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Resende Costa e a educação escolar em tempos de pandemia

14 de Junho de 2020, por Edésio Lara

Resende Costa, com população estimada em 11.569 habitantes, apurada pelo último censo de 2017, tem 1.959 alunos matriculados nas suas escolas públicas: 751 são da Escola Estadual Assis Resende e 1.208 de todas as unidades escolares mantidas pelo município. Há também o Centro Educacional Mundo Mágico, uma escola particular que atende 24 crianças com idades até 5 anos e onde trabalham três professoras.

Se somarmos o número de alunos ao de servidores, sendo 130 do município e 76 funcionários do estado, teremos o total de 206 servidores. Acrescentando a esse número o total de alunos matriculados nas escolas públicas, atingiremos 2.165. Se acrescentarmos ainda aqui o número aproximado de 250 alunos que vão todos os dias a São João del-Rei para frequentar pré-vestibulares, cursos técnicos ou de graduação oferecidos pela UFSJ e pelo Uniptan, teremos 2.442 pessoas, isto é, 21,10%, um quinto da população da cidade. Não podemos deixar de lembrar que há outra parcela da sociedade que está indiretamente envolvida com os estudantes: familiares, pajens, empregadas domésticas e demais prestadores de serviços, que também aguardam a retomada das aulas presenciais. Se há, portanto, um quinto da população jovem na escola, há, pelo menos, outro quinto envolvido no processo. E isso é quase a metade dos habitantes do município, sem que tenhamos considerado aqueles que frequentam escolas de línguas, artes ou outros cursos.

Os números apresentados aqui nos instigam a pensar como se dará o retorno às aulas presenciais e quando isso ocorrerá em meio à pandemia do novo coronavírus. Para saber mais sobre como os educadores estão agindo e se preparando para a retomada dos trabalhos, conversei com dois deles: Antônio Alan Melo Silva (Física/UFJF e Matemática/Claretianos) e Roseni Maria Fernandes, (Letras/UFSJ). Alan dá aulas na E. M. Paula Assis, localizada no Ribeirão de Santo Antônio, zona rural de Resende Costa, e na E. E. Padre Crispiniano, em Ritápolis. Ambos estão apreensivos sim, mas não desesperançados. Para Alan, “um retorno presencial, nesse momento, seria muito prematuro em relação ao combate à Covid-19. Fazendo um exercício imaginativo e pensando em uma escola com todos os seus alunos e funcionários em contato diário, seria impossível conter uma pandemia.” Roseni, diretora do Assis Resende, diz que “nesse momento de tanta ansiedade e insegurança causadas por essa pandemia, pensar na volta às aulas presenciais é impossível. A saída encontrada foi o regime de aulas não presenciais.”

A oferta de aulas não presenciais (Ensino a Distância EaD) tem sido a solução para algumas escolas, mas não para todas. Faltam equipamentos e treinamento para os professores atuarem. Alan avalia o EaD “como uma modalidade inadequada para crianças e adolescentes, se for adotado como fonte única. O ensino a distância necessita de uma estrutura bastante complexa para ser eficiente.” Roseni entende que “este sistema não é o ideal”. Ela acredita que “nada substitui a presença do professor em sala de aula e o ambiente escolar dá maior garantia para que todos os alunos tenham acesso de forma igualitária ao conhecimento formal. O ensino a distância exige maior participação das famílias nesse processo e algumas delas não têm condições de fazer isso.”

É necessário dizer que os professores não estão de férias. Eles têm trabalhado em casa, participado de reuniões virtuais com os colegas e produzido material a ser disponibilizado para os alunos. Tudo deverá ser aprimorado de forma a tornar o EaD mais presente em nossas vidas. Com profissionais habilitados e estrutura eficiente, vai ser possível garantir “uma plataforma virtual de estudos que possibilite aos alunos acesso a material de pesquisa e atividades interativas, dentre outras características, e acesso igualitário a todos, sem exceção”, afirmou Alan.

Enfim, não há dúvida de que, sem educação de qualidade e o vai e vem dos alunos, nossa cidade perde muito da sua vida, da sua alegria. Também não há dúvida de que essa alegria se dará, em sua plenitude, quando todos pudermos dizer dos males causados pela Covid-19 como coisa do passado e que soubemos aprender muito com ela.

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