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Minas com Bahia

19 de Setembro de 2018, por Cláudio Ruas

Minas, para o resto do Brasil, é sinônimo de comida. De queijo, de cachaça, de café, de quitandas, de tropeiro e de frango com quiabo e angu. Esse último prato, então, mostra muito bem como a nossa culinária é o reflexo da perfeita mistura de ingredientes e técnicas das três etnias que formaram o Brasil: o frango dos europeus, o quiabo dos africanos e o angu dos índios. A partir daí, vamos descobrindo as similaridades com outras cozinhas do nosso país. As de influência europeia, como no Sul, ou as de apelo mais indígena, como as do Norte, e também as que beberam muito na fonte africana, caso do Nordeste, em especial a Bahia.

A escravidão foi uma das coisas mais abomináveis da história do nosso país. Deixou marcas terríveis. Mas a vinda dos africanos para cá também deixou para o Brasil traços culturais riquíssimos, inclusive na gastronomia. Foram eles que trouxeram, escondidos nos navios negreiros, o quiabo, o jiló, o inhame, as pimentas e muitas outras coisas. Também trouxeram um conhecimento de plantas e um espírito tribal muito importante. Nas condições precárias em que viviam aqui, souberam improvisar com o pouco que tinham, o que fortaleceu bastante nossa cultura alimentar. Mas só tome cuidado com a lenda da feijoada! Esse é um prato de influência muito mais europeia do que africana.

Quando abrimos o cardápio de ingredientes e pratos da Bahia, vemos muitas coisas em comum com o cardápio de Minas: o quiabo, o jiló, o inhame, a mandioca (aipim), a abóbora (jerimum), a taioba, as pimentas, os feijões, as farinhas e farofas, a carne de sol, a galinha ensopada, os miúdos de porco e muito mais. Se formos para o Norte de Minas e os Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, então, onde os estados fazem divisa, as semelhanças são maiores ainda. No uso do coentro, no preparo das moquecas – obviamente nos lugares próximos aos rios – e até no sotaque e jeito de ser.

Assim como nós mineiros, o povo baiano é acolhedor e gosta de mesa farta, de panelão, de comida temperada e com sustança. Por isso gostamos tanto de lá. De comer acarajé, moqueca, abará, sarapatel, xinxim de galinha, vatapá e bobó de camarão. Mas e se não tiver camarão bom e barato pra fazer esse bobó por aqui? Não tem problema: faz com carne de porco mesmo, uai!

 

Bobó de porco defumado

Ingredientes:

(Porção para 4 pessoas)

200g de bacon cortado em cubos

300g de pernil (ou lombo) defumado cortado em cubos

500g de mandioca cozida com um pouco de sal

1 cebola média cortada em cubos

1 pimentão verde médio cortado em cubos

2 tomates médios cortados em cubos (sem sementes)

1 pimenta dedo de moça cortada em cubinhos (sem sementes)

4 dentes de alho roxo socados com 1 colher de café de sal

2 vidrinhos de leite de coco e uma dose de cachaça

Açafrão da terra (in natura ou em pó) e cheiro verde (salsinha, cebolinha e coentro) picado a gosto

 

Preparo:

Frite o bacon na própria gordura até ficar bem dourado e crocante. Escorra em papel toalha e frite o pernil na mesma gordura, escorrendo em seguida no papel toalha.

Na mesma panela e gordura, refogue o açafrão com o alho e a cebola, depois junte a pimenta, o pimentão, o tomate, o pernil e a cachaça e vá esfregando o fundo até soltar a borra. Junte um vidrinho de leite de coco, misture e deixe apurar.

Bata no liquidificador a mandioca (sem o fiapo do meio) com um pouquinho da água do cozimento e com o outro vidrinho de leite de coco.

Junte a mandioca batida na panela, misture e deixe tomar corpo. Finalize com o bacon e o cheiro verde. Sirva com arroz, couve refogada e pimenta ardida.

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