pessoal capaz de realizar este trabalho.

Ao observar os muitos livros que precisam ser retocados, entre os quase 10.000 exemplares que a biblioteca possui, fica uma pergunta: qual tem sido a ação da prefeitura municipal da cidade para cuidar deste acervo? Qual tem sido o investimento para compra de novas obras? Digo isso, pois conheço bem este ofício. Eu aprendi a lidar com a recuperação de livros quando fui bolsista do Colégio São João em São João del-Rei. Lá, para poder pagar pelos meus estudos, trabalhei na biblioteca do colégio. Aprendi a recuperar, dar manutenção adequada aos livros e recolocá-los em boas condições para leitura e empréstimo. Por que não treinar jovens estudantes oferecendo-lhes uma bolsa para efetuar esse trabalho?

Outra questão que precisa ser colocada, diz respeito à compra de livros. Prefeitos e seus secretários, ao longo do tempo, não foram capazes de reservar uma verba específica para esse fim. Assim, a atualização do cúmulo depende de pessoas que, periodicamente, fazem doações. São aquelas pessoas, depois de ler, não têm interesse em manter as obras em suas casas, preferindo deixá-las à disposição de outras pessoas em lugar adequado, como é o caso da nossa biblioteca.  

Outra questão relevante diz respeito à modernização dos serviços oferecidos à comunidade. Os computadores enviados pelo governo federal há quase uma década, pasmem, só agora estão sendo instalados. A informatização dos serviços de controle e empréstimo de livros e sua divulgação através do site da prefeitura deveria ter sido realizada em 2008 quando a biblioteca passou a ocupar o prédio construído naquela época. É preciso colocar na internet o que tem a biblioteca de forma que consulta e reserva de livros possam ser feitos à distância. O sistema de controle do acervo, cadastro de leitores e empréstimos através de fichinhas é coisa do século passado.

Por fim, a obtenção de novos títulos para o acervo poderá fazer com que o interesse pela biblioteca se amplie, possibilitando aumento de público interessado com benefícios incalculáveis para o desenvolvimento do gosto pela leitura. Considero ainda que o horário de atendimento ao usuário seja revisto, senão ampliado. Muitos, por motivos diversos, poderiam frequentar a biblioteca em horários em que ela encontra-se fechada. Espaços públicos como esse precisam ficar abertos ao longo do dia e à noite. E, para tanto, é preciso convocar a bibliotecária aprovada em concurso público para ocupar a vaga. A melhora no atendimento ao público e realização de obras no edifício é urgente. Nossa expectativa é a de que o atual prefeito, sensível às demandas colocadas, reaja e dê atenção às ações que apontamos para biblioteca.  

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