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O PT é tetra!

13 de Novembro de 2014, por Bruno R. B. Florentino

No dia 26 de outubro os brasileiros foram às urnas para o segundo turno mais aguardado (e emocionante) da história pós-redemocratização. Com 54,3 milhões de votos, Dilma Rousseff (PT) foi reeleita Presidente da República. Aécio Neves (PSDB) obteve 50,9 milhões de votos. Sendo a menor diferença de votos dos últimos anos, o resultado final mostrou que ambos saíram fragilizados ao protagonizar a disputa mais acirrada e infrutífera dos últimos anos.

O que se viu, às vésperas da eleição, foi que as paixões ideológicas levaram o psiquismo de muitos eleitores e militantes a um estado de alucinação coletiva, onde pontes foram destruídas e amizades foram rompidas a troco de nada. Lamentavelmente, ambos os presidenciáveis contribuíram para criar a falsa compreensão de que a complexidade social, cultural, de classe, econômica e política está reduzida a um “nós contra eles”, o que apenas contribui para incitar o ódio de classe.

Aécio Neves, que passou de coadjuvante à protagonista em apenas um mês, por um lado, é o candidato tucano mais bem votado numa disputa de 2° turno; mas, por outro lado, carregará a amarga lembrança de ter sido duplamente derrotado em seu reduto eleitoral. A primeira, referente ao governo estadual, terá impactos diretos em sua trajetória política, pois os principais nomes do PSDB de Minas Gerais serão desacomodados e, assim, sua base de sustentação estará relativamente desarticulada nos próximos anos, dificultando uma próxima postulação à presidência da república.

Sobre a segunda derrota de Aécio, referente à presidência da república, vale relembrar que, no início da corrida presidencial, ele garantiu que iria destroçar qualquer adversário em solo mineiro, algo com 70% ou mais dos votos válidos. Todavia, as urnas não fizeram de suas palavras uma profecia e os mineiros, atualmente, demonstram maior inclinação ao Partido dos Trabalhadores.

A vitória de Dilma, por sua vez, também representa a vitória do PT, que com o próximo mandato completará 16 anos à frente de uma gigantesca potência mundial. Desde a volta da democracia, no Brasil, nenhuma outra força política alcançou este feito.

Entretanto, Dilma Rousseff sabe muito bem que as nuvens não são feitas de algodão e que, logo no primeiro ano de governo, deverá enfrentar tempos difíceis. Isto porque o horizonte apresenta alguns desafios que estão por vir: a retomada do crescimento com redução da inflação; o realinhamento dos preços da energia elétrica e da gasolina; a realização das reformas – fiscal, previdenciária e política – prometidas durante a campanha; o enfrentamento das denúncias de corrupção na Petrobrás; o investimento em infraestrutura e melhoria nos serviços públicos, com ênfase na saúde; além de outros eteceteras e diversos gargalos que impedem um avanço qualitativo do Brasil.

Outro grande desafio que a Presidente Dilma terá que lidar, com extrema habilidade política, que não é exatamente o seu ponto forte, será governar um país ávido por mudanças, ao lado de um Congresso sedento por benesses.

 

De todo modo, devemos desejar boa sorte ao novo governo de Dilma Rousseff. Desejamos, também, que a mesma adentre o território do diálogo e tenha a desenvoltura necessária para governar uma democracia complexa como a do Brasil.

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