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O Urubu, mascote do Clube de Regatas do Flamengo

11 de Outubro de 2017, por Maria de Fátima Albuquerque

A maioria das pessoas, desconhecendo a importância dos urubus como “faxineiros” da natureza, entende que essas aves são feias, nojentas e agourentas.

Apesar de ser um animal que se alimenta de carne em decomposição e que vive geralmente em lixões, o urubu é muito importante para o meio ambiente, haja vista que ele mantém o ambiente em que vive limpo, sendo responsável pela eliminação das carcaças de animais mortos na natureza, ajudando, com isso, o equilíbrio ecológico e a prevenir a propagação de doenças que poderiam matar muitos animais e até o homem. Mesmo comendo carniça, o forte sistema imunológico e o potente suco gástrico secretado pelo estômago desse animal o impedem de ficar doente.

Alguns contos e fábulas infantis têm como personagem essa ave, como: “O Urubu e a Raposa”, “O Urubu e o Sapo”, “O Urubu e o Gavião”, dentre outros. O escritor baiano Marco Haurélio também o destacou em seu livro “Urubu-Rei e outros contos do Brasil”.   

Pertencentes ao reino Animalia, classe Aves, família Cathartidae, os urubus são aves grandes que medem de uma ponta da asa a outra cerca de 1,3 metros. Em geral eles têm penas pretas ou cinza-escuras, com exceção do urubu-rei, cujas penas são branco-amareladas no corpo e escuras na cauda e nas asas. Já a cabeça e o pescoço não têm penas, o que os ajudam em sua sobrevivência, pois como se alimentam de carne podre, cheia de bactérias, se tivessem penas essas regiões poderiam ser foco de doenças por entrarem em contato com a comida.

Algumas características desses animais são que eles têm hábitos diurnos, vivem tanto em áreas urbanas quanto nas rurais, não cantam pelo fato de não possuírem órgão vocal, possuem olfato muito apurado, suas garras não têm função de capturar presas, suas fêmeas não constroem ninhos, mas, utilizam fendas de barrancos, plataformas em penhascos ou árvores ocas para colocar seus ovos, que, dependendo da espécie, variam de dois a três, e o período de incubação pode ir de 40 a 60 dias. Os filhotes geralmente nascem claros e com o decorrer do tempo vão escurecendo. A expectativa de vida é em torno de 8 a 12 anos.    

No Brasil temos cinco espécies de urubus: urubu-rei, urubu-de-cabeça-amarela, urubu-de-cabeça-vermelha, urubu-da-mata e o mais conhecido entre nós, que é o urubu-de-cabeça-preta.

Os urubus se multiplicam com facilidade, pelo fato de terem poucos predadores naturais e acharem comida com facilidade, no entanto, o urubu-rei, que tem esse nome pelo fato de ser maior, ter o bico mais forte que lhe permite abrir partes difíceis da carcaça do animal morto, e exuberante coloração na cabeça, está entre as espécies ameaçadas de extinção por causa da destruição do seu ambiente e de sua captura para tráfico.

O urubu é o mascote do Flamengo, um dos mais gloriosos times do Brasil, possuidor do maior número de torcedores (35 milhões).

A escolha desse animal como símbolo do time deu-se na década de 60, quando as torcidas rivais, em alusão racista à grande massa de torcedores negros e de baixa renda desse time (naquela época), começaram a chamá-los de “urubus”. Em um jogo entre Flamengo e Botafogo, pelo campeonato carioca de 1969, um grupo de torcedores decidiu levar um urubu ao Maracanã, enrolado a uma bandeira do time, que mediante as vaias dos torcedores do Botafogo gritando “urubu”, se assustou e voou sobre o gramado antes do jogo iniciar. Com a vitória do Flamengo por 2 a 1, quebrando o tabu de nove jogos sem vitória sobre o rival, o urubu passou a ser consagrado como mascote dos flamenguistas.

Importante destacar que o urubu é um animal silvestre e tem sua vida protegida pela lei de crimes ambientais (Lei Federal nº 9.605/98) e pela Constituição Federal, que veda atos de crueldade contra animais, incluindo tanto os silvestres quanto os domesticados ou domésticos, configurando dano ao meio ambiente. Portanto, matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com ela, é crime previsto na legislação ambiental sujeitando seus infratores à pena de seis meses a um ano de detenção e multa.  

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