Voltar a todos os posts

Resende Costa do passado e do presente

12 de Dezembro de 2018, por Edésio Lara

Quem se lembra de Resende Costa dos anos 1980 e até a década seguinte e a vê atualmente fica espantado, senão admirado. A cidade mudou muito, não há dúvida. Surgiram novos bairros, novos logradouros e edificações. Por outro lado, desapareceram aquelas casas com quintais enormes, arborizados, com árvores frutíferas. Era possível, na maioria das casas, criar galinhas, porcos, plantar as folhas e os legumes que iam parar nas refeições dos próprios moradores. Esses espaços que ainda chamamos de horta começaram a deixar de existir. Foram sendo divididos para dar lugar a garagens, ampliar residências ou até a construção de lojas ou outras moradias. Assim está o centro da cidade. Nos bairros, em sua maioria, o que se veem são lotes pequenos que mal dão conta de receber uma residência. Espaços destinados ao lazer a às hortas, pelo visto, são coisas do passado.

Outra consequência desse crescimento nota-se facilmente na mudança radical da aparência da cidade. Lindos casarões deram lugar a outras edificações que nada têm a ver com a paisagem do lugar. Sobraram poucos imóveis capazes de ajudar a contar um pouco da história da nossa antiga Resende Costa. Um dó. Aquela cidade cheia de espaços que lhe garantiam uma claridade e um frescor que se pode perceber nas fotografias ou na voz dos mais velhos, já era. Isto porque construção nova e agarrada noutra – resultado dessa modernidade – não é garantia de conforto, funcionalidade e beleza.  

Pois é devido a esse crescimento desordenado que percebemos dia a dia como a transformação pela qual passa a cidade tem seus resultados nefastos. Praças foram diminuídas para darem lugar a prédio de telefônica, moradia e loja. Uma caixa d’água foi construída no ponto mais alto e belo da cidade, com impacto extremamente negativo para o lugar. O espaço de lazer mais visitado e apreciado pelos da cidade e para quem a visita foi brutalmente alterado. Dificilmente voltará ao que era. Das três lajes que eram uma das marcas características da cidade restam duas, que vêm sofrendo com o descaso, com o abandono e com a perda da sua área. Basta olharmos em sua direção para notar que aos poucos elas vão sendo encobertas por edifícios.

Recentemente fomos surpreendidos por uma ampliação do prédio onde fica a Rádio Inconfidentes FM. O puxadinho se estendeu em direção à gruta de Nossa Senhora de Fátima, construída na década de 1960. O lugar visitado por muitos devotos da Santa já não é mais o mesmo. Houve questionamento, mas, como a gruta não passou por processo de tombamento pelo Conselho Municipal de Patrimônio e Cultura de Resende Costa e não houve posicionamento contrário de qualquer órgão municipal, assistimos a mais uma ação que só vai impactar negativamente no já degradado espaço das lajes da Matriz. O Conselho Municipal de Patrimônio e Cultura, em contato com a direção da rádio, teve acesso ao projeto de ampliação do prédio, mas nada pode fazer. Ficou evidente que há também dúvidas acerca da propriedade do imóvel. Tentamos, em vão, ter contato com o proprietário em busca de solução que pudesse suspender a construção do anexo, ou minimizar os impactos causados pela construção do puxadinho. É com intervenções como essa, e que vêm acontecendo rapidamente, que traços característicos da nossa antiga terra vão se apagando.

Assim caminhamos com nossa cidade que vem sendo transformada e vendo o entorno de prédios já tombados, como é o caso da igreja Matriz, sendo alterados. Optamos por uma atitude que busque preservar o que nos resta de bens patrimoniais ou, em curto espaço de tempo, os laços que nos unem ao passado, estarão completamente rompidos.

Deixe um comentário

Faça o login e deixe seu comentário