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Rádio Inconfidentes FM

16 de Junho de 2021, por Edésio Lara

O rádio, veículo de comunicação e entretenimento dos mais populares do mundo, foi inventado no finalzinho do século XIX, em 1896. Ele sucedeu o telégrafo, aparelho que utiliza eletricidade para enviar mensagens codificadas através de fios. Até o aparecimento do rádio, esse era o jeito mais rápido de comunicação a distância. Mesmo antes do advento do telégrafo e do rádio, o telefone já havia sido colocado para funcionar pelo seu inventor, em 1875, nos Estados Unidos da América.

No Brasil, a primeira estação de rádio a ser instalada foi na cidade do Rio de Janeiro, em 1923, passados 27 anos da criação rádio. Foi a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, de propriedade do cientista Henrique Morize e do escritor, médico e antropólogo Edgar Roquete Pinto. A nossa Rádio Inconfidentes FM (87,9), emissora comunitária, 80 anos depois, foi inaugurada em 2003, no dia 2 de junho, no aniversário da cidade de Resende Costa. Foi uma novidade bem recebida por todos.

Antes, porém, o mundo viu surgir a televisão, o computador e, depois, a internet. É bom lembrar que todas essas novidades apareceram quando o jornal impresso já circulava há muito tempo. Tem-se notícia de que o primeiro, como noticiário, ocorreu na cidade germânica de Estrasburgo, em 1605. No Brasil, somente após a chegada da família real portuguesa é que foi criado o jornal “A Gazeta do Rio de Janeiro”, em 1808.

Esses veículos de comunicação, ao longo do tempo, foram sendo aprimorados devido aos avanços da tecnologia. Aqui, cito o caso do rádio, que deixou de ter orquestra, cantores e instrumentistas próprios para tocar músicas durante sua programação. Esses conjuntos musicais foram sendo substituídos pelos discos de vinil (LPs), fitas magnéticas, pelos CDs. Atualmente, acredite, nem CD se vê numa estação de rádio. Tudo está no computador. E o pior, até os técnicos que circulavam pelas emissoras para cuidar da programação musical, do noticiário, ou de outras funções, foram praticamente extintos, já que quase tudo se resume num computador conectado à internet.

A rádio FM de Resende Costa, não muito diferente de outras, passa por esse processo. Suas portas podem estar fechadas e ninguém no interior do prédio, pois há um computador que dá conta de tocar músicas, retransmitir comerciais e informações previamente gravadas aqui ou noutros lugares. Para ilustrar, cito o programa “Catequizar”, do padre Reginaldo Manzotti. Produzido em Curitiba, capital do Paraná, ele pode ser ouvido em todo território nacional e até no exterior por causa de conexões feitas por satélite.

Esse processo de mecanização, ou robotização, como também é dito, e que retira até os locutores das estações de rádio locais, não tem sido bem recebido pelos ouvintes. Tínhamos na nossa rádio Inconfidentes, de Resende Costa, pessoas que conversavam conosco em seus programas. Quem não se recorda, e com saudade, do Zeca do Tenentinho e da sua irmã Lucinha apresentando um programa de música caipira no fim da tarde? Ele, com aquela voz meio arrastada, um pouco fanhosa, cumprimentava os cumpadre, contava piadas. Ela lia as cartas que o Zeca recebia dos ouvintes pedindo músicas, ditava receitas de doces, bolos e divulgava o horóscopo do dia. Era pura diversão. Quando faleceram, ocupou o lugar dos dois o João da Zica, outro sucesso de audiência. Com a morte deste, o programa acabou. Ainda assim, tivemos Neuci e Lourenço, que por bom tempo estiveram com programa musical ao vivo.

Outro exemplo de sucesso foi o programa apresentado pelo Sebastião Lima (Tião da Caixa) e João Batista de Jesus Maia, o Batista, seu parceiro inseparável. Tião gostava de música mais antiga, romântica e de dialogar com o ouvinte. Diariamente, acionava seu parceiro e auxiliar da seguinte forma: “Agora vamos à previsão do tempo com o professor Batistuta!”

Ainda estão firmes em suas funções o Camilo Vale, o Antônio Carlos (Neném) e a Luana Chaves, que organizam programas musicais e os levam ao ar. Mas é sabido que o povo quer mais. Quer mais informação, diversão. Quer ter a emissora como ponto de convergência de todos os que amam rádio, precisam dele, como eu. Não seria hora de termos novos programas para tornarem a nossa rádio ainda mais viva?

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