A partir de 1º de janeiro de 2025, a população de São João del-Rei vive um momento de enorme euforia. Nesses quase cinco meses da nova administração municipal, o povo tem visto o que há muito não via: o Sr. Prefeito e Vice-prefeito circulando por toda parte, apresentando-se tranquilamente em meio à gente, como moradores de qualquer da cidade, numa clara demonstração de que a Prefeitura está trabalhando. E o povo está sentindo isso, o que é muito importante. A realização do Carnaval, a beleza da Semana Santa com as ruas enfeitadas, a rigor, e até do Festival da Serenata são uma demonstração de que se pode fazer algo para o povo e com o povo, com o dinheiro que também é do povo. Todos torcem para que o entusiasmo da administração não se arrefeça e que o povo possa continuar sonhando com dias mais venturosos para sua cidade que merece cuidado. Enorme euforia.
Outra realidade tem mexido com nossos sentimentos. Agora, entretanto, sentimentos de dor. E lágrimas, se possíveis, de amargura. É que há muito não se ouve uma música, não se escuta um canto, menos ainda um cantor, que se refiram aos dias da mais vergonhosa ditadura por que passa nossa gente, a ditadura do judiciário supremo do país. Não me lembro de, nos últimos quarenta anos, ter tido tão presentes, em minha mente, aqueles versos admiráveis: “Você é quem manda, falou tá falado, não tem discussão, não”... “A minha gente hoje anda falando de lado e olhando pro chão...” “Todo esse amor reprimido, este grito contido”.... “Você que inventou o pecado esqueceu-se de inventar o perdão”... “Você que inventou a tristeza”... Que retrato profético teve o autor dessa letra. Entre nós há gente que gostaria de ver implantado no país o regime imperialista, um rei, um soberano senhor. Desconfio, porém, que tais pessoas não se referissem ao tipo de governo imperialista que temos tido. Não se referiam ao tipo de imperador que temos. É muita tristeza, para quem nasceu antes da Segunda Guerra Mundial, ter de viver com esse sistema de governo, com esse tipinho de imperador. Resta-nos a esperança que nos leva a cantar: apesar de você... em possível euforia.
Terceira sorte de sentimentos: aqueles oriundos de uma enorme perda, seguida, entretanto, de uma grande conquista. Francisco faleceu. Leão XIV está presente. Com a morte, Francisco foi celebrado em todos os matizes de cores. Foi decantado nos mais variados ritmos musicais, desde o seu eternizado tango até naqueles garantidos por atabaques e afoxés. Por mais que poucos não queiram, Francisco será eternizado pela simplicidade e audácia com que levou seu pontificado, professando radical adesão ao Evangelho de Jesus. E agora Leão XIV, nome que retoma o compromisso da Igreja com a justiça social. Nome de quem, por ser forte, desdenha qualquer manifestação de força. Nome de quem, por ter uma linda história, sabe que o presente pode lhe ser fecundo. E dessa fecundidade poderemos participar se agirmos, lembrados das primeiras palavras do novo Papa, “de mãos dadas com Deus, e uns com os outros”, quais “seres ressuscitados”, conscientes de que nosso tempo já não é o mesmo “de dez, vinte anos atrás’. Esperançada euforia.