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De novo, um novo ano! Que pressa! Que rapidez!

16 de Janeiro de 2018, por João Bosco Teixeira

É mesmo assim. Não sei se é depois de certo tempo de vida, o fato é que sinto o tempo passar muito mais depressa. Talvez haja mais vida! Talvez haja menos preocupação com as coisas acidentais! Talvez esteja mais ocupado na liberdade maior de ir e vir, de pensar e meditar, de rir e de chorar! Não sei. Sei apenas que, ontem ainda, cantávamos “Feliz ano novo” para 2017. Já gora, cantamos para ele “adeus ano velho”.

Se 2017 se foi, entrou 2018, que convém celebrar. Estudiosos garantem que a crise de nossa civilização é sem precedentes. Relativamente ao Brasil, parece-me haver um sentimento pessimista, bastante generalizado, com relação a este “ano novo”. Ele vem surgindo em tristes cores.

O Brasil já viveu tremendas crises políticas. Enormes crises econômicas. Sociais, nem se fala, pois continua vivendo momentos trágicos, com pobreza crescente, com analfabetismo vergonhoso, desemprego alarmante, corrupção “endêmica”, educação sendo tratada pelo Governo com extrema leviandade, como recentemente aconteceu. Para muitos, sobram motivos para pessimismo.

Os brasileiros entendem, pois, de expectativas de desconforto. Mas quase sempre, em meio a crises e dificuldades, continuava acesa uma luz: a ética nas relações públicas. E uma esperança aguava os eventos: a esperança de poder contar com gente capaz de ajudar o país a sair do desconforto. Hoje, a ética foi para o espaço. Já não há a mínima preocupação com a decência, na administração do bem público. A corrupção tornou-se tão vulgar a ponto de ex-presidente da República dizer que é um erro condenar o político eleito pelo voto popular só porque ele roubou. E aquilo que se chamava “indulto de Natal”, tornou-se um “insulto à Lei”. E a esperança de se encontrar gente capaz de nos cativar por sua inteireza, competência, sentido republicano e democrático está além dos horizontes.  Aquelas pessoas dotadas de tais predicados não conseguem espaço e respeitabilidade, tal a indecência do comportamento político daqueles que perderam a vergonha e detêm o poder. Não se empresta aos honestos respeito algum. E isso, nos três poderes da República.

Um educador, para quem a esperança é o ar que se respira, fica em dificuldades para dizer: Feliz ano novo. Estamos respirando estranhas esperanças. Quase um cansaço resignado. Estamos vivendo, do ponto de vista político, que deveria ter a ética como fundamento, um momento trágico. Trágico, como lembra Albert Schweitzer, Nobel da paz em 1952, não porque os homens morreram, mas porque eles estão vendo morrer o que neles estava vivo: a decência, a ética, o encantamento com a vida.  

Não vamos entoar uma nênia para o ano que apenas começa. Vamos continuar crendo que as luas se sucedam e nos encontrem atentos, “aguando os eventos”, como queria Tiago de Melo. E levados pela insistente esperança, conforme Mario Cortella gosta de dizer, esperança do verbo esperançar, que significa uma força ativa em busca de algo, uma luta pelo que se busca, um autêntico protagonismo no recuperar o encantamento da vida. Nunca um mero esperar, em que não sou ativo e docemente passivo.

Contra tudo, gritemos ainda esperançados: Feliz ano novo!

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